Celine Parei por um instante diante da imponente mansão, um eco do passado reverberou em minha mente, enquanto uma brisa suave da noite balançava as folhas das árvores ao redor. O caminho para a entrada da casa próximo ao lindo jardim permanecia o mesmo apesar do tempo que havia passado. Com o coração pesado, eu respirei fundo e cruzei a porta de entrada, sentindo a nostalgia e a tristeza se misturarem. Ao entrar fui recebida pelo cheiro característico da casa, uma mistura de madeira polida e um leve toque de lavanda, que me fez lembrar de alguns momentos felizes. Na sala, avistei meu irmão Pablo e minha tia Alda, que estavam sentados no sofá conversando. O Pablo foi o primeiro a me ver. Seu sorriso para mim era radiante, mas em seus olhos verdes eu podia ver a preocupação. Ele estava diferente desde a última vez que nos vimos. Seu físico agora é musculoso e forte, com certeza tem se dedicado à malhação. Vestia uma bermuda e uma camiseta despojada. Seus cabelos antes eram despe
Renê Saímos do aeroporto e alugamos um carro. Seguimos para o endereço do flat que ficaríamos hospedados. Após algumas horas de telefonemas e ligações, conseguimos o que precisávamos. O amigo do Vicent nos confirmou que sua empresa fazia a segurança do condomínio e que poderia nos ajudar, mas sem se comprometer. Meu primo aceitou de imediato. O contato então informou que haveria uma festa programada para aquele final de semana em uma das mansões do condomínio, um evento que muitas pessoas da alta sociedade estariam presentes. Essa seria a oportunidade perfeita para se infiltrar sem sermos notados.– Vamos nos preparar para essa festa. Eu disse determinado. – Precisamos de roupas adequadas e de um plano claro. Não podemos perder essa chance. Passamos o restante da noite planejando nossa entrada no local. Precisamos ser cautelosos. Mas a certeza de que eu encontraria a minha princesa me impulsionava. Não me importava os obstáculos que eu teria que enfrentar. Eu seguiria em frente.
– Eu só estou tentando viver a minha vida. Mas não me resta outra opção a não ser reivindicar a herança da mamãe. É meu direito, e você sabe disso.– Você não pode fazer isso! Meu pai já estava aos gritos e depois do que eu falei ele ficou visivelmente abalado.– Eu posso sim. E se isso for preciso para que você entenda que sou eu quem decide meu futuro, então que assim seja. Deus sabe pai que eu não quero tomar essa atitude, mas você está me forçando a isso.A tensão entre nós se intensificava. Minha tia empurrou a porta do escritório e entrou interrompendo a nossa discussão. – O que está acontecendo aqui? Vocês estão aos berros. Do andar de baixo é possível ouvir.– Vê se coloca juízo na cabeça da Celine, Alda. Faça ela entender que eu quero o melhor para ela.– Eu não concordo com você Alvaro. Você está perdendo o amor e se afastando cada vez mais da sua filha por puro capricho. Eu não vou cometer o mesmo erro do passado, eu deveria ter batido de frente com você e apoiado a Celin
Celine Acordei lentamente estendo os braços sobre a cama e sentindo o vazio ao meu lado. Meus olhos abriram completamente, e por um instante, eu imaginei que o Renê estava ali, sorrindo para mim. Mas ao me dar conta da minha nova realidade, a sensação de tristeza e saudade tomou conta de mim novamente. Sentei na cama envolvendo os joelhos com os braços, e comecei a pensar na quantidade de dias que eu não o via. Me levantei e caminhei até a janela, abrindo as cortinas para deixar a luz do sol entrar. Olhei para o céu me sentindo perdida e sozinha. Meus pensamentos estavam completamente voltados para o Renê. Suspirei fundo sentindo a saudade apertar cada vez mais meu coração. Queria sentir os braços do meu amor, ouvir sua voz, seus olhares carinhosos, nossas longas conversas deitados no sofá e receber seus beijos. Voltei para cama e peguei meu celular. Comecei a folhear as fotos que havia tirado com ele. Cada imagem trazia uma lembrança feliz. Fechei os meus olhos e deixei que as
