A cidade estava quente naquela noite. O ar era pesado, e tudo parecia abafado, como se uma tempestade estivesse prestes a cair. Minha moto rugiu quando diminuí a velocidade, os faróis iluminando a estrada estreita que nos levava ao bar. Atrás de mim, meus homens seguiam em silêncio, cada um deles ciente de que essa reunião poderia dar merda a qualquer momento. Ali, eu não era Trent. Eu era Iron. Líder Ceifadores de Ferro MC. Estacionei a moto e desci, os olhos atentos ao movimento do bar. Eu tinha vindo negociar, mas não esperava ver aquele filho da puta sentado à mesa principal. Simon... Líder do Cobra Legião MC. Alto, forte, coberto de tatuagens e com aqueles olhos marrom que sempre pareciam analisar tudo ao seu redor. Ele ergueu uma sobrancelha assim que me viu se aproximar. A merda ficou séria. Ele não deveria estar aqui. O acordo era com outro cara — seu primo, pelo que eu sabia. "Não sabia que você viria", soltei, parando à mesa. Simon deu um sorriso forçado, incli
PONTO DE VISTA DE ELEISE Virei para Baby, soltando um suspiro pesado."Eu tenho que ir. Tenho um encontro com o Troy e a família dele."Ela cruzou os braços, me olhando como se eu fosse uma completa idiota."Depois de tudo que eu te contei, você ainda vai jantar com esse cara?""Eu preciso ir" insisti. "Não quero pensar sobre tudo isso agora."Baby revirou os olhos, mas sua expressão suavizou."Tudo bem. Mas se precisar de alguma coisa, me ligue. Estarei sempre aqui para te ajudar"Assenti antes de sair do bar. ***Quando cheguei em casa, corri para o quarto e abri o armário. Eu precisava estar impecável. A mãe e a irmã de Troy eram ricas e elegantes, e eu não queria parecer uma qualquer.Peguei um vestido preto justo, nada muito chamativo, mas sofisticado. Prendi o cabelo em um coque baixo, passei um batom discreto e finalizei com um salto alto.Eu parecia alguém que sabia se comportar em um jantar chique.Dirigi até o restaurante, minhas mãos
A mãe de Troy abaixou levemente os óculos chiques e me analisou com um olhar meticuloso, como se estivesse tentando determinar se eu era digna de estar ali. A outra mulher soltou um suspiro impaciente e desviou o olhar como se já estivesse entediada com a minha presença.Troy, que caminhava ao meu lado, não se deu ao trabalho de puxar minha cadeira, então eu mesma o fiz, tentando não demonstrar o incômodo. Assim que me sentei, percebi que aquilo era um erro.Por que eu ainda estava com Troy?A mãe dele, no entanto, parecia disposta a ser cortês."Então, querida", ela começou com um sorriso educado, "Troy nos contou sobre você há apenas dois dias. Fiquei surpresa por ele finalmente estar se comprometendo com alguém."Fiquei sem resposta por um momento. Dois dias? Então era assim que ele me via? Como uma novidade de última hora para impressionar a família?Meu olhar se voltou para Troy, mas antes que eu pudesse abrir a boca, ele me lançou um olhar sutil, mas autoritário, que claramente
Eu deveria voltar. Eu sussurrei para mim mesmo. Cada passo pelo corredor até a porta do banheiro era um teste para minha força de vontade. Grave ainda estava na mesa, e Simon em algum canto do restaurante. Eu deveria dar meia-volta e esquecer essa merda. Mas, quando abri a porta, toda essa lógica desmoronou. Elise estava ali, na frente do espelho. Seus olhos estavam fechados, as duas mãos apoiadas no balcão da pia, como se estivesse se segurando no próprio controle. Ela era de tirar o fôlego. A cintura fina, as pernas torneadas, os cabelos loiros com ondas perfeitas que caíam até suas costas. O vestido vermelho abraçava cada curva como se fosse pintado nela, e desse ângulo, eu podia ver o lindo decote. Merda. Me aproximei sem pensar e deslizei as mãos para sua cintura. Ela nem sequer abriu os olhos. "Eu pensei que você nunca mais falaria comigo outra vez", disse ela, com a voz baixa, quase um sussurro. Fechei os olhos e encostei o rosto em seus cabelos, inalando o cheiro d
