RUBY PORTMANGiullia chamou todos para o jantar, anunciando que a comida estava pronta. Ela se virou para mim e pediu — mandou — para eu colocar a mesa. Respirei fundo, tentando conter a irritação que começava a borbulhar dentro de mim.— Você pode me ajudar a colocar a mesa? — Olhei para Harry com um sorriso falso, dizendo com uma voz mansa e cheia de sarcasmo.— Oh, ele é o convidado, Ruby, não precisa… — Minha mãe, sempre a anfitriã perfeita, tentou intervir.Mas Isabella, minha madrinha, interrompeu Giullia com uma cotovelada discreta, sorrindo de maneira quase conspiratória.— Vamos, Giullia, me acompanhe até o carro. Esqueci a sobremesa lá — disse Isabella, deixando claro que o assunto estava encerrado.Não vou esquecer de agradecer a minha madrinha.Harry e eu nos dirigimos à cozinha. Eu estava fervendo por dentro, com a cabeça cheia de perguntas e a mente confusa sobre a presença dele aqui. Assim que entramos na cozinha, fechei a porta e me virei para ele, tentando manter a vo
HARRY RADCLIFFEEram 4h da manhã e eu estava acordado, olhando a vista panorâmica de Nova Iorque pela parede de vidro do meu apartamento. As luzes da cidade cintilavam, refletindo a grandiosidade e o caos que ela sempre representava. O Ano Novo tinha acabado de ser celebrado, mas eu havia decidido passar a noite sozinho. Minha família já havia voltado para suas respectivas casas. O Natal e a ceia eu podia suportar, mas uma data festiva a mais seria insuportável. A ideia de mais uma noite fingindo felicidade era tortura pura, então preferi o silêncio.Com um copo de uísque na mão, olhei para a cidade abaixo, refletindo sobre os desastres que haviam se acumulado na minha vida. Cada gole era uma tentativa falha de apagar as memórias, de silenciar as vozes que me perseguiam. Eu estava acostumado com a solidão, mas, naquela noite, ela parecia mais densa, mais sufocante. Tudo o que restava era o som do gelo tilintando contra o vidro.Enquanto tomava outro gole, senti meu celular vibrar no
HARRY RADCLIFFE— Harry — a voz de Herodes soou do outro lado, direta e irritada. — Por que você vai sair do país sem me avisar? Já não havíamos combinado de…— Herodes — interrompi, meu tom seco. — Desde quando eu preciso da sua autorização para sair do país? Por acaso esqueceu que não sou mais uma criança?A resposta de Herodes veio afiada, como sempre. — Você sabe que não se trata disso. Estamos em um momento delicado, e eu preciso saber onde você está e o que está fazendo.Ri sem humor, sentindo a pouca paciência que eu tinha começar a sumir.— Ah, sim, um momento delicado — repeti, sarcástico. — Como o fato de terem invadido o túmulo de minha mãe, talvez? Ou isso não conta como algo importante para você?Houve um momento de silêncio do outro lado da linha, mas eu sabia que Herodes não ficaria calado por muito tempo. — Não jogue esse assunto na minha cara, Harry. Eu já estou cuidando disso.— Está mesmo? — questionei , minha voz cheia de veneno. — Porque até onde sei, o seu inve
HARRY RADCLIFFEEu estava andando por um campo vasto, o sol se pondo no horizonte, tingindo o céu com tons de laranja e vermelho. O lugar era familiar, mas ao mesmo tempo estranho, como se pertencesse a uma memória que eu não conseguia exatamente identificar. O vento soprava suave, trazendo consigo o cheiro doce de flores que eu reconhecia como sendo do jardim da casa da casa da vizinha da minha avó. Era uma lembrança da qual eu não me permitia pensar frequentemente, mas ali estava, nítida e real.Caminhei mais um pouco e vi, ao longe, uma figura sentada em um balanço de madeira, debaixo de uma árvore frondosa. Meu coração se apertou ao reconhecer quem era. Íris, com seus longos cabelos castanhos caindo em cachos pelo rosto, balançava-se levemente, olhando para mim com um sorriso que eu conhecia tão bem. Ela parecia tão viva, tão real, como se os anos que nos separavam não tivessem existido.— Íris! — Chamei, a voz saindo rouca, como se algo dentro de mim soubesse que aquilo não era p
