Renê Meu olhar era de puro tédio, eu já não queria mais estar ali. Por um momento até consegui esquecer de tudo. Revi algumas amizades antigas. Minha tia hora ou outra vinha ao meu encontro, mas tantas pessoas a procuravam que era difícil ela permanecer no mesmo lugar. Estava em pé próximo a um grande canteiro de rosas bem cuidadas, quando fui surpreendida por uma presença marcante ao meu lado. Theodoro Pacheco, o homem que chamava a atenção de todos ao seu redor, aproximou-se de mim com um sorriso enigmático. Estava tão próximo que pude observar melhor seu cabelo ruivo amarrado em um rabo de cavalo, que balançava levemente enquanto ele se movia. A barba cheia emoldurava seu rosto angular, e seus olhos azuis brilhavam com uma intensidade que parecia penetrar na alma. Ele exalava confiança e um certo charme que fazia com que as pessoas ao redor se voltassem para ele. Nunca fomos de fato próximos, apenas frequentamos o mesmo círculo social. – Como vai Celine? ele disse com sua vo
Novamente fui contido pelo meu primo, quando visualizei a figura de um homem forte e ruivo que se aproximou da Celine. Seu olhar de lascívia sobre ela me fez queimar por dentro. Minha vontade era me aproximar e quebrar a cara do indivíduo quando ele segurou seu braço. O pai de Celine e um senhor de idade se aproximaram dos dois, e mais uma vez o homem tocou a minha princesa. A segurou pela cintura aproximando seu corpo ao dela. Meu primo me segurou com força me retirando do local. Uma pequena comoção se formou ao nosso redor enquanto saímos. Eu sabia que eu não poderia chamar a atenção, mas o ciúmes era mais forte do que eu.– Ei primo, quase que você colocou tudo a perder.Caminhamos para dentro da bela mansão. Se não fosse pela tirania do pai, acredito que a Celine teria sido muito feliz aqui. Subimos a longa escadaria e chegamos no corredor dos quartos. O irmão de Celine havia passado as coordenadas para que não houvesse erros. Meu primo me indicou a porta correta e se despediu
Dora Decepção é a palavra que me define essa noite. Eu tinha imaginado uma noite perfeita. Seria a minha primeira festa em meio a alta sociedade. Levei horas para escolher o meu vestido em uma boutique luxuosa da cidade. Passei toda a tarde no cabeleireiro. Fiz questão de não economizar no cartão. No entanto, passei boa parte da festa observando o Victor se exibindo para a filha do dono da festa. A tal Lívia Pacheco, uma patricinha mimada e aspirante a blogueira. Uma mulher extravagante e cheia de vontades contando seus feitos e suas viagens para o Victor, que se mantinha absorto em sua conversa. Senti um nós se formando em meu estômago a cada risada compartilhada entre eles. Decidi me desvencilhar deles. Tomei algumas taças de champanhe e coqueteis frutados. Recebi olhares de interesse de alguns homens, mas nenhum deles ousaram a se aproximar de mim. Quando cheguei à festa acompanhada de Victor, sua postura ao meu lado e a forma de olhar para os homens que me admiravam ao seu
Renê Acariciei o rosto da Celine, que despertava tranquilamente. Trocamos um beijo rápido e olhares apaixonados. A lembrança da intensidade da noite que compartilhamos ainda era palpável. – Bom dia princesa! Arrume algumas coisas, vamos precisar partir o quanto antes. Seu olhar para mim era assustado, enquanto eu a acalmava, garantindo que tudo daria certo.Celine olhava em volta enquanto empacotava algumas roupas e alguns objetos pessoais em uma pequena mala. Escutamos uma batida suave na porta do quarto. Pablo adentrou o quarto nos cumprimentando.– Precisamos ir agora! Pablo sussurrou antes de abrir a porta e confirmar novamente se o corredor estava vazio. Vi nos olhos da Celine, medo e esperança. Com um último olhar para o seu quarto, ela nos seguiu em silêncio. Nos movimentamos com cautela, evitando fazer barulho, enquanto atravessamos os corredores sombrios da mansão. Sabíamos que este era um momento decisivo, um salto para a liberdade. – Vamos, temos apenas dois minutos!
