Renê Saímos do aeroporto e alugamos um carro. Seguimos para o endereço do flat que ficaríamos hospedados. Após algumas horas de telefonemas e ligações, conseguimos o que precisávamos. O amigo do Vicent nos confirmou que sua empresa fazia a segurança do condomínio e que poderia nos ajudar, mas sem se comprometer. Meu primo aceitou de imediato. O contato então informou que haveria uma festa programada para aquele final de semana em uma das mansões do condomínio, um evento que muitas pessoas da alta sociedade estariam presentes. Essa seria a oportunidade perfeita para se infiltrar sem sermos notados.– Vamos nos preparar para essa festa. Eu disse determinado. – Precisamos de roupas adequadas e de um plano claro. Não podemos perder essa chance. Passamos o restante da noite planejando nossa entrada no local. Precisamos ser cautelosos. Mas a certeza de que eu encontraria a minha princesa me impulsionava. Não me importava os obstáculos que eu teria que enfrentar. Eu seguiria em frente.
– Eu só estou tentando viver a minha vida. Mas não me resta outra opção a não ser reivindicar a herança da mamãe. É meu direito, e você sabe disso.– Você não pode fazer isso! Meu pai já estava aos gritos e depois do que eu falei ele ficou visivelmente abalado.– Eu posso sim. E se isso for preciso para que você entenda que sou eu quem decide meu futuro, então que assim seja. Deus sabe pai que eu não quero tomar essa atitude, mas você está me forçando a isso.A tensão entre nós se intensificava. Minha tia empurrou a porta do escritório e entrou interrompendo a nossa discussão. – O que está acontecendo aqui? Vocês estão aos berros. Do andar de baixo é possível ouvir.– Vê se coloca juízo na cabeça da Celine, Alda. Faça ela entender que eu quero o melhor para ela.– Eu não concordo com você Alvaro. Você está perdendo o amor e se afastando cada vez mais da sua filha por puro capricho. Eu não vou cometer o mesmo erro do passado, eu deveria ter batido de frente com você e apoiado a Celin
Celine Acordei lentamente estendo os braços sobre a cama e sentindo o vazio ao meu lado. Meus olhos abriram completamente, e por um instante, eu imaginei que o Renê estava ali, sorrindo para mim. Mas ao me dar conta da minha nova realidade, a sensação de tristeza e saudade tomou conta de mim novamente. Sentei na cama envolvendo os joelhos com os braços, e comecei a pensar na quantidade de dias que eu não o via. Me levantei e caminhei até a janela, abrindo as cortinas para deixar a luz do sol entrar. Olhei para o céu me sentindo perdida e sozinha. Meus pensamentos estavam completamente voltados para o Renê. Suspirei fundo sentindo a saudade apertar cada vez mais meu coração. Queria sentir os braços do meu amor, ouvir sua voz, seus olhares carinhosos, nossas longas conversas deitados no sofá e receber seus beijos. Voltei para cama e peguei meu celular. Comecei a folhear as fotos que havia tirado com ele. Cada imagem trazia uma lembrança feliz. Fechei os meus olhos e deixei que as
Renê Meu olhar era de puro tédio, eu já não queria mais estar ali. Por um momento até consegui esquecer de tudo. Revi algumas amizades antigas. Minha tia hora ou outra vinha ao meu encontro, mas tantas pessoas a procuravam que era difícil ela permanecer no mesmo lugar. Estava em pé próximo a um grande canteiro de rosas bem cuidadas, quando fui surpreendida por uma presença marcante ao meu lado. Theodoro Pacheco, o homem que chamava a atenção de todos ao seu redor, aproximou-se de mim com um sorriso enigmático. Estava tão próximo que pude observar melhor seu cabelo ruivo amarrado em um rabo de cavalo, que balançava levemente enquanto ele se movia. A barba cheia emoldurava seu rosto angular, e seus olhos azuis brilhavam com uma intensidade que parecia penetrar na alma. Ele exalava confiança e um certo charme que fazia com que as pessoas ao redor se voltassem para ele. Nunca fomos de fato próximos, apenas frequentamos o mesmo círculo social. – Como vai Celine? ele disse com sua vo