RUBY PORTMANEstava no meu quarto, cercada por roupas espalhadas pela cama e pelo chão, tentando decidir o que deveria guardar e o que deveria levar de volta para Nova Iorque. A mala aberta no canto ainda precisava ser organizada, e o meu armário parecia mais caótico do que nunca. Enquanto dobrava um suéter de lã, a voz de Sophia soava alta pelo alto-falante do meu celular, que estava equilibrado precariamente na penteadeira.— Você é uma péssima amiga — comecei, brincando. — Eu estava desesperada e você nem ao menos tentou me ajudar!Do outro lado da linha, Sophia soltou um suspiro exagerado, claramente dramatizando.— Ruby, pelo amor de Deus, eram 5h da manhã nos Estados Unidos! Eu estava cheia de sono, e tudo o que você disse foi que Harry estaria na Itália às 14h. O que eu poderia fazer, afinal?Ri, não conseguindo esconder o quanto aquela resposta era típica de Sophia. Ela tinha razão, claro, mas isso não impedia que eu reclamasse.— Ok, você tem um ponto — admiti, enquanto dobra
RUBY PORTMANDepois de encerrar a conversa com Sophia, olhei ao redor do meu quarto e finalmente senti uma sensação de alívio. As roupas estavam dobradas e organizadas, as malas prontas e o caos que dominava o espaço horas antes estava, finalmente, sob controle. Respirei fundo, satisfeita com a ordem que consegui criar.Com a sensação de dever cumprido, desci as escadas em direção à cozinha, onde o cheiro familiar de café fresco e torradas me recebeu calorosamente. A casa estava silenciosa, o que era um alívio depois de todas as emoções da noite anterior. Meus pais provavelmente ainda estavam dormindo, recuperando-se da animação do jantar com Harry.Eu quase sorri ao lembrar do entusiasmo de Giullia e do comportamento irritante de Harry Radcliffe. Ele realmente sabia como mexer comigo, e era exatamente isso que me deixava tão desconcertada.Ao chegar à cozinha, preparei uma xícara de café forte, exatamente do jeito que gostava, e coloquei duas fatias de pão na torradeira. Enquanto o c
HARRY RADCLIFFEA luz da manhã invadia a penthouse que eu havia alugado, refletindo na neve que cobria a cidade. A paisagem era de uma beleza fria e imaculada, como se o tempo houvesse parado sob aquele manto branco. Estava de pé, ainda com a toalha enrolada na cintura e o cabelo úmido do banho, observando a cidade através das enormes janelas. A vista era deslumbrante, mas minha mente estava em outro lugar, planejando os próximos passos do dia.Senti uma satisfação silenciosa ao lembrar que Ruby havia aceitado meu convite para almoçar. Depois do jantar na casa dela ontem, soube que precisava fazer algo especial. Não era apenas para impressioná-la, mas também para criar um momento que fosse inesquecível, algo que a tirasse de sua zona de conforto e também que a deixasse um pouco mais deslumbrada.O restaurante que escolhi era o "Le Cirque des Rêves," um lugar que eu descobri pouco tempo depois de chegar à Itália. Era um restaurante exclusivo, conhecido por sua atmosfera exótica e quase
HARRY RADCLIFFEEu estava encostado no carro, esperando, quando a porta da casa da família da minha secretária finalmente se abriu. Ruby estava deslumbrante, mais do que eu havia imaginado. Ela vestia uma blusa de seda azul-marinho que realçava os seus olhos e uma calça preta de corte elegante que destacava muito bem as suas curvas de maneira sutil e sofisticada. Um casaco de lã cinza-claro, ajustado perfeitamente à sua silhueta, a envolvia, oferecendo proteção contra o frio. Nos pés, botas de couro pretas, simples, mas elegantes, completavam o conjunto.Por um momento, fiquei em silêncio, apenas a observando descer os degraus da entrada. Ela parecia etérea, como se pertencesse a um cenário de inverno cinematográfico, o contraste entre a pele pálida e as cores profundas da sua roupa, acentuando a sua beleza natural. — Humm… — Comecei, deixando um sorriso malicioso se formar no meu rosto. — Você está… impressionante, devo dizer. Ela corou ligeiramente, desviando o olhar por um segu