RUBY PORTMANEu ouvia Sienna batendo na porta do banheiro, perguntando se estava tudo bem comigo. Meu coração estava disparado e as minhas mãos tremiam enquanto digitava desesperadamente uma mensagem para Sophia. Eu reencaminhava a mensagem que havia mandado para Harry, esperando que Sophia pudesse me dar algum conselho. Eu estava fodida, muito muito fodida. A vontade que eu tinha era de bater a minha cabeça contra a parede.Isso também seria a minha promessa para nunca mais voltar a colocar uma gota de álcool na boca.Sophia estava demorando muito para responder minhas mensagens e isso só aumentava o meu desespero por ajuda. Decidi ligar para ela, mesmo sabendo que nos Estados Unidos ainda eram 5h da manhã.Quando Sophia atendeu, já começou a ralhar comigo por ligar tão cedo.— Ruby, você tem ideia de que horas são aqui? — disse ela, com a voz ainda sonolenta. — Desculpa, Sophia, mas estou desesperada! — Comecei a explicar tudo de um jeito embolado, tentando resumir o que havia aco
RUBY PORTMANPassei o dia inteiro fora com Sienna, tentando me distrair das loucuras da noite anterior. Almoçamos em um restaurante charmoso, e, apesar de eu realmente querer relaxar, não conseguia parar de olhar para o celular. Esperava desesperadamente por uma mensagem de Harry, mas o aparelho permaneceu em silêncio absoluto. Decidi não mandar mais nenhuma mensagem, achando que seria melhor assim. Talvez eu tivesse exagerado, e o silêncio dele fosse a resposta que eu precisava.No final da tarde, por volta das cinco horas, o céu já estava escuro, e decidimos voltar para casa. O ar estava fresco, e as luzes de Natal nas casas ao longo do caminho começavam a brilhar, elas só seriam realmente tiradas dentro de uma semana ou duas. Minha amiga dirigia calmamente, e o som da música baixa no carro criava um ambiente tranquilo. E então, de repente, ela perguntou despretensiosamente sobre meu chefe.— Então, você conseguiu falar com o chefe? Ele chegou? Irão se encontrar? — Ela questionou,
RUBY PORTMANMinha mãe repetiu a pergunta, com um olhar interrogativo que conhecia muito bem.— Quem é esse homem, Ruby Portman? — Engoli em seco, sentindo o peso do momento.Sabia o quanto minha mãe podia ser casamenteira, e a última coisa que queria era dar margem para ela fazer algum comentário sugerindo algo entre mim e Harry. Embora, de fato, eu já conhecesse a cama dele, mas essa informação não era algo que minha família precisava saber.Olhei para Harry, procurando alguma ajuda ou sinal do que ele pretendia. Ele estava ao meu lado, com aquele olhar prepotente e um leve sorriso nos lábios, claramente se divertindo com a situação. Ele esperava minha resposta, quase como se estivesse desafiando-me a lidar com aquilo. Senti uma onda de irritação, sabendo que ele estava jogando baixo.Crispei os olhos para ele e então me virei novamente para minha família.— Ele é meu chefe — anunciei, tentando manter a voz firme e casual.Meu pai, Anthony, levantou uma sobrancelha, surpreso.— Seu
RUBY PORTMANGiullia chamou todos para o jantar, anunciando que a comida estava pronta. Ela se virou para mim e pediu — mandou — para eu colocar a mesa. Respirei fundo, tentando conter a irritação que começava a borbulhar dentro de mim.— Você pode me ajudar a colocar a mesa? — Olhei para Harry com um sorriso falso, dizendo com uma voz mansa e cheia de sarcasmo.— Oh, ele é o convidado, Ruby, não precisa… — Minha mãe, sempre a anfitriã perfeita, tentou intervir.Mas Isabella, minha madrinha, interrompeu Giullia com uma cotovelada discreta, sorrindo de maneira quase conspiratória.— Vamos, Giullia, me acompanhe até o carro. Esqueci a sobremesa lá — disse Isabella, deixando claro que o assunto estava encerrado.Não vou esquecer de agradecer a minha madrinha.Harry e eu nos dirigimos à cozinha. Eu estava fervendo por dentro, com a cabeça cheia de perguntas e a mente confusa sobre a presença dele aqui. Assim que entramos na cozinha, fechei a porta e me virei para ele, tentando manter a vo
