CARMINEQuando voltei do tal luau, estava mais aérea que qualquer dia em que estive desde que me descobri apaixonada por Raoul.Eu sempre me pego tocando os lábios e sentindo tudo aquilo novamente. Minhas pernas ficam bambas como se estivesse acontecendo outra vez.Por incrível que pareça, dormi feito um anjo — se a expressão é mesmo essa — nem me lembro se sonhei.Passei o dia com os meus pais e fiquei em casa quando eles decidiram jantar fora.Meus planos envolvem um banho bem demorado e uma visita ao castelo dos Seven.Coloco a nossa trilha sonora, que se resume a todas a músicas que já ouvimos juntos.Quando estou prestes a me vestir começa It's My Life. Nem perco tempo, pego a primeira coisa que encontro e começo a cantar/berrar e interpretar como se estivesse no palco. É tão gostoso extravasar assim. O som alto impede que qualquer outra coisa penetre meus ouvidos. Me deixo levar pela letra e a melodia.Puta que pariu! É isso que fica preso na minha garganta quando vejo Raoul no
RAOUL— Quero uma explicação para o que estavam fazendo. — O pai de Carmine diz depois de nos mandar sentar na frente dos dois. Ele e a mãe dela.Eu fico calado. Depois de anos sendo repreendido por minha opinião, aprendi a só falar com os mais velhos o que me é questionado diretamente. Esse é um bom momento para usar isso.— Pai... — Carmine começa, mas ele a interrompe.— Diz você, rapaz.Ele perguntou, então...O encaro e digo exatamente o que aconteceria se não nos interrompesse:— Quando duas pessoas se amam, elas ficam nuas e fazem algo chamado sexo.— Raoul! — Carmine me soca.— Garoto, se eu não te conhecesse e soubesse que tem um parafuso a menos...— Desculpa, pai.— Vocês se amam assim? Estão namorando? — A mãe dela questiona. Juro que ela parece estar segurando o riso.— Se a sua filha quiser me caso com ela amanhã ou hoje. Tudo como ela quiser.— Querida — o homem olha para a esposa e segura sua mão, — acabo de perceber que não estou pronto para ser pai de menina.— E qua
CARMINEEstou saindo de casa para ir à escola quando me deparo com a cena mais clichê dos filmes românticos, Raoul escorado no carro de óculos escuros, jeans e camisa branca. Faltou uma jaqueta de couro preta, mas eu perdoo. Não é sempre que conseguimos usar essas coisas no Rio.Ele abre um sorriso ao me ver, e sorrir de volta é automático.Ele abaixa os óculos.— É impressão minha ou você ficou mais bonita agora que é minha namorada?— É impressão. — Me aproximo e paro na sua frente.Eu quero beijá-lo, mas ainda é tudo tão novo.Foda-se. Já tive medo demais de uma coisa tão natural. Fico nas pontas dos pés e envolvo seu pescoço.— Isso me deixa irado. — Raoul diz quando estou perto de beijá-lo.— O que? — interrompo o que faria e o encaro.— Isso, só saber agora que eu sou apaixonado por você, que você é apaixonada por mim. Olha o tempo que perdemos.— E estamos perdendo mais ainda conversando quando poderíamos estar nos beijando. — Puxo seu rosto em direção ao meu e tomo o que tanto
RAOULEssa coisa estranha que revira minhas entranhas, isso só pode ser o veneno que chamam de amor.Não. Eu não ligo de fazer um papel ridículo apenas para pedi-la em namoro, não ligo de passar algumas aulas subornando colegas para conseguir que eles participem. Ela vale cada mico.Eu quero que todos saibam que Carmine e eu estamos namorando, quero que saibam que quem mexer com ela vai passar os resto dos dias desejando morrer, por isso estou agora mudando meu perfil na redes sociais.Agora abaixo do meu nome no perfil está a frase “Namorando a Chapeuzinho Vermelho”.Quero só ver o que ela vai dizer quando ver isso.Estou olhando algumas respostas sobre a mudança quando uma certa loira para na minha frente.Claro que minha mais nova cunhada quer alguma coisa.— Me leva para passear, amigo — diz sorrindo quando a olho.— Como um cãozinho? — pergunto. Ela que escolheu me dar as palavras certas para provocá-la.Cinderela revira os olhos.— Como sua melhor amiga — responde.Nego com um
