CARMINEFaz mais de um mês que Diego terminou comigo e se foi.Ainda sonho com Raoul todas as noites, como se fosse uma rotina obrigatória. Mas eu decidi ignorar. Ele não tem culpa dos meus sentimentos. É um ótimo amigo e não pretendo jogar esse bomba sobre seu colo e bagunçar sua vida. Estou decidida a esperar isso passar.Hoje é dia de treino de basquete, então Raoul sempre se atrasa para o intervalo do almoço. É o único esporte que ele nunca falta.Um cara alto e musculoso senta na minha frente e me tira dos pensamentos torturantes sobre meus sentimentos recém despertos. Nem preciso desviar o olhar para saber que todas as garotas do colégio estão olhando para mim. Sei exatamente quem é o dono de perfume enjoativo, o culpado pela próxima líder de torcida que provavelmente vai me atacar.— Oi — digo.Kaio sorri. Ele sabe ser lindo. Sempre foi muito gentil comigo. Só não suporto o seu perfume. É tão doce. Me pergunto se usa algo feminino.— Eu esperei ele ir embora.— Quem? — question
CARMINEPisco algumas vezes diante da cena absurda. Raoul está mesmo no portão do colégio com uma morena grudada em seu braço.Quando me dou conta já me aproximei dos dois.— Atrapalho? — pergunto olhando as mãos de unhas pintadas de amarelo nos músculos dele.Que porra eu estou fazendo? Estou mesmo demostrando ciúmes? Que porra!Ela levanta a sobrancelha fina e sorri dizendo:— Ainda falta dez segundos. — Levanto a sobrancelha e ela começa uma contagem regressiva. — Nove, oito...— Considere que perdi. — Raoul puxa o braço. E responde a pergunta que não fiz. — Essa é a Leslie. Ela é da fraternidade que vai dar a festa. Acabei de perder uma aposta.— Ele tinha que me deixar segurar seus músculos gostosos por um minuto, na frente de todas essas crianças curiosas do ensino médio. Agora vai ter que me chupar por dez.Crianças curiosas?Abro a boca, mas não sai som.Eu vou surtar. Essa amizade ainda vai acabar de uma forma sangrenta com pedaços dessa vadia voando para todos os lados.— Va
CARMINEPercebi que Raoul e eu estamos nos afastando aos poucos. Não passamos mais as tardes estudando ou curtindo música ou séries em seu quarto, muito menos no meu. Eu passo meu tempo com Kaio e geralmente fico entediada nos primeiros minutos.Namorar outra pessoa para tentar esquecer que era com ele que eu queria estar não está adiantando porra nenhuma. Sem contar que cada vez descubro um detalhe na personalidade do meu namorado que me dá a certeza que devo terminar com ele.É isso, foda-se. Se for para estragar tudo que seja em grande estilo. Eu vou contar como me sinto para o Raoul e vou terminar com o Kaio. É melhor um não certo que essa angustia crescendo em mim.Meus pais saíram então tenho a casa toda por algumas horas. Primeiro vou falar com o Raoul e dependendo de como as coisas forem, hoje mesmo termino com Kaio.É obvio que uma parte minha quer que ele diga que sente o mesmo e me tome em seus braços, mas estou preparada para uma rejeição.Respiro fundo e escrevo e apago a
RAOULPela primeira vez em toda a minha existência eu me senti perdido.Mas que porra é isso? Por que toda essa magoa por saber que ela se entregou ao maldito namorado?Isso iria acontecer uma dia.— Está tudo bem? Achei que ficaria mais com sua amiga. — A voz feminina só me deixa ainda mais puto.— Sim. Desce e chame um Uber.— O que?— É surda?— Não. É que esse lugar é perigoso. Eu...Eu não quero discutir. Se eu matar essa mulher simplesmente por respirar perto de mim, tenho certeza que meu pai transfere meu quarto para o calabouço.— Dirige pra casa dela — falo com o motorista.Ele obedece, já me levou lá mais de uma vez, e graças aos deuses a garota vai calada. Só preciso que ela respire mais alto para suspender de vez sua respiração.Minha mente fica desenhando cenas de Carmine se entregando ao escroto do namorado dela. Seria melhor se tivesse com Diego... Não. Seria a mesma coisa.“Vai chegar o momento em que você sentirá tanto ciúme que só a ideia de outro com ela fará seu sa
