“Delegado Flávio Moreno”Estava ali no primeiro andar olhando de um lado para o outro. Vi, pelo canto do olho, uma mulher entrar no banheiro feminino, não vi de onde ela saiu. Eu estava tão estressado que agi por instinto, chamei a policial Renata que me acompanhava e pedi para ir ao banheiro e verificar a mulher. Fiquei na porta. Ouvi um estrondo e entrei a tempo de ver a policial sentada sobre a mulher no chão a algemando.- Delegado, é a mulher do vídeo de segurança. – Renata falou puxando a mulher para ficar de pé. – Está sem o uniforme e o jaleco de enfermeira, mas é ela.- Eu não sei do que essa louca está falando! – A mulher gritou.- Ah, mas vai se lembrar! – A encostei contra a parede e coloquei minha arma na cabeça dela. – Sabe o que vai acontecer, você vai me dizer onde está o bebê que você seqüestrou e vai me dizer agora, se não, eu vou decorar as paredes desse banheiro com o seu cérebro e dizer que você atacou uma policial. Então, vagabunda, cadê o bebê.A mulher tremeu d
“Junqueira”Eu estava sentado planejando qual seria o meu próximo passo quando estivesse com o rebento Mellendez nas mãos. Eu estava muito animado! Mas aí ouvi a porta abrir e fechar depressa e aquele mentecapto do Kauã entrou afobado.- Malvadeza, fudeu geral! – Kauã estava apavorado.- O que foi, porra? Qual a merda que vocês fizeram agora? – Levantei de um pulo da poltrona. – Cadê aquela sua amiguinha com o bebê?- Então, Malvadeza, o lance flopou! – Kauã me olhava agoniado.- Hein?! – perguntei sem entender.- É, Malvadeza, deu zika, melou, deu ruim, deu errado, não deu certo, carai! – Meu senhor o vocabulário do Kauã era um atentado a língua portuguesa!- O quê exatamente deu errado, seu imprestável? – Falei enquanto caminhava em sua direção.- Assim, a Elisa pegou o chorãozinho. Aí veio um segurança atrás dela e eu acertei a cabeça dele com um pedaço de madeira. Aí a gente se separou, porque a Elisa achou que ia chamar menos atenção. Aí nenhuma porta do hospital abria e começara
Já tinha uma semana que eu estava em casa com meus bebês, depois de tudo o que aconteceu no hospital eu fiquei com medo de sair com eles, então o Dr. Molina passava em casa todos os dias para vê-los. Eles estavam bem e se desenvolviam normalmente.Alessandro contratou duas babás indicadas pela Lygia para nos ajudar. Meus pais já tinham voltado para Campanário e nós estávamos estabelecendo uma rotina. O Pedro era só alegria e amor com os irmãozinhos e todas as noites nossos amigos vinham para o jantar e ficar com os afilhados.- Olha só, eu acho um absurdo que vocês já tenham escolhido o Flávio para ser padrinho do Santiago. E nós aqui ainda estamos no suspense. – Patrício reclamou.- Não sei do que você está reclamando, Patrício. Pelo menos você vai ter um. E eu? – Melissa continuava fazendo drama.- Ô, minha psicopata preferida, você já tem o Pedro! – Alessandro a lembrou.- Eu sei, palhaço! E eu amo muito meu pequeno! – Melissa estava com o Pedro no colo e o encheu de beijos o fazen
“Cláudio”Eu já estou preso há meses, mas o tempo aqui dentro passa diferente, ele se arrasta e parece que eu estou aqui há anos. É o dia todo na tranca, sem fazer nada, a única hora que a gente sai é no banho de sol, uma horinha dia sim dia não, e na visita. Aquela chata da Kelly está vindo me visitar uma vez por mês, agora eu vou ter que suportá-la, porque não dá pra tirar cadeia sem ter visita.Na primeira visita que ela veio estava atacada, cheia de cobrança porque tinha ficado sabendo que eu estava de caso com a Celeste. Me custou muito acalmá-la, mas no fim ela engoliu que eu fui fraco e seduzido, mas que não se repetiria. Eu já estava até acostumado, desde que me casei com ela, sempre que ele descobria uma das minhas escorregadas era o mesmo drama, mas no final eu a convencia de que tinha sido um errinho de nada.Nosso filho nasceu na semana em que eu fui preso e ela já trouxe o moleque pra eu conhecer. Falei pra ela não trazer mais, isso aqui não é lugar pra criança e exigi qu