Celine Eu sentia uma mistura intensa de emoções enquanto caminhava pelos corredores da mansão ao lado do Renê e do meu irmão. O peso da pressão, das expectativas e das regras sufocantes do meu pai pareciam estar dissipando. Quando finalmente saímos pelo jardim dos fundos e chegamos à garagem, um alívio profundo me envolveu como se uma carga pesada tivesse sido tirada das minhas costas. A manhã estava fresca e tranquila, contrastando com a tensão que eu deixava para trás. Senti uma gratidão imensa por ter meu irmão ao meu lado, apoiando a mim e ao Renê. No flat o clima era acolhedor e descontraído. O bom humor do Vincent e as conversas com o meu irmão preenchiam o ambiente. O Renê ao meu lado sempre tão protetor e cheio de amor me encorajava a seguir em frente, com a certeza que construiremos um lindo futuro pela frente. Fui surpreendida com uma grande caixa de presente no meio da cama, quando adentramos o quarto do flat. Para mim só de estar ali com o Renê ao meu lado, era
Álvaro Castelli Eu estava em pé em frente a grande janela do meu escritório no grupo Castelli. Enquanto observava a vista panorâmica da cidade eu refletia sobre a batalha de vontades entre mim e minha filha. Cada palavra que a Celine proferiu para mim nos últimos dias, era como uma punhalada. Minha filha realmente havia mudado e isso era inegável. Sempre desafiando a minha autoridade e os planos que eu havia elaborado meticulosamente. Cada vez que ela pronunciava o nome do tal médico, a minha frustração aumentava. Eu não podia suportar a ideia de que minha filha tinha a ousadia de se opor a mim, e apoiada por ele. A ameaça de Celine em exigir a herança de sua mãe foi a gota d’água. Quando ela me lançou essa ameaça, uma grande sensação de desagrado tomou conta de mim. A herança da minha falecida esposa, é mais do que um conjunto de bens. Faz parte de um símbolo de poder e domínio, algo que eu me esforcei para manter sob o meu controle absoluto. A ideia de que minha própria filha
Vincent Convidei Pablo para irmos beber. O bar estava animado com risadas ecoando por todos os cantos. Luzes baixas e uma jukebox tocando músicas variadas que criava um ambiente descontraído. Após todo o clima de tensão na mansão, nós precisávamos de uma comemoração. Nos sentamos em uma mesa no canto, com copos de cerveja gelada à nossa frente, brindando com sorrisos largos no rosto.– A vitória! Você realmente arrasou Vincent! Eu não consigo acreditar que você teve coragem de encarar meu pai assim. Aquilo foi muito tenso. Pablo levantou o copo para um brinde.– Eu sabia que precisava fazer algo drástico. Homens como o seu pai precisam de um tratamento de choque. Sorri com um brilho nos olhos.– Ele ficou furioso, perdeu as palavras. E você fez isso com tanta classe! Eu no seu lugar teria ficado nervoso, mas você foi ótimo.– Seu pai ficou em choque Pablo. A expressão no rosto dele foi impagável! Foi como se eu tivesse jogado um balde de água fria nele! Ele percebeu que a Celine nã
Renê Despertei lentamente no quarto do hotel, enquanto observava a Celine adormecida com seu semblante tranquilo. Nossos corpos estavam envolvidos nos lençois brancos e macios. Aproximei o copo da minha princesa do meu cheirando seu pescoço enquanto a abraçava. Ela despertou enquanto eu fazia carinho em seus cabelos. Trocamos olhares cúmplices repletos de lembranças da noite anterior. Celine deitou sobre o meu peito enquanto sua pequena mão delicada tocava o meu rosto. Enquanto ela olhava nos meus olhos abriu um sorriso suave.– Sabe, Renê, eu sempre admirei a cor dos seus olhos. Eles são tão intensos e cheios de vida. É como se eu pudesse ver um mundo inteiro ali.– Você realmente acha isso? Sorri olhando para ela. – Eu só vejo um reflexo do que sinto quando estou com você.– A primeira vez que te vi, seu olhar apesar de cansado foi o que mais me chamou a atenção. Mas o seu jeito de me olhar me intimidava. Parece que você conseguia ver até a minha alma.– É porque desde a primeir