“Flávio”Saí da delegacia e fui direto para o hospital, que ficava na mesma cidade. Cheguei e as garotas estavam conversando animadas e fazendo planos. Catarina contava sobre as peripécias dos quadrigêmeos, que haviam ficado aos cuidados dos avós.- Ah, já voltou, Flávio?! – Melissa pareceu decepcionada com a minha chegada, ela estava acabando de pintar as unhas da Manu, que, pelo que pude ver, ainda não havia acordado.- O que você está fazendo, maluca? – Perguntei e ela sorriu.- Pintando as unhas da Chaveirinho. Com tudo o que ela passou, ela precisava de uma nova esmaltação. – Melissa borrifou um spray nas unhas da Manu enquanto falava.- Ficou bom. – Concordei. – Meninas, eu agradeço, mas vocês já podem ir. Como podem ver e sentir, eu tomei banho.- Agora sim é o meu irmão lindo e cheiroso! – Lisa levantou e me abraçou. Retribuí o seu abraço e dei um beijo no topo da sua cabeça.- Ah, mas a gente está se divertindo tanto! – Catarina reclamou.- Foi o programa mais adulto que eu f
“Manuela”Depois de mais um dia e todos os exames possíveis, eu recebi alta do hospital, não havia nenhum dano mais grave que demandasse a minha internação, mas eu deveria manter repouso até me recuperar. Os médicos disseram que o medicamento que a Rita me aplicou já havia saído do meu organismo, mas que eu ainda poderia me sentir estranha por mais uns dias e que era normal. Então, do hospital o Flávio me levou para a casa do Camilo.Nossos amigos voltaram para Porto Paraíso depois que eu acordei, o Alessandro disse que eu não me preocupasse, pois a Catarina me substituiria por uns dias. O PH me ligou e eu tive que consolá-lo e acalmá-lo, pois ele estava se culpando pelo que aconteceu, com certeza no dia em que me visse teria outra crise de choro. Mas até então ninguém havia me contado nada.Quando chegamos a casa do Camilo, havia uma recepção para mim, meu pai, meu irmão e minha cunhada me aguardavam com faixas e balões coloridos me dando as boas vindas. Olívia havia preparado um alm
“Manuela”Descobrir toda a história sobre a minha família, sobre mim mesma, foi libertador, foi algo que me mudou para sempre, eu já não era mais a ratinha assustada, como a Rita gostava de me chamar, eu tinha me transformado na borboleta de asas coloridas que saiu do casulo.Descobrir sobre a minha verdadeira mãe me deu um sentimento de pertencimento e até de merecimento do que eu tinha, e eu nem falo sobre o dinheiro, eu falo sobre o amor e as pessoas que eu tinha a minha volta, da família amorosa e gentil que me protegeu a vida inteira. Mas ao mesmo tempo, me deixou chocada com o nível de maldade que alguém pode atingir. O plano da Rita foi algo tão horrível, tão assustador, e ela fez tudo o que fez unicamente por dinheiro, unicamente por ganância.O Flávio estava insistindo comigo que eu deveria descansar, mas eu não queria, eu me sentia cheia de energia e queria fazer algumas coisas o mais rápido possível e uma delas era conhecer a dona Teresa, aquela mãe que perdeu a filha de fo
“Manuela”No dia seguinte, acordei bem cedo, quando minha família finalmente apareceu para o café da manhã eu já estava mais do que ansiosa. Apressei a todos durante o café, eu tinha pressa para o que eu ia fazer, nós iríamos ao cemitério, toda a família, eu ia levar flores para a minha mãe, a minha verdadeira mãe, pela primeira vez. Meu pai me contou que as flores preferidas dela eram os lírios da paz, por isso tinham tantos na fazenda, eu pedi ao Camilo que mandou um funcionário trazer um buquê enorme com os lírios para eu levar para o túmulo da minha mãe e um buquê com pequenas florzinhas brancas que eu levaria para o bebê da dona Teresa.No cemitério eu parei diante daquela placa no ossário, a placa que tinha o nome da minha mãe, Açucena Torres Blanco, esse era o nome dela, meu pai disse que era o nome perfeito, pois combinava com a personalidade dela, pura de coração. Meu pai e o Camilo passaram os últimos dois dias me contando o quanto ela era linda e gentil e amável. Que ela se