CARMINEConstantemente olho a hora no celular sob a mesa para o professor não notar. Estou ansiosa para sair dessa sala. É quando vejo que chegou uma mensagem.“Podemos conversar depois da aula?”É de Nick.Respondo que sim rapidamente, pois quero saber porque ela anda tão estranha ultimamente.Assim que o sinal toca, me viro para Raoul.— Eu vou ficar um pouco pra conversar com a Nick.— Então me dá um beijo. Só vou te ver à noite.Olho ao redor e vejo que o professor já foi e os alunos estão saindo.Rapidamente, colo nossos lábios em um selinho.— Isso não é beijo — reclama.— É um aperitivo. Pra você ficar desejando mais.Ele sorri de um jeito que me deixa úmida.— Funciona.Sorrio também e levanto.— Vamos, te levo até a porta. — Vejo que Nick já saiu. Ela deve estar me esperando lá fora.Ao chegar na porta sou pressionada contra o batente e sou envolvida por um beijo que me tira as forças das pernas.— Com certeza fiquei desejando mais.Raoul se vai com um sorriso vitorioso.Fico
Estou sorrindo feito boba.Segui o conselho de Nick e vou aproveitar o meu encontro sem pensar no quanto quero arrancar a pele de Kaio bem devagar. Ele não vai estragar ainda mais nossas vidas. A minha amiga vai denunciá-lo e eu estarei ao lado dela.Agora só vou pensar que em alguns minutos estarei em meu primeiro encontro com meu melhor amigo/namorado.Ainda custo a acreditar que Raoul fez aquilo na quadra. Foi vergonhoso... e eu amei cada segundo. Ter Raoul Seven fazendo aquele papel ridículo só para me agradar foi tudo. Só lamento ter ficado hipnotizada ao ponto de não ver os olhares de ódio e de inveja. Agora sim aquelas vadias podem falar o quanto quiserem.Enquanto escolho um dos meus vestidos vermelhos, fico voltando naquela cena várias vezes.Me lembro da última briga com uma líder de torcida. O que ela falou mesmo? Ah sim, que Raoul a chamou de Vermelha enquanto ela estava com a boca no seu pau. Ele já pensava em mim.— Assim vai rasgar a boca. — Ouço a voz da minha mãe e ve
RAOUL— Pai, tem alguns minutos? — encontro meu pai sozinho na sala quando chego do colégio.— Claro.Jogo minha mochila sobre o sofá e me sento na mesa de centro.— Quero seus conselhos para um primeiro encontro.— Me diz, o que planejou?— Jantar em um restaurante beira-mar e a nossa primeira vez.— Entendo. — Ele leva a mão ao queixo, pensativo. — Vou te dar algumas dicas. Primeiro: agrade os pais dela. Flores, vinho... algo assim.— Verdade, Carmine gosta muito dos pais. Isso vai ser legal.— Outra coisa, seja paciente. Deixe as coisas rolarem no tempo dela. — Sorrio. — O que foi?— Ela quer as coisas na velocidade da luz.— Jovens! — papai ri e pega o celular. — Entra no grupo.Quando abro tem uma mensagem dele.Pai: “Quero todos na concessionária do shopping agora.”Levanto a sobrancelha.E ele apenas diz:— Vem comigo.Eu realmente passei a tarde toda desejando mais de Carmine. Ela tem sorte que sou um namorado esforçado. Não atrapalharia sua amizade com a única pessoa que pare
RAOULJantar = Ok.Caminhada romântica = Ok.Agora estou caminhando com Carmine pelos corredores do luxuoso hotel até o quarto que reservei.Ninguém faz perguntas quando a reserva está no nome Seven. Nem querem saber qual de nós. Apenas serve a quem for como reis.— Uau! — Carmine cobre a boca com as mãos quando vê a cama de lençóis brancos cobertos por pétalas carmesim. — Isso é tão lindo.O quarto está todo iluminado por velas de aroma suave. E ao fundo já toca a playlist que escolhi. Várias músicas sensuais que passei horas selecionando. Nada de rock agora.Eu não ligo para isso, por mim uma cama e Carmine já seria o suficiente — nem mesmo seria necessário cama, só ela —, mas quero que seja perfeito para ela.Chego por trás e seguro sua cintura, sussurrando em seu ouvido:— Eu não consegui parar de pensar em ter você. — A sinto estremecer e viro seu corpo para ficarmos frente a frente, olhos nos olhos.— Está tudo tão lindo. Tão perfeito.— Você merece o mundo, Chapeuzinho Vermelho