“Flávio”Enquanto o Rick dirigia loucamente de volta para a cidade eu peguei o meu celular para ligar para o delegado Albano, mas o meu telefone havia descarregado e eu não tinha percebido. Camilo me emprestou o dele e eu fiz a ligação, pois por sorte o Camilo havia salvo o número do Albano no seu próprio celular.- Albano, aqui é o Flávio. – Falei assim que ele atendeu.- Flávio, que bom que você ligou. Eu não consegui falar com você. Já sabemos onde está a Manuela, estamos a caminho. – Albano me informou.- Que bom! Liguei justamente por isso. Nos encontramos no cartório então. – Eu já ia desligar, quando ouvi a pergunta do Albano.- Que cartório? Flávio, nós estamos indo pra grota, a Manuela está escondida numa casa lá. – Albano explicou.- Quem passou essa informação pra você? – achei estranho.- Foi um dos policiais da cidade. Ele veio até mim e disse que o delegado está ajudando o Cândido, mas que ele não concordava, enfim, me deu a informação, inclusive está nos acompanhando. A
“Flávio”O delegado Rogério praguejou e pressionou a arma na minha cabeça.- Pra quê fazer isso, delegado Albano? Hã? Nós dois somos aqui da região, sabemos como são as coisas por aqui. – O delegado Rogério tentava argumentar com o Albano.- Rogério, solta essa arma. Isso acaba aqui. Eu não sei onde você pensa que vive, mas de onde eu venho as coisas não são resolvidas com privilégios e vista grossa. Você vendeu sua alma ao diabo e desfrutou de privilégios aqui por bastante tempo, agora vai pagar um preço por isso. – Albano respondeu ao outro.- Pode até ser, mas vou levar esse merdinha pro inferno comigo, porque se não fosse por ele, minha vida estaria tranquila como sempre foi. – Rogério ameaçou e pressionou ainda mais o cano da arma na minha cabeça.- Você não vai fazer isso, Rogério. Porque se fizer, vai só piorar as coisas para você. – Albano tentava negociar com o Rogério.Pelo canto do olho vi o Breno se deslocar na sala lentamente. Eu sabia o que ele ia fazer e tinha que ficar
“Flávio”Já tem dois dias que a Manu está aqui nessa cama de hospital, dois longos dias dormindo. De acordo com os médicos a Rita injetou na Manu uma medicação muito forte usada geralmente em hospitais para induzir a sedação. Pelo que me disseram foi por muito pouco que ela não teve uma overdose fatal. Mas eu ainda não estou aliviado, só vou me tranquilizar quando a minha baixinha abrir os olhos novamente.- Flávio, você precisa descansar, está há dois dias nesse hospital, não sai desse quarto nem para tomar um café. Vai lá pra casa um pouco, eu fico com a Manu. – Olívia entrou no quarto mais uma vez tentando me convencer a sair do hospital.- Obrigado, Olívia, mas eu não vou deixar a minha baixinha. Só saio desse hospital com ela. – Falei pela décima vez só essa manhã, pois já havia tido um desfile de pessoas por aqui tentando a mesma coisa.- Mas quando ela puder sair do hospital você estará doente! – Rick entrou a tempo de ouvir o que eu dizia. Atrás deles entraram os nossos amigos
“Flávio”Saí da delegacia e fui direto para o hospital, que ficava na mesma cidade. Cheguei e as garotas estavam conversando animadas e fazendo planos. Catarina contava sobre as peripécias dos quadrigêmeos, que haviam ficado aos cuidados dos avós.- Ah, já voltou, Flávio?! – Melissa pareceu decepcionada com a minha chegada, ela estava acabando de pintar as unhas da Manu, que, pelo que pude ver, ainda não havia acordado.- O que você está fazendo, maluca? – Perguntei e ela sorriu.- Pintando as unhas da Chaveirinho. Com tudo o que ela passou, ela precisava de uma nova esmaltação. – Melissa borrifou um spray nas unhas da Manu enquanto falava.- Ficou bom. – Concordei. – Meninas, eu agradeço, mas vocês já podem ir. Como podem ver e sentir, eu tomei banho.- Agora sim é o meu irmão lindo e cheiroso! – Lisa levantou e me abraçou. Retribuí o seu abraço e dei um beijo no topo da sua cabeça.- Ah, mas a gente está se divertindo tanto! – Catarina reclamou.- Foi o programa mais adulto que eu f