Voltei para minha mesa, ainda sentindo o gosto de Elise nos meus lábios, o perfume dela impregnado na minha pele. Eu precisava de um momento para clarear a mente, mas assim que me sentei, Grave me lançou um olhar afiado. Ele inclinou a cabeça, avaliando meu rosto como se pudesse arrancar a verdade de mim. Então, abriu um sorriso torto. "Então... o jantar já acabou para você, né?" Eu não respondi, apenas peguei meu copo e bebi um gole do Whisky. "O que aconteceu no banheiro com a loira?" ele perguntou, estreitando os olhos. Minhas sobrancelhas franziram. "Desde quando você a chama assim?" Grave riu baixo e ergueu as mãos em rendição. "Relaxa, irmão. Só estou curioso. Você voltou parecendo que foi atingido por um raio." "Apenas conversamos." Minha resposta veio seca. Ele bufou. "Sei." Grave deu um gole na própria bebida, ainda me estudando. "E por acaso essa conversa envolveu você com a boca na dela?" Lancei um olhar de advertência, mas ele apenas riu de novo. Ele sabia. Gr
PONTO DE VISTA DE ELISEAssim que voltei para a mesa, minha decisão já estava tomada. Eu precisava encerrar tudo com Troy e sua família. Depois do que aconteceu com Trent no banheiro, ficou claro para mim que o que eu tinha com Troy nunca passaria de algo conveniente, algo seguro. Mas com Trent… aquilo foi visceral, inegável.Me aproximei da mesa e percebi que a mãe de Troy falava algo sobre mim, mas escolhi ignorar. Não me interessava mais o que aquela família pensava."Eu preciso ir. Isso tudo foi um erro." Minha voz soou firme, sem espaço para argumentação.Os olhares ao redor da mesa se voltaram para mim, surpresos com minha decisão repentina. Mas eu não esperei respostas. Apenas me virei e caminhei para a saída, sentindo o peso daquele jantar sufocante finalmente começar a se dissipar.Mas, claro, Troy não deixaria isso passar.Antes que eu alcançasse a porta, senti sua mão firme agarrando meu braço. Seu aperto era forte, carregado de frustração."O que diabos foi isso, Elise? Ac
"E o que ela queria?" minha mãe perguntou, a voz carregada de tensão.Ela largou a faca e o legume no balcão com um baque surdo. Eu vi seus ombros ficarem rígidos, e pela primeira vez naquela noite, um vislumbre de preocupação passou pelo seu olhar enevoado pelo álcool.Respirei fundo antes de responder:"Ela quer que você se trate... ou Mel terá que ir para um abrigo."Minha mãe apertou os lábios, desviando o olhar."Se isso acontecer, você pode ficar com ela." ela falou com muita certeza em seu olhar "Você sabe que eu não sou contra essa ideia, mas..." Hesitei por um instante. "Eu só não quero que as pessoas pensem que sou uma péssima mãe."Ela riu sem humor."Ou que sou drogada e bêbada."Soltei um suspiro cansado e esfreguei o rosto."Mãe? Todos já acham isso. Pelo amor de Deus!"Ela me encarou, e por um segundo, vi um lampejo de dor em seus olhos. Mas ele sumiu tão rápido quanto apareceu."Eu não posso ficar com Mel." Disse, mais para mim mesma do que para ela.Minha mãe franziu
Raios de sol atravessam a cortina fina do meu quarto, iluminando o espaço em tons dourados e lentamente me incentivando a acordar.Sinto algo pesado me prendendo, um calor familiar envolvendo meu corpo. Braços firmes e quentes me seguram contra um peito sólido, como se eu pertencesse ali.Eu cutuco o braço preguiçosamente, sussurrando:"Sai de mim..."Mas ele não se move.A respiração profunda contra meu cabelo me faz congelar. Meus olhos se abrem em pânico, e eu me sento de repente, olhando ao redor do quarto.As paredes são pintadas em um tom suave de azul-acinzentado, combinando com os móveis modernos e minimalistas. Minha cama, grande o suficiente para duas pessoas, tem lençóis brancos e uma manta felpuda que deixei jogada no pé da cama. Perto da janela, há uma escrivaninha com alguns cadernos e um porta-retratos com uma foto minha e de Mel. Uma pequena estante ao lado exibe livros e alguns enfeites simples."Bom dia"A voz rouca e sonolenta me desperta de vez.Me viro rapidamente