Trent me colocou de volta no chão com cuidado, ainda com aquele sorriso meio bobo no rosto — o tipo de sorriso que fazia meu peito derreter. "Que tal aquele macarrão agora?" ele disse, os olhos brilhando com diversão.Ri do jeito fofo como ele estava me olhando, todo largado com sua camiseta preta meio amassada e as tatuagens à mostra nos braços, contrastando com sua expressão quase doce."Você vai se apaixonar mais ainda quando provar meu molho especial", brinquei, pegando a panela no armário.Trent chegou por trás, beijou minha bochecha e murmurou perto do meu ouvido:"Já sou completamente seu, Amor."Sorri, mas então ouvimos batidas na porta."Eu vejo quem é enquanto você cozinha", disse ele, me dando outro beijo e caminhando descalço pelo apartamento.Abri a massa, mexendo os ingredientes, quando ouvi outra voz."Que cheiro bom é esse?" Grave entrou com aquele jeito despreocupado, jogando as chaves no balcão."Elise tá cozinhando pra mim", respondeu Trent por cima do ombro, com um
PONTO DE VISTA DE ELISE"Anda logo, Troy, a gente precisa voltar antes que percebam." Termino de abaixar a saia do uniforme de garçonete do bar onde trabalho.Troy coloca a camisa, ajeita o cabelo desgrenhado e me lança um sorriso. Tento sorrir de volta, mas meu estômago está embrulhado. Sei que, quando sair desse depósito, vou encarar os olhares dos outros funcionários. Olhares de pena. E nojo.Ninguém sabe que estamos juntos há dois anos. Na verdade, ninguém sabe nem que eu existo fora daqui. Sou só a funcionária que, de vez em quando, desaparece com o chefe.Antes que ele abra a porta, respiro fundo."Quando você vai me apresentar pra sua família como sua namorada?"Troy congela. Me olha como se eu tivesse dito algo absurdo."Já falamos sobre isso, não falamos? Muito em breve você vai conhecer minha família."Seguro a alça da saia com os dedos, tentando não parecer tão decepcionada."Muito em breve..." repito, com um sorriso vazio. "Você disse isso há seis meses, Troy. E eu ainda s
O meu sangue ferve nas minhas veias, e eu sei exatamente o que elas estão pensando: que eu tenho regalias por ser "a preferida" do chefe. A dor da injustiça me queima por dentro, mas eu mantenho a expressão impassível. No fundo, eu sei que talvez elas tenham razão. Não porque eu queira esse tipo de vantagem, mas porque Troy nunca deixa claro para ninguém que estamos juntos. E isso me faz parecer exatamente o que elas pensam: uma funcionária que dorme com o chefe para ter privilégios. Talvez eu deva aceitar que ele nunca vá assumir nosso relacionamento. Talvez seja o preço que eu tenho que pagar para ficar com ele? *** Quando saio do bar, percebo que já é tarde. A rua continua cheia, com pessoas rindo e conversando animadamente nas calçadas. A noite está fresca, e o cheiro de álcool e fritura enche o ar. Caminho apressada até uma rua próxima, mas para encurtar o trajeto até meu apartamento, decido cortar caminho pelo beco. A iluminação é
Depois de dirigir por cerca de quinze minutos, finalmente cheguei ao bairro mais decadente da cidade. É o tipo de lugar que muita gente teria medo de passar à noite — prédios antigos, ruas escuras e entregas suspeitas em cada esquina.O coração aperta no peito toda vez que preciso vir até aqui, mas não tenho escolha.Estaciono o carro e respiro fundo antes de sair, tentando reunir coragem para enfrentar mais uma noite complicada.Subo as escadas mal iluminadas e passo pelo corredor estreito até a porta do apartamento. Antes mesmo de bater, ela se abre, e Mel aparece correndo, os braços estendidos na minha direção."Elise!" Ela pula nos meus braços, e eu a seguro com firmeza, aproveitando o breve momento de tê-la comigo."Ei, baixinha. Tá tudo bem?" questiono, acariciando seus cabelos.Ela hesita, mordendo o lábio, e olho para ela com um pouco de medo da resposta."A mamãe chegou faz uns cinco minutos..." Mel sussurra. "Está bêbada de novo."Solto um suspiro pesado, sentindo meu estôma