Bonfim ligou e avisou que havia marcado meu encontro com o Cláudio para o dia seguinte à tarde. Explicou que faria isso na delegacia para aproveitar e pegar o depoimento do Cláudio de uma vez, além se ser um ambiente um pouco melhor pra mim.No dia seguinte, na hora marcada, eu estava lá, acompanhada do meu marido e de alguns seguranças. Bonfim nos levou para a sua sala e pediu que aguardássemos lá. Pouco depois voltou, com mais dois policiais trazendo o Cláudio.Cláudio estava com a barba por fazer e cabelos raspados. Usava o uniforme do sistema prisional e no meio daqueles policiais parecia muito pequeno, mas mesmo estando na pior situação possível, ainda tinha um sorrisinho cínico na cara.- Algema ele aí. – Bonfim mandou e os policiais colocaram o Cláudio sentado numa cadeira no canto e passaram a algema por dentro de um tubo na parede que parecia um corrimão.- Então, Sr. Cláudio, o senhor queria falar com a Sra. Mellendez, ela está aqui. – Bonfim falou.- Sra. Mellendez, que imp
Ficamos na delegacia por umas quatro horas. O Cláudio falou com a mãe, que chorava muito e pediu que o filho confessasse todos os seus crimes e colaborasse com a polícia. Ela me pediu perdão pelo que o filho fez e lamentou muito que ele não tivesse seguido pelo bom caminho como ela sempre tentou mostrar a ele. No fim, meu marido ficou até comovido com aquela mulher e disse que ficava tranqüilo em poder oferecer um tratamento de saúde melhor para ela.O Cláudio tinha muita coisa pra contar. Começou contando que conheceu o Junqueira através de um amigo de Campanário que veio morar em Porto Paraíso logo que fez dezoito anos. Ele não sabia como o amigo conhecia o Junqueira e nunca se interessou por perguntar. Deu as informações sobre o tal amigo, que se chama Kauã Capiberibe, e onde poderia ser encontrado.Cláudio disse que conheceu o Junqueira três meses antes do acidente de helicóptero que matou os pais do Alessandro e que Junqueira o pagou um bom dinheiro para sabotar o helicóptero, in
Quando chegamos em casa eu estava cansada e morrendo de saudade dos meus filhos. Pedro tagarelou por um bom tempo contando como ajudou a cuidar dos irmãozinhos e que eles agora estavam dormindo de barriguinha cheia.Fui pra cama sentindo uma pontada na cabeça e tive um sono muito agitado, não por cuidar dos bebês, na verdade eles eram muito calmos e o Alessandro era um pai maravilhoso, acordava a noite e me ajudava a trocá-los e a alimentá-los. Mas eu tive pesadelos desconexos e estava com uma sensação de medo que não desaparecia.Acordei bem cedo e com uma terrível dor de cabeça, talvez pelo dia anterior agitado, mas minha cabeça doía muito. Passei no quarto dos meus filhos e estavam dormindo, assim como o Pedro. Então fui pra cozinha tomar um café antes de engolir os comprimidos pra dor.Eu estava na cozinha com a Lygia, quando ouvimos o baque de algo caindo na sala e fomos olhar. Quando cheguei na sala eu me arrepiei inteira de medo. O Junqueira estava de pé no meio da sala apontan
Junqueira foi empurrando o Alessandro rumo ao escritório e lágrimas caíam do meu rosto. Assim que eles saíram da sala, o trinco da maçaneta se moveu levemente e o Matias entrou fazendo sinal para que ficássemos em silêncio.- Senhora, me perdoe. – Matias falava baixinho. – Eu não sei como ele entrou, mas nós vamos resolver. Por favor, subam em silêncio, sem fazer barulho e cuidem das crianças. Meus homens vão proteger vocês. A polícia já está a caminho.- O Alessandro, Matias. Ele vai matar o Alessandro. – Eu estava desesperada.- Eu prometo para a senhora que não vai. Mas, por favor, preciso que vocês fiquem em segurança. Eu não vou falhar de novo. – Matias me ajudou a me levantar.- Não foi sua culpa, Matias. – A babá que estava sob a mira do Junqueira quando cheguei a sala falou baixinho. – Me perdoa, Catarina, mas ele colocou a arma na minha cabeça quando eu estava saindo de casa e se escondeu no banco de trás do meu carro. Me perdoa, eu devia ter deixado ele me matar!- De jeito