“Manuela”Acordei dentro de um carro, levei o maior susto, fiquei confusa, tudo doía e minha cabeça girava um pouco. Com certa dificuldade me sentei e olhei para o motorista pelo retrovisor. Era o mesmo que tinha dirigido o carro de Porto Paraíso até aqui.- Pode ficar calma, moça. Não vou fazer nada de mal com você. – Ele se apressou em dizer.- Você já me fez muito mal. Me trouxe pra esse inferno. – Olhei o meu rosto no retrovisor, estava horrível, as lágrimas correram. – Olha pra mim, olha o que aquela mulher fez.- Moça, eu só cumpro ordens e as ordens do Sr. Cândido a gente não discute. – Ele tentou se justificar, mas evitou me olhar. – Olha, por favor, não me crie problemas. Eu vou te levar pra minha casa, minha mulher vai cuidar de você e você vai ficar lá até o Sr. Cândido dar outra ordem, lá ninguém vai te bater. Acho que o patrão não vai deixar aquela doida se aproximar de você de novo não, ele ficou furioso com ela.- Você não vai me deixar ir embora, não é?! – Eu já sabia
“Rita”Foi por muito pouco que aqueles policiais não encontraram a Manuela. Sorte minha! Aliás, sorte do Cândido que ficou sabendo disso a tempo. Mas agora eu precisava pensar em como resolver esse negócio do dinheiro e da empresa. Mas será que o Camilo conseguiu mesmo dar um jeito pra eu não colocar as mãos na herança da Manuela? Ele não me mostrou nenhum papel, pode ser tudo mentira. Será? E tem outra coisa, ele queria negociar comigo a liberdade da ratinha. Talvez eu tire proveito disso. Vou atrás daquele imbecil.- MÃE! MÃE! – Juliano entrou em casa aos berros. – Ah, você está aí!- Para de gritar, garoto! O que você quer? – O que deu nesse garoto para chegar gritando assim?- Mãe, eu fui na casa do Cândido, fui falar com ele que ele é meu pai. Mas ele disse que não é o meu pai. Então, mãe, você me deve explicações, eu quero saber, e sem mentiras, quem é o meu pai? – Juliano perguntou irritado, se aproximando de mim.- Eu disse para você não ir atrás dele. Eu avisei! – Mas não era
“Flávio”Voltamos para a casa do Camilo depois de falar com aquela mulher, a irmã da madrinha da Rita. Foi uma conversa difícil, o Sr. Orlando ficou desolado com tudo o que lhe foi revelado. Confesso que era uma trama das mais perversas que eu já vi na vida, cada coisa que aquela senhora contou era surpreendente e inacreditável. O Sr. Orlando fez todo o caminho de volta em silêncio, estava completamente perdido nos próprios pensamentos. Aproveitei para saber com o delegado Albano se tinha alguma novidade e eles ainda não sabiam de nada, nem a mínima idéia de onde a Manuela poderia estar.- Pai! Flávio! Como foi? – Camilo nos recebeu e parecia ainda mais aflito.- Camilo, foi difícil, mas ainda não temos nenhuma pista sobre a Manu. – Falei enquanto me sentava. Camilo me olhou desanimado.- Eu confesso que tinha esperança de que vocês iriam encontrá-la. – Camilo lamentou. – O jeito vai ser fazer o que a Rita quer.- Como assim? – Olhei para ele curioso.- Ela esteve aqui, fazendo exigên
“Flávio”Quando o delegado pisou na praça eu fiquei alerta. Eu já imaginava que a mulher fosse chamá-lo. Ele chegou para salvar a Rita da humilhação pública e ele faria qualquer coisa que a mulher mandasse. Só que ele não contava que eu estava pronto para rebatê-lo. Eu havia recebido pouco antes um breve relatório enviado pelo delegado Bonfim. O secretário de segurança não gostou de saber que o delegado controlava a cidade como se ainda estivesse nos tempos do coronelismo e fez uma rápida investigação sobre o mesmo, mas que foi suficiente para saber o quanto ele estava transgredindo a lei e extrapolando a sua função.- Ih, pronto, mais um se achando importante! – Melissa debochou e o delegado ficou roxo de raiva.- Estão todas presas. – Quando ele deu um passo em direção a elas e fez sinal para os policiais que o acompanhavam eu interferi.- Encosta em um único fio de cabelo delas e o secretário de segurança vai vir pessoalmente prender você por todos esses anos de prevaricação, corru