"Mel..." começo, tentando não deixar minha voz falhar. "Eu estou tentando ganhar mais dinheiro pra gente, lembra? E ficar aqui não vai ajudar nisso." Ela desvia o olhar, terminando de lavar as cenouras com cuidado. Sinto a culpa me corroendo por dentro. Eu queria poder pegá-la e levá-la comigo agora mesmo, mas não é tão simples assim. "Mamãe não é tão má." Mel sussurra, com um brilho de esperança nos olhos. "Ela só precisa de ajuda." Fecho os olhos por um momento, tentando não deixar a frustração transparecer. "Eu sei, baixinha... Sei que ela ama você. Mas... às vezes as coisas ficam difíceis pra ela, sabe?" digo, tentando encontrar um equilíbrio entre a verdade e a proteção. Mel suspira, enxugando uma lágrima que escapa de um de seus olhos. "Eu amo a mamãe também... mas eu quero morar com você." Ela admite, com a voz baixinha, me passando tristeza. Seguro sua mão, apertando-a de leve. "Eu sei, Mel. Eu também quero isso. E prometo que vou fazer o possível pra que isso aconteç
O caminho até meu apartamento parece mais longo do que o normal, talvez porque meus pensamentos estejam distantes. Quando finalmente estaciono o carro na frente do prédio, um arrepio percorre minha espinha ao notar uma figura familiar parada na calçada. Troy está ali, com os braços cruzados e uma expressão que mistura irritação e impaciência.Desço do carro, tentando controlar a tensão que se instala no meu corpo. Assim que me aproximo, ele se inclina e me puxa para um beijo intenso e possessivo, como se quisesse deixar claro para qualquer um que estivesse olhando que eu sou dele.Empurro-o levemente pelo peito, desviando o rosto."Troy, já falei que não gosto desse tipo de exposição." Minha voz sai firme. "Você não precisa marcar território."Ele revira os olhos, claramente incomodado com minha resistência."Você é minha namorada, e isso é tudo o que importa. Quero que todos saibam disso." Ele arqueia uma sobrancelha. "E por que não atendeu minhas ligações?"Até ontem ele não queria
PONTO DE VISTA DE TRENT Pode parecer loucura, mas ontem à noite, enquanto eu estava ao telefone, uma garota cruzou meu caminho. Ela era a mulher mais linda que já vi em toda a minha vida. Seus cabelos caíam em ondas suaves pelos ombros, e seus olhos... Puta merda, aqueles olhos me fizeram sentir uma corrente elétrica passar por todo o meu corpo. Foi como se o tempo parasse por um instante e eu esquecesse completamente o que estava fazendo. Era algo raro, quase impossível, mas aconteceu. Quando nossos olhares se encontraram, senti algo que nunca acreditei ser real: amor à primeira vista. Sempre pensei que isso era coisa de filme, que não dava para se apaixonar por alguém sem sequer trocar uma palavra. Mas, porra, aconteceu comigo. Depois que ela passou por mim, algo em mim pareceu se encaixar. Então, fiz algo que talvez seja considerado uma perda de sanidade completa — segui ela. Assim que a garota desapareceu pela esquina, entrei no meu carro e a segui de longe, tentando não pare
PONTO DE VISTA DE ELISEDepois de lançar um último olhar para Iron, finalmente entro no prédio, tentando me acalmar. Meus passos ecoam pelo corredor vazio, e minha mente ainda está a mil. Quando chego ao meu apartamento, fecho a porta e me escoro contra ela, soltando um suspiro trêmulo.Eu realmente não acredito no que acabou de acontecer. Primeiro, Troy aparecendo do nada e agindo como um completo idiota, e então... Iron. Meu Deus, aquele homem. Só de lembrar dos olhos azuis intensos me encarando, sinto meu coração disparar de novo.Caminho até o sofá e me jogo ali, ainda tentando processar tudo. A ficha finalmente cai, e meu estômago se revira com a constatação: vou ter que enfrentar Troy no trabalho.Droga! Como eu faço isso? O que eu deveria dizer? "Desculpe por ter outro homem defendendo minha honra enquanto você me trata feito lixo"? É, claro que não. Talvez eu possa fingir que nada aconteceu. Como se fosse possível.E se ele vier tirar satisfações? Ou pior... se ele descontar e