HARRY RADCLIFFEEram 4h da manhã e eu estava acordado, olhando a vista panorâmica de Nova Iorque pela parede de vidro do meu apartamento. As luzes da cidade cintilavam, refletindo a grandiosidade e o caos que ela sempre representava. O Ano Novo tinha acabado de ser celebrado, mas eu havia decidido passar a noite sozinho. Minha família já havia voltado para suas respectivas casas. O Natal e a ceia eu podia suportar, mas uma data festiva a mais seria insuportável. A ideia de mais uma noite fingindo felicidade era tortura pura, então preferi o silêncio.Com um copo de uísque na mão, olhei para a cidade abaixo, refletindo sobre os desastres que haviam se acumulado na minha vida. Cada gole era uma tentativa falha de apagar as memórias, de silenciar as vozes que me perseguiam. Eu estava acostumado com a solidão, mas, naquela noite, ela parecia mais densa, mais sufocante. Tudo o que restava era o som do gelo tilintando contra o vidro.Enquanto tomava outro gole, senti meu celular vibrar no
HARRY RADCLIFFE— Harry — a voz de Herodes soou do outro lado, direta e irritada. — Por que você vai sair do país sem me avisar? Já não havíamos combinado de…— Herodes — interrompi, meu tom seco. — Desde quando eu preciso da sua autorização para sair do país? Por acaso esqueceu que não sou mais uma criança?A resposta de Herodes veio afiada, como sempre. — Você sabe que não se trata disso. Estamos em um momento delicado, e eu preciso saber onde você está e o que está fazendo.Ri sem humor, sentindo a pouca paciência que eu tinha começar a sumir.— Ah, sim, um momento delicado — repeti, sarcástico. — Como o fato de terem invadido o túmulo de minha mãe, talvez? Ou isso não conta como algo importante para você?Houve um momento de silêncio do outro lado da linha, mas eu sabia que Herodes não ficaria calado por muito tempo. — Não jogue esse assunto na minha cara, Harry. Eu já estou cuidando disso.— Está mesmo? — questionei , minha voz cheia de veneno. — Porque até onde sei, o seu inve
HARRY RADCLIFFEEu estava andando por um campo vasto, o sol se pondo no horizonte, tingindo o céu com tons de laranja e vermelho. O lugar era familiar, mas ao mesmo tempo estranho, como se pertencesse a uma memória que eu não conseguia exatamente identificar. O vento soprava suave, trazendo consigo o cheiro doce de flores que eu reconhecia como sendo do jardim da casa da casa da vizinha da minha avó. Era uma lembrança da qual eu não me permitia pensar frequentemente, mas ali estava, nítida e real.Caminhei mais um pouco e vi, ao longe, uma figura sentada em um balanço de madeira, debaixo de uma árvore frondosa. Meu coração se apertou ao reconhecer quem era. Íris, com seus longos cabelos castanhos caindo em cachos pelo rosto, balançava-se levemente, olhando para mim com um sorriso que eu conhecia tão bem. Ela parecia tão viva, tão real, como se os anos que nos separavam não tivessem existido.— Íris! — Chamei, a voz saindo rouca, como se algo dentro de mim soubesse que aquilo não era p
RUBY PORTMANEstava no meu quarto, cercada por roupas espalhadas pela cama e pelo chão, tentando decidir o que deveria guardar e o que deveria levar de volta para Nova Iorque. A mala aberta no canto ainda precisava ser organizada, e o meu armário parecia mais caótico do que nunca. Enquanto dobrava um suéter de lã, a voz de Sophia soava alta pelo alto-falante do meu celular, que estava equilibrado precariamente na penteadeira.— Você é uma péssima amiga — comecei, brincando. — Eu estava desesperada e você nem ao menos tentou me ajudar!Do outro lado da linha, Sophia soltou um suspiro exagerado, claramente dramatizando.— Ruby, pelo amor de Deus, eram 5h da manhã nos Estados Unidos! Eu estava cheia de sono, e tudo o que você disse foi que Harry estaria na Itália às 14h. O que eu poderia fazer, afinal?Ri, não conseguindo esconder o quanto aquela resposta era típica de Sophia. Ela tinha razão, claro, mas isso não impedia que eu reclamasse.— Ok, você tem um ponto — admiti, enquanto dobra