Novamente fui contido pelo meu primo, quando visualizei a figura de um homem forte e ruivo que se aproximou da Celine. Seu olhar de lascívia sobre ela me fez queimar por dentro. Minha vontade era me aproximar e quebrar a cara do indivíduo quando ele segurou seu braço. O pai de Celine e um senhor de idade se aproximaram dos dois, e mais uma vez o homem tocou a minha princesa. A segurou pela cintura aproximando seu corpo ao dela. Meu primo me segurou com força me retirando do local. Uma pequena comoção se formou ao nosso redor enquanto saímos. Eu sabia que eu não poderia chamar a atenção, mas o ciúmes era mais forte do que eu.– Ei primo, quase que você colocou tudo a perder.Caminhamos para dentro da bela mansão. Se não fosse pela tirania do pai, acredito que a Celine teria sido muito feliz aqui. Subimos a longa escadaria e chegamos no corredor dos quartos. O irmão de Celine havia passado as coordenadas para que não houvesse erros. Meu primo me indicou a porta correta e se despediu
Dora Decepção é a palavra que me define essa noite. Eu tinha imaginado uma noite perfeita. Seria a minha primeira festa em meio a alta sociedade. Levei horas para escolher o meu vestido em uma boutique luxuosa da cidade. Passei toda a tarde no cabeleireiro. Fiz questão de não economizar no cartão. No entanto, passei boa parte da festa observando o Victor se exibindo para a filha do dono da festa. A tal Lívia Pacheco, uma patricinha mimada e aspirante a blogueira. Uma mulher extravagante e cheia de vontades contando seus feitos e suas viagens para o Victor, que se mantinha absorto em sua conversa. Senti um nós se formando em meu estômago a cada risada compartilhada entre eles. Decidi me desvencilhar deles. Tomei algumas taças de champanhe e coqueteis frutados. Recebi olhares de interesse de alguns homens, mas nenhum deles ousaram a se aproximar de mim. Quando cheguei à festa acompanhada de Victor, sua postura ao meu lado e a forma de olhar para os homens que me admiravam ao seu
Renê Acariciei o rosto da Celine, que despertava tranquilamente. Trocamos um beijo rápido e olhares apaixonados. A lembrança da intensidade da noite que compartilhamos ainda era palpável. – Bom dia princesa! Arrume algumas coisas, vamos precisar partir o quanto antes. Seu olhar para mim era assustado, enquanto eu a acalmava, garantindo que tudo daria certo.Celine olhava em volta enquanto empacotava algumas roupas e alguns objetos pessoais em uma pequena mala. Escutamos uma batida suave na porta do quarto. Pablo adentrou o quarto nos cumprimentando.– Precisamos ir agora! Pablo sussurrou antes de abrir a porta e confirmar novamente se o corredor estava vazio. Vi nos olhos da Celine, medo e esperança. Com um último olhar para o seu quarto, ela nos seguiu em silêncio. Nos movimentamos com cautela, evitando fazer barulho, enquanto atravessamos os corredores sombrios da mansão. Sabíamos que este era um momento decisivo, um salto para a liberdade. – Vamos, temos apenas dois minutos!
Celine Eu sentia uma mistura intensa de emoções enquanto caminhava pelos corredores da mansão ao lado do Renê e do meu irmão. O peso da pressão, das expectativas e das regras sufocantes do meu pai pareciam estar dissipando. Quando finalmente saímos pelo jardim dos fundos e chegamos à garagem, um alívio profundo me envolveu como se uma carga pesada tivesse sido tirada das minhas costas. A manhã estava fresca e tranquila, contrastando com a tensão que eu deixava para trás. Senti uma gratidão imensa por ter meu irmão ao meu lado, apoiando a mim e ao Renê. No flat o clima era acolhedor e descontraído. O bom humor do Vincent e as conversas com o meu irmão preenchiam o ambiente. O Renê ao meu lado sempre tão protetor e cheio de amor me encorajava a seguir em frente, com a certeza que construiremos um lindo futuro pela frente. Fui surpreendida com uma grande caixa de presente no meio da cama, quando adentramos o quarto do flat. Para mim só de estar ali com o Renê ao meu lado, era