— Ponto para o time da noiva! — Papai anunciou, não contendo a felicidade, torcia mais para nós do que para o time de Bruce.Os homens reclamões protestaram ao ver que acertamos mais um dos alvos com os dardos. Não que eu fosse uma das responsáveis pela vitória porque minha mira e coordenação para essas coisas era horrível, mas ganhamos, e assim conseguimos o prêmio, que seria exclusividade na casa noturna que eles haviam escolhido para fazer a despedida de solteiro do noivo. Seria as duas, no mesmo lugar, mas não no mesmo ambiente, e nós como ganhadoras ficamos com a área vip da Diamond Rare. Seria perfeito.— Tem planos para hoje a noite? — sussurrou em meu ouvido, me pegando de surpresa.Olhei para Travis por cima do ombro e fiquei tentada a beijar sua boca que estava tão próxima. Poderia fazer isso, certo? Já que ele era meu marido, não tinha impedimento nenhum.— Acho que vou voltar com o meu pai e descansar para não faltar ao serviço amanhã. Por quê?— Vou visitar a minha mã
“[...] Eu só queria que estivesse disponível pra mim, como sempre estive para você.” →7 dias antes do grande dia.Porra. Como era possível?Fazia muito tempo que não pisava os pés em Vancocker, cidade onde nasci, cresci e vivi boa parte da minha infância e adolescência, mas os anos que passei longe não mudaram merda nenhuma. Tudo era igualzinho, desde a cor das casas mais bonitas, às poucas pessoas caminhando felizes pelas ruas cercadas de árvores, e principalmente, a nossa árvore ainda estava esplêndida e intacta no parque.Achei que aceitaria muito bem a visita até lá, mas não foi bem assim quando comecei a me lembrar de tudo que me esforcei para esquecer. Desde as coisas que vivi com Travis, com Bruce e com Arian, até as lembranças da mulher que eu não via e não conversava há muito tempo. Juntar isso ao fato de que estava acompanhando Travis para ver sua família dissimulada, me levou a revirar sentimentos adormecidos dentro de mim, e por um momento eu só quis correr de volta pa
Quando a porta de madeira pesada foi aberta, o sorriso presente no rosto da mulher apenas aumentou. Havia um brilho diferente nos olhos de Janet Turner, algo que eu nunca reparei nas poucas vezes em que esbarrava com ela na cozinha de sua casa pelas manhãs de domingo. Felicidade transbordava nela. Mesmo com a faixa amarrada na cabeça demonstrando os efeitos colaterais da quimioterapia, e a pele mais pálida que o normal, a mulher não aparentava estar abalada, e isso provavelmente se devia ao fato de ter seus filhos ao seu lado, bom, julguei ser isso.— Olá, crianças, boa noite — desejou me puxando para um abraço de surpresa.Fiquei um tanto sem reação, mas retribui o afeto lhe desejando o mesmo, que nossa noite fosse boa. Quando ela me soltou ainda sorrindo, agarrou o filho e se manteve um bom tempo grudada nele.— Mãe, por favor, você é magrinha mas está me sufocando — protestou rindo.— Tudo bem, tudo bem — Se afastou, ajeitando o vestido bonito de veludo que lhe caía muito bem. —
— Eu não nego que a Terena sempre me fez bem, mas agora por que não paramos de falar sobre a minha vida pessoal para falarmos sobre a falta de relacionamentos de Lancer Turner? — Desviou o foco, sabendo que eu não estava totalmente confortável.O filho mais velho riu, negando com a cabeça enquanto seus pais ficaram observando o modo como os dois se davam tão bem.— Eu não vou entrar nesse sentimentalismo todo não. Todos os presentes aqui sabem que eu já me apaixonei um dia e que isso foi o meu maior pecado. Não vamos voltar a falar sobre as merdas que eu fiz por amar demais alguém.Merdas feitas por amar demais. Eu entendia bem isso. Será que era uma das coisas que vinham junto com o amor? Fazer merdas era normal para os amantes?— Você era jovem e impulsivo. Ter errado antes não faz com que isso seja um legado. É possível que se apaixone de novo e não faça nenhuma besteira — falou o pai deles.Travis só balançou a cabeça em concordância, e Janet ficou quieta como eu, apenas escutan
