“Junqueira”Eu estava sentado planejando qual seria o meu próximo passo quando estivesse com o rebento Mellendez nas mãos. Eu estava muito animado! Mas aí ouvi a porta abrir e fechar depressa e aquele mentecapto do Kauã entrou afobado.- Malvadeza, fudeu geral! – Kauã estava apavorado.- O que foi, porra? Qual a merda que vocês fizeram agora? – Levantei de um pulo da poltrona. – Cadê aquela sua amiguinha com o bebê?- Então, Malvadeza, o lance flopou! – Kauã me olhava agoniado.- Hein?! – perguntei sem entender.- É, Malvadeza, deu zika, melou, deu ruim, deu errado, não deu certo, carai! – Meu senhor o vocabulário do Kauã era um atentado a língua portuguesa!- O quê exatamente deu errado, seu imprestável? – Falei enquanto caminhava em sua direção.- Assim, a Elisa pegou o chorãozinho. Aí veio um segurança atrás dela e eu acertei a cabeça dele com um pedaço de madeira. Aí a gente se separou, porque a Elisa achou que ia chamar menos atenção. Aí nenhuma porta do hospital abria e começara
Já tinha uma semana que eu estava em casa com meus bebês, depois de tudo o que aconteceu no hospital eu fiquei com medo de sair com eles, então o Dr. Molina passava em casa todos os dias para vê-los. Eles estavam bem e se desenvolviam normalmente.Alessandro contratou duas babás indicadas pela Lygia para nos ajudar. Meus pais já tinham voltado para Campanário e nós estávamos estabelecendo uma rotina. O Pedro era só alegria e amor com os irmãozinhos e todas as noites nossos amigos vinham para o jantar e ficar com os afilhados.- Olha só, eu acho um absurdo que vocês já tenham escolhido o Flávio para ser padrinho do Santiago. E nós aqui ainda estamos no suspense. – Patrício reclamou.- Não sei do que você está reclamando, Patrício. Pelo menos você vai ter um. E eu? – Melissa continuava fazendo drama.- Ô, minha psicopata preferida, você já tem o Pedro! – Alessandro a lembrou.- Eu sei, palhaço! E eu amo muito meu pequeno! – Melissa estava com o Pedro no colo e o encheu de beijos o fazen
“Cláudio”Eu já estou preso há meses, mas o tempo aqui dentro passa diferente, ele se arrasta e parece que eu estou aqui há anos. É o dia todo na tranca, sem fazer nada, a única hora que a gente sai é no banho de sol, uma horinha dia sim dia não, e na visita. Aquela chata da Kelly está vindo me visitar uma vez por mês, agora eu vou ter que suportá-la, porque não dá pra tirar cadeia sem ter visita.Na primeira visita que ela veio estava atacada, cheia de cobrança porque tinha ficado sabendo que eu estava de caso com a Celeste. Me custou muito acalmá-la, mas no fim ela engoliu que eu fui fraco e seduzido, mas que não se repetiria. Eu já estava até acostumado, desde que me casei com ela, sempre que ele descobria uma das minhas escorregadas era o mesmo drama, mas no final eu a convencia de que tinha sido um errinho de nada.Nosso filho nasceu na semana em que eu fui preso e ela já trouxe o moleque pra eu conhecer. Falei pra ela não trazer mais, isso aqui não é lugar pra criança e exigi qu
Bonfim ligou e avisou que havia marcado meu encontro com o Cláudio para o dia seguinte à tarde. Explicou que faria isso na delegacia para aproveitar e pegar o depoimento do Cláudio de uma vez, além se ser um ambiente um pouco melhor pra mim.No dia seguinte, na hora marcada, eu estava lá, acompanhada do meu marido e de alguns seguranças. Bonfim nos levou para a sua sala e pediu que aguardássemos lá. Pouco depois voltou, com mais dois policiais trazendo o Cláudio.Cláudio estava com a barba por fazer e cabelos raspados. Usava o uniforme do sistema prisional e no meio daqueles policiais parecia muito pequeno, mas mesmo estando na pior situação possível, ainda tinha um sorrisinho cínico na cara.- Algema ele aí. – Bonfim mandou e os policiais colocaram o Cláudio sentado numa cadeira no canto e passaram a algema por dentro de um tubo na parede que parecia um corrimão.- Então, Sr. Cláudio, o senhor queria falar com a Sra. Mellendez, ela está aqui. – Bonfim falou.- Sra. Mellendez, que imp