O amor é uma flor vermelha Se abrindo para aquele que sempre lhe deu tudo de si.HENRYAcabo de sair do café da manhã com Cinderela. Ela está reclamando dos pés inchados, quando não chegou nem na quinta semana de gestação.Meu pai está fora com Felipe, faz cinco dias desde que recebemos a visita de Drizella e ela nos deu uma possível localização para encontrar Florian. Eles foram conferir e buscar nosso irmão e a suposta mulher grávida dele.— O que está fazendo? — Cinderela pergunta quando a pego no colo.— Levando minha mulher para o quarto.— Eu tenho que ir para o hospital ver as crianças. Não pode me impedir.— Vou pensar no seu caso, de qualquer forma é só a tarde.— E você, não trabalha não?— Pra que? Já sou rico.Ela revira os olhos.Estou quase na escada quando vejo Felipe e meu pai entrando.— E Florian? — pergunto.— A garota informou que eles saíram da casa ontem à noite. E...Ele é interrompido pelos sons menos esperados de se ouvir dentro do castelo dos Seven.— Me sol
RAOULEstou sentado em um parquinho, desses públicos onde tem aparelhos para adultos se balançarem como idiotas e chamarem de exercícios físicos. Um segurança me segue de perto. O vejo no carro do outro lado da rua, ele e o motorista estão prontos para qualquer coisa, é a rotina deles.Saí da escola sem permissão, e não é a primeira vez. Odeio estudar aos sábados.Os seguranças não interferem nessas coisas, apenas relata para o meu pai, que vai falar sozinho por alguns minutos sobre futuro e a necessidade de estudar.Talvez eu fique de castigo, o que não é uma má ideia. Gosto de ficar sozinho no meu quarto, sem fazer nada, apenas deitado encarando as pequenas imperfeições do teto.É mais divertido que ser obrigado a aturar as crianças da minha idade. Elas parecem que não foram fabricadas com o mesmo material que eu, são todas tolas e pegajosas. Não as suporto.Desde o primeiro incidente que sou vigiado com muito rigor. Parece que não posso matar alguém por me contrariar. E matar o pro
Reviro os olhos diante da brincadeira sem sentido.— Já que não quer... — ela se abaixa para levantar a bicicleta que ficou no chão e coloca o doce na cestinha da mesma. Durante o ato, ela pragueja várias vezes, muitos palavrões que meu pai proíbe em casa. Não se parece com as meninas ou meninos do meu colégio, sempre certinhos.— Você tem sorte, menina — digo, decidido a tê-la como minha primeira e única amiga.— A porra do meu joelho dói, não acho que seja sorte.Parece que ela não sabe falar sem incluir um palavrão.— Tem sorte porque chamou a minha atenção. Seremos amigos a partir de agora.Ela me olha por alguns segundos e simplesmente diz:— Eu não quero. Obrigada.O que? Até parece que essa menina vai me dizer não assim. Atrevida.— Por que não quer ser a primeira ami...— Primeira? — me interrompe, levantando a cabeça para olhar novamente meu rosto com interesse.Dou de ombros.— Possivelmente única. Não gosto de pessoas.— Mas eu sou uma pessoa. — Ela volta a colocar o capuz
Sete anos depois.RAOUL— Você vai mesmo me levar? — Carmine vira parte do corpo para me olhar na carteira atrás da que ocupa.Ela me encara piscando seus longos cílios que parecem maiores cada ano que passa. Seus olhos brilham como o mel nas minhas panquecas de manhã.Os olhos de Carmine nunca deixam de me hipnotizar desde que nos conhecemos e eu fiz da vida do meu pai um inferno até ele convencer os pais dela a aceitar que ela fosse bolsista no meu colégio. Como o colégio é muito longe da sua casa, meu motorista nos leva juntos há sete anos. Ela é como uma parte essencial do meu corpo. Depois daquele dia na praça, ficar longe dela me parece absurdo.Desvio o olhar para minhas anotações.— Eu nunca furei com você. Nem nas piores furadas que me obriga — respondo sem olhar para ela enquanto anoto algumas observações da aula de cálculo avançado.Ela nunca presta atenção na aula porque praticamente tem o idiota aqui como professor particular.— Vou comprar os ingresso da pré-venda, Teen