→6 dias antes do grande dia. Sabe aquelas cenas de filme que as coisas boas estão prestes a se iniciarem e então surge alguém, ou um problema do nada, e tudo vai por água abaixo? Bom, foi o que aconteceu.Travis e eu íamos nos beijar, faltava pouquíssimos centímetros, até que o meu celular tocou, e se não fosse pela música que Louise escolheu como toque, eu não teria atendido, mas atendi por saber que era ela, e entrei em alerta assim que ouvi sua voz chorosa do outro lado da linha.O problema?Bruce sumiu, deixando apenas um bilhete dizendo que precisava esfriar a cabeça e que não era para ela esperar sua volta tão cedo.Filho de uma puta!Bruce tinha problemas mentais, não era possível. Fazer isso com Louise foi insanidade pura, eu teria que pedir ajuda a um hospital psiquiátrico para tratar aquela cabeça desmiolada.Sendo assim, tinha uma missão, que se iniciou no momento em que peguei minha bolsa e saí para fora da casa dos Turner sem desligar o aparelho celular, acalmando a jo
— Terena? Olhei para Travis que se aproximou ainda de braços cruzados, ainda mais bravo se é que era possível. — Ele não está bem, porra! Quer que eu fale o quê? Não tem nada pra ser dito. Não tenho nada pra falar agora — gritei, talvez. Nem sabia mais em qual nível de estresse eu estava. — Para de mentir, porra. Para! — Se levantou do nada, me fazendo tombar o corpo para trás e sentar sobre meus pés, ainda ajoelhada. Bruce saiu meio zonzo, dando passos pra lá e pra cá. Estava completamente fora de si. — Se não quer mais mentiras, me fala logo, Bruce. Me diz que caralho eu preciso saber? — Não! Isso não é hora, Travis — praticamente implorei, agora quase sem voz e sem força alguma para me levantar. Não era por isso que Bruce estava atordoado. Não podia ser. — Fui eu, Travis. O motivo pelo qual a Terena foi embora naquela noite, fui eu — confessou estufando o peito. — Eu mandei ela parar. Eu descobri tudo. Eu mandei ela escolher. Fui eu. Eu fiz ela decidir… ou eu, ou você. Lóg
→11 anos antes.Ele saiu.Bruce saiu e me deixou chorando sozinha, com o peso de uma decisão que eu jamais conseguiria tomar.Como escolher entre sua amizade e o amor de Travis?Impossível.Bem no fundo eu sempre soube que ele ia acabar descobrindo e não seria por nós, mas sim por conta própria, e foi o que aconteceu. Ele juntou todos os nossos sumiços e todas as desculpas esfarrapadas. Ele soube que eu e Travis estávamos juntos e que eu o amava, mais do que qualquer outro que já fui capaz de alimentar algum sentimento. Só que descobrir isso não lhe dava o direito de me colocar contra a parede e me fazer escolher. Eu amava tanto os dois, em uma intensidade fora do comum. Bruce me salvou de um monstro, me salvou da morte, e Travis me salvou da infelicidade, trouxe paz para os meus dias, transformou eles em segundos, minutos e horas felizes. Não podia escolher, não tinha como fazer isso.Solucei entre o choro mais uma vez, sentindo minhas lágrimas molhando todo o rosto e pingando
→6 dias antes do grande dia.O choro cessou. O tempo pareceu congelar.Tudo de novo, mais uma vez eu revivendo tudo aquilo.Aquela foi uma péssima noite, talvez a pior de toda a minha vida. Não era para contar, ninguém deveria saber, inclusive Bruce e Travis, eles com certeza não tinham que saber de nada, mas eu contei, eu abri minha boca e falei toda a verdade sobre o dia da minha partida. Não podia mais continuar vivendo para isso, sempre brigando ou debatendo por causa da minha fuga, pelos motivos que me levaram a sair da cidade.Cada um deles tinha um ponto de vista sobre, mas a verdade é que só eu e minha mãe sabíamos o real motivo. Naquela noite ela me mandou embora, não por eu ter batido no namoradinho dela, não por eu ter sido violenta, não só por ela não me amar, mas porque ela cansou de me ter ali, porque não queria mais que eu fizesse parte da sua vidinha medíocre. Ela me mandou embora e eu juntei todos os fatos, sabendo que jamais conseguiria me afastar de Bruce, assim