Celine O que era para ser um período de felicidades e realizações em minha vida, se tornou um verdadeiro pesadelo. Sou filha do Álvaro Castelli, um dos maiores produtores de algodão do centro-oeste. Suas fazendas somam cerca de 260 mil hectares, sem contar com o milho e a soja, além de várias empresas em ramos diferentes que meu pai é investidor ou sócio. Nasci numa família privilegiada, sempre tive as melhores roupas, estudei nos melhores colégios, cursos de idiomas, viagens internacionais, tudo sempre com luxo e conforto. Mas todo o dinheiro no mundo nunca foi capaz de ocupar o vazio no meu coração pela ausência da minha mãe após sua morte prematura. Fui para São Paulo onde estudei em uma faculdade de alto padrão e me formei no curso de arquitetura e urbanismo. A promessa era que após formada retornaria para Goiânia, minha cidade natal, para exercer minha profissão. Mas tudo desmoronou quando eu retornei. Para bem da verdade os sinais sempre estiveram claros que não era isso
Celine Não tem sido dias fáceis, estou andando de um lado para o outro sem saber o que fazer, ou melhor para onde eu vou quando sair dessa casa. Há uns dois meses que trabalho aqui como doméstica, mas sei que minha estadia aqui será curta, pois a minha patroa não está nada satisfeita comigo. Não com o meu trabalho, mas por ciúmes do marido. Mal sabe ela que a outra empregada que trabalha aqui e ela julga ser de “confiança” por estar aqui há mais de 3 anos, vive de amassos com o marido dela dentro da dispensa. Já percebi que os outros funcionários sabem mas fazem vista grossa, ninguém tem coragem de contar, a nossa patroa é bem megera. Dona Nice a cozinheira, uma senhora de idade, que me lembra minha vozinha, tenta me acalmar todos os dias, mas estou sentindo que de hoje eu não passo. Minhas economias e o dinheiro que ganhei da minha tia, foram roubadas com alguns objetos de valor que eu tinha na pensão do Manolo. Além disso, eu tinha que lidar com um vizinho bem inconveniente
Renê Às vezes tenho a sensação de que estou vivendo no automático. Os dias para mim são sempre iguais. Só tenho me dedicado ao trabalho, o pouco tempo que fico em casa estou dormindo. Desde o falecimento da minha esposa há dois anos atrás, tenho usado o trabalho como rota de fuga. Morando há um ano e meio em uma nova casa em um outro bairro de alto padrão em Brasília, tenho a sensação de não estar no meu lar. Mas as lembranças da Scarlett estavam me matando aos poucos na minha antiga casa. Foi melhor ter me mudado de lá. Não tive coragem de vender a casa. Optei por colocá-la em uma imobiliária para alugar. Desde então também não tive coragem de voltar à minha antiga casa. Minha esposa era uma mulher jovem de 27 anos, mas um acidente de trânsito ceifou sua vida, não tivemos a oportunidade de construir a nossa família, depois de 4 anos juntos, somando namoro, noivado e casamento. Éramos muito diferentes, mas nos dávamos bem. Nossas famílias eram amigas desde sempre, algo que mu
Celine Estou aqui sentada em um banco de uma praça próximo ao endereço do meu novo emprego. Fiz um lanche rápido e estou no aguardo do horário para ir até a casa em que vou trabalhar. Dona Nice me explicou que meu novo chefe é médico, e que pediu que eu fosse até lá no período da tarde. Não deu tempo dela me dar mais detalhes sobre ele, pois dona Bárbara interrompeu nossa conversa na cozinha, acertou meu tempo de trabalho e mal pude despedir da dona Nice. Sou muito grata a dona Nice que me salvou mais uma vez. Tô sentindo um frio na barriga de ansiedade, mas tenho fé que tudo vai dar certo. Me sinto envergonhada de chegar assim do nada na casa de uma pessoa de mala e cuia como dizem na minha terra. Caminho por ruas arborizadas de um lindo condomínio de alto padrão, vejo os jardins e uma casa mais bonita do que a outra. Chego em frente a uma linda casa branca com janelas grandes. Um lindo jardim muito bem cuidado por sinal, parei em frente a grande porta e confirmo que já são 1