“Manuela”Eu confesso que também estranhei o que o delegado disse, pois a Rita tinha algum dinheiro guardado, disso eu sabia, e tinha a casa que o meu pai deixou pra ela no divórcio e que valia um bom dinheiro. Mas o delegado Albano sorriu como quem tem um trunfo na mão.- Ah, mas na verdade nem isso ela tem, Manuela. – O delegado Albano falou e nós todos nos viramos para ele. – O Juliano esteve aqui com um tabelião, ela assinou uns documentos para ele vender a casa e o carro para pegar o melhor advogado pra ela. Só que eu fiquei sabendo que o Juliano vendeu tudo e foi embora da cidade, sem pagar o advogado.- Isso é mentira! Mentira, meu filho não faria isso comigo! – A Rita gritou em direção ao delegado, que se levantou e foi até a porta, chamou alguém do lado de fora e quando a pessoa entrou fechou a porta.- Doutor, onde está o Juliano? Eu mandei ele vender a casa e o carro, comprar uma casinha menor e usar o resto do dinheiro para te pagar pra me tirar daqui. – Rita olhava para o
“Manuela”Voltamos para casa e eu voltei para a minha rotina, casa, trabalho, faculdade. Só uma coisa ainda não tinha voltado ao normal, o Flávio ainda não tinha voltado a me tocar, ele se desdobrava em atenção, mas dizia que eu estava machucada e que esperaria eu me recuperar totalmente antes de voltar a me tocar, mas eu estava morrendo de saudade de sentir o corpo dele no meu, eu precisava pensar em algo para mudar isso.- Pois é, Lisa, eu preciso pensar em alguma coisa. – Eu estava pedindo ajuda a Lisa para seduzir o Flávio quando o telefone sobre a minha mesa tocou.- Grupo Mellendez, presidência, boa tarde! – Atendi feliz por voltar a fazer isso.- Manuzinha na área? – Ouvi aquela voz brincalhona e eu estava com saudade dele.- Pat! Que saudade! Quando você volta? – Olhei de relance e vi a Lisa perder a cor. Ela parecia morrer de medo do Patrício. Ela se levantou e caminhou em direção a sua sala, com os ombros caídos e um caminhar desanimado.- Daqui a duas semanas, Manu. Vocês e
“Manuela”Voltei para a minha mesa pensando em como convencer o Flávio de que eu estava bem e que nossa vida poderia voltar ao normal, eu sentia falta do corpo dele. Mal me sentei e meu celular tocou, olhei a tela e o nome que brilhava era do meu delegado.- Oi, grandão! Estava pensando em você! – Atendi feliz em falar com ele.- Minha baixinha, que bom ouvir isso. Está sentindo a minha falta? – Ele parecia relaxado.- Você nem imagina o quanto! – Suspirei bem alto o fazendo rir.- Baixinha, você é impossível! – Flávio ria de mim.- É amor demais! – Concluí e ele gargalhou.- Você sabe que eu te amo muito também. Minha baixinha, preciso de você em casa cedo hoje, dá para faltar a faculdade? – Eu logo me empolguei com a sua pergunta. Será que ele ia me tirar do castigo?- Por você sempre dá, grandão! – Eu estava me insinuando pra ele descaradamente.- É bom saber! – Ele riu. – Estou feliz que o semestre esteja acabando e você vai estar em casa mais cedo por quase dois meses.- Eu també
“Manuela”O Flávio tinha sido tão atencioso organizando aquela surpresa pra mim com os resultados do exame de DNA, mas ele era sempre atencioso, me surpreendia como ele sempre pensava em cada coisinha, por mínima que fosse. Mas essa noite eu estava decidida a pegá-lo de jeito, eu estava sentindo falta dele, da nossa intimidade, mas ele estava excessivamente cuidadoso desde que voltamos para casa. Eu ainda tinha alguns machucados pelo corpo e alguns roxos ainda estavam esmaecendo, mas isso não era nada demais.Hoje à tarde, depois que falei com ele, eu fui a uma loja de lingeries perto do escritório e comprei uma camisolinha absurdamente curta, ela era um tom de cereja e tinha um decote enorme nas costas, vinha com uma calcinha indecente da mesma cor. Então, antes de me deitar, disse ao Flávio para esperar acordado, pois precisava falar com ele e me tranquei no banheiro, me preparei, tomei um banho, me perfumei e vesti minha lingerie nova. Eu tinha certeza de que o meu delegado não res