“Manuela”Depois de mais um dia e todos os exames possíveis, eu recebi alta do hospital, não havia nenhum dano mais grave que demandasse a minha internação, mas eu deveria manter repouso até me recuperar. Os médicos disseram que o medicamento que a Rita me aplicou já havia saído do meu organismo, mas que eu ainda poderia me sentir estranha por mais uns dias e que era normal. Então, do hospital o Flávio me levou para a casa do Camilo.Nossos amigos voltaram para Porto Paraíso depois que eu acordei, o Alessandro disse que eu não me preocupasse, pois a Catarina me substituiria por uns dias. O PH me ligou e eu tive que consolá-lo e acalmá-lo, pois ele estava se culpando pelo que aconteceu, com certeza no dia em que me visse teria outra crise de choro. Mas até então ninguém havia me contado nada.Quando chegamos a casa do Camilo, havia uma recepção para mim, meu pai, meu irmão e minha cunhada me aguardavam com faixas e balões coloridos me dando as boas vindas. Olívia havia preparado um alm
“Manuela”Descobrir toda a história sobre a minha família, sobre mim mesma, foi libertador, foi algo que me mudou para sempre, eu já não era mais a ratinha assustada, como a Rita gostava de me chamar, eu tinha me transformado na borboleta de asas coloridas que saiu do casulo.Descobrir sobre a minha verdadeira mãe me deu um sentimento de pertencimento e até de merecimento do que eu tinha, e eu nem falo sobre o dinheiro, eu falo sobre o amor e as pessoas que eu tinha a minha volta, da família amorosa e gentil que me protegeu a vida inteira. Mas ao mesmo tempo, me deixou chocada com o nível de maldade que alguém pode atingir. O plano da Rita foi algo tão horrível, tão assustador, e ela fez tudo o que fez unicamente por dinheiro, unicamente por ganância.O Flávio estava insistindo comigo que eu deveria descansar, mas eu não queria, eu me sentia cheia de energia e queria fazer algumas coisas o mais rápido possível e uma delas era conhecer a dona Teresa, aquela mãe que perdeu a filha de fo
“Manuela”No dia seguinte, acordei bem cedo, quando minha família finalmente apareceu para o café da manhã eu já estava mais do que ansiosa. Apressei a todos durante o café, eu tinha pressa para o que eu ia fazer, nós iríamos ao cemitério, toda a família, eu ia levar flores para a minha mãe, a minha verdadeira mãe, pela primeira vez. Meu pai me contou que as flores preferidas dela eram os lírios da paz, por isso tinham tantos na fazenda, eu pedi ao Camilo que mandou um funcionário trazer um buquê enorme com os lírios para eu levar para o túmulo da minha mãe e um buquê com pequenas florzinhas brancas que eu levaria para o bebê da dona Teresa.No cemitério eu parei diante daquela placa no ossário, a placa que tinha o nome da minha mãe, Açucena Torres Blanco, esse era o nome dela, meu pai disse que era o nome perfeito, pois combinava com a personalidade dela, pura de coração. Meu pai e o Camilo passaram os últimos dois dias me contando o quanto ela era linda e gentil e amável. Que ela se
“Manuela”Eu confesso que também estranhei o que o delegado disse, pois a Rita tinha algum dinheiro guardado, disso eu sabia, e tinha a casa que o meu pai deixou pra ela no divórcio e que valia um bom dinheiro. Mas o delegado Albano sorriu como quem tem um trunfo na mão.- Ah, mas na verdade nem isso ela tem, Manuela. – O delegado Albano falou e nós todos nos viramos para ele. – O Juliano esteve aqui com um tabelião, ela assinou uns documentos para ele vender a casa e o carro para pegar o melhor advogado pra ela. Só que eu fiquei sabendo que o Juliano vendeu tudo e foi embora da cidade, sem pagar o advogado.- Isso é mentira! Mentira, meu filho não faria isso comigo! – A Rita gritou em direção ao delegado, que se levantou e foi até a porta, chamou alguém do lado de fora e quando a pessoa entrou fechou a porta.- Doutor, onde está o Juliano? Eu mandei ele vender a casa e o carro, comprar uma casinha menor e usar o resto do dinheiro para te pagar pra me tirar daqui. – Rita olhava para o