Ficamos na delegacia por umas quatro horas. O Cláudio falou com a mãe, que chorava muito e pediu que o filho confessasse todos os seus crimes e colaborasse com a polícia. Ela me pediu perdão pelo que o filho fez e lamentou muito que ele não tivesse seguido pelo bom caminho como ela sempre tentou mostrar a ele. No fim, meu marido ficou até comovido com aquela mulher e disse que ficava tranqüilo em poder oferecer um tratamento de saúde melhor para ela.O Cláudio tinha muita coisa pra contar. Começou contando que conheceu o Junqueira através de um amigo de Campanário que veio morar em Porto Paraíso logo que fez dezoito anos. Ele não sabia como o amigo conhecia o Junqueira e nunca se interessou por perguntar. Deu as informações sobre o tal amigo, que se chama Kauã Capiberibe, e onde poderia ser encontrado.Cláudio disse que conheceu o Junqueira três meses antes do acidente de helicóptero que matou os pais do Alessandro e que Junqueira o pagou um bom dinheiro para sabotar o helicóptero, in
Quando chegamos em casa eu estava cansada e morrendo de saudade dos meus filhos. Pedro tagarelou por um bom tempo contando como ajudou a cuidar dos irmãozinhos e que eles agora estavam dormindo de barriguinha cheia.Fui pra cama sentindo uma pontada na cabeça e tive um sono muito agitado, não por cuidar dos bebês, na verdade eles eram muito calmos e o Alessandro era um pai maravilhoso, acordava a noite e me ajudava a trocá-los e a alimentá-los. Mas eu tive pesadelos desconexos e estava com uma sensação de medo que não desaparecia.Acordei bem cedo e com uma terrível dor de cabeça, talvez pelo dia anterior agitado, mas minha cabeça doía muito. Passei no quarto dos meus filhos e estavam dormindo, assim como o Pedro. Então fui pra cozinha tomar um café antes de engolir os comprimidos pra dor.Eu estava na cozinha com a Lygia, quando ouvimos o baque de algo caindo na sala e fomos olhar. Quando cheguei na sala eu me arrepiei inteira de medo. O Junqueira estava de pé no meio da sala apontan
Junqueira foi empurrando o Alessandro rumo ao escritório e lágrimas caíam do meu rosto. Assim que eles saíram da sala, o trinco da maçaneta se moveu levemente e o Matias entrou fazendo sinal para que ficássemos em silêncio.- Senhora, me perdoe. – Matias falava baixinho. – Eu não sei como ele entrou, mas nós vamos resolver. Por favor, subam em silêncio, sem fazer barulho e cuidem das crianças. Meus homens vão proteger vocês. A polícia já está a caminho.- O Alessandro, Matias. Ele vai matar o Alessandro. – Eu estava desesperada.- Eu prometo para a senhora que não vai. Mas, por favor, preciso que vocês fiquem em segurança. Eu não vou falhar de novo. – Matias me ajudou a me levantar.- Não foi sua culpa, Matias. – A babá que estava sob a mira do Junqueira quando cheguei a sala falou baixinho. – Me perdoa, Catarina, mas ele colocou a arma na minha cabeça quando eu estava saindo de casa e se escondeu no banco de trás do meu carro. Me perdoa, eu devia ter deixado ele me matar!- De jeito
Eu estava com a cabeça baixa, segurando a mão do meu marido que ainda não tinha acordado, mesmo trinta e seis horas depois da cirurgia. O médico tinha acabado de me dizer que ele estava estável e só nos restava aguardar, quando senti sua mão apertar levemente a minha. Ergui a cabeça e olhei imediatamente pra ele, vendo aquele par de olhos violeta me iluminarem novamente.- Alessandro, meu amor! Até que enfim... – Sorri pra ele. – Vou chamar o médico, não se mexa e não tire nada do lugar.Fui até o balcão dos enfermeiros que ficava em frente ao leito de UTI em que meu marido e estava, avisei que ele havia acordado e voltei correndo para ficar ao seu lado.- Meu amor, eu tive tanto medo. – Falei segurando outra vez sua mão.- Quer dizer que o paciente mais visitado desse hospital acordou. – Dr. Estênio entrou sorrindo e se apresentou para ele. – Alessandro, você está no hospital porque foi baleado. Vou te examinar, faça o que eu disser, por favor.O médico fez uma avaliação básica de fo