“Rita”Cheguei ao cartório e o Cândido já estava lá, todo garboso, se achando o noivo do ano. Conversava com o tabelião e eu vi o momento em que lhe passou um envelope bem gordo, com certeza o dinheiro pelo casamento duvidoso que ia realizar.- Cândido! Onde ela está? – Perguntei ao me aproximar.- Calma, Fofa! Minha noiva está chegando. – Cândido estava muito tranquilo.- Você deveria ter marcado isso na sua casa ou na fazenda, assim aqueles policiais não poderiam atrapalhar. – Eu não entendi porque ele quis fazer isso no cartório.- Olha, Fofa, eu também preferiria, mas o tabelião não poderia ir hoje e como eu tenho pressa em resolver isso, nós estamos aqui. Mas ninguém vai nos incomodar. – Cândido não demonstrava nenhuma preocupação.- Para de me chamar de Fofa. – O alertei e ele riu, era um cretino mesmo. – Como você tem tanta certeza que não vão nos encontrar aqui antes desse casamento?- Mandei o delegado resolver isso e ele mandou aqueles idiotas lá pros lados da grota. Até vol
“Flávio”Enquanto o Rick dirigia loucamente de volta para a cidade eu peguei o meu celular para ligar para o delegado Albano, mas o meu telefone havia descarregado e eu não tinha percebido. Camilo me emprestou o dele e eu fiz a ligação, pois por sorte o Camilo havia salvo o número do Albano no seu próprio celular.- Albano, aqui é o Flávio. – Falei assim que ele atendeu.- Flávio, que bom que você ligou. Eu não consegui falar com você. Já sabemos onde está a Manuela, estamos a caminho. – Albano me informou.- Que bom! Liguei justamente por isso. Nos encontramos no cartório então. – Eu já ia desligar, quando ouvi a pergunta do Albano.- Que cartório? Flávio, nós estamos indo pra grota, a Manuela está escondida numa casa lá. – Albano explicou.- Quem passou essa informação pra você? – achei estranho.- Foi um dos policiais da cidade. Ele veio até mim e disse que o delegado está ajudando o Cândido, mas que ele não concordava, enfim, me deu a informação, inclusive está nos acompanhando. A
“Flávio”O delegado Rogério praguejou e pressionou a arma na minha cabeça.- Pra quê fazer isso, delegado Albano? Hã? Nós dois somos aqui da região, sabemos como são as coisas por aqui. – O delegado Rogério tentava argumentar com o Albano.- Rogério, solta essa arma. Isso acaba aqui. Eu não sei onde você pensa que vive, mas de onde eu venho as coisas não são resolvidas com privilégios e vista grossa. Você vendeu sua alma ao diabo e desfrutou de privilégios aqui por bastante tempo, agora vai pagar um preço por isso. – Albano respondeu ao outro.- Pode até ser, mas vou levar esse merdinha pro inferno comigo, porque se não fosse por ele, minha vida estaria tranquila como sempre foi. – Rogério ameaçou e pressionou ainda mais o cano da arma na minha cabeça.- Você não vai fazer isso, Rogério. Porque se fizer, vai só piorar as coisas para você. – Albano tentava negociar com o Rogério.Pelo canto do olho vi o Breno se deslocar na sala lentamente. Eu sabia o que ele ia fazer e tinha que ficar
“Flávio”Já tem dois dias que a Manu está aqui nessa cama de hospital, dois longos dias dormindo. De acordo com os médicos a Rita injetou na Manu uma medicação muito forte usada geralmente em hospitais para induzir a sedação. Pelo que me disseram foi por muito pouco que ela não teve uma overdose fatal. Mas eu ainda não estou aliviado, só vou me tranquilizar quando a minha baixinha abrir os olhos novamente.- Flávio, você precisa descansar, está há dois dias nesse hospital, não sai desse quarto nem para tomar um café. Vai lá pra casa um pouco, eu fico com a Manu. – Olívia entrou no quarto mais uma vez tentando me convencer a sair do hospital.- Obrigado, Olívia, mas eu não vou deixar a minha baixinha. Só saio desse hospital com ela. – Falei pela décima vez só essa manhã, pois já havia tido um desfile de pessoas por aqui tentando a mesma coisa.- Mas quando ela puder sair do hospital você estará doente! – Rick entrou a tempo de ouvir o que eu dizia. Atrás deles entraram os nossos amigos