Capítulo cinco

O caminho até meu apartamento parece mais longo do que o normal, talvez porque meus pensamentos estejam distantes. Quando finalmente estaciono o carro na frente do prédio, um arrepio percorre minha espinha ao notar uma figura familiar parada na calçada. Troy está ali, com os braços cruzados e uma expressão que mistura irritação e impaciência.

Desço do carro, tentando controlar a tensão que se instala no meu corpo. Assim que me aproximo, ele se inclina e me puxa para um beijo intenso e possessivo, como se quisesse deixar claro para qualquer um que estivesse olhando que eu sou dele.

Empurro-o levemente pelo peito, desviando o rosto.

"Troy, já falei que não gosto desse tipo de exposição." Minha voz sai firme. "Você não precisa marcar território."

Ele revira os olhos, claramente incomodado com minha resistência.

"Você é minha namorada, e isso é tudo o que importa. Quero que todos saibam disso." Ele arqueia uma sobrancelha. "E por que não atendeu minhas ligações?"

Até ontem ele não queria que ninguém nos visse juntos. Mudança estranha.

Pisco, confusa, e então me lembro de que o celular ficou sem bateria enquanto eu estava na casa da minha mãe.

"Desculpa, meu celular descarregou." Tento explicar, mas ele não parece satisfeito.

Antes que eu possa continuar, ele agarra meu pulso com força. Um gemido de dor escapa dos meus lábios.

"Você tá louco?" Puxo o braço, tentando me soltar, mas ele aperta ainda mais, seus olhos faiscando de raiva.

"Quando eu ligar, você atende." Sua voz sai baixa e ameaçadora. "Não quero ficar me preocupando sobre onde você está ou com quem."

Meu coração martela no peito, e eu tento manter a calma, embora a dor no meu pulso esteja me deixando tonta.

"Eu já disse que o celular descarregou." Tento soar firme. "Me solta, Troy. Eu vou gritar!"

Ele hesita por um segundo, como se só então percebesse a força que estava usando, e finalmente larga meu pulso, bufando de irritação.

"Só... não faça isso de novo." Ele desvia o olhar para a rua, como se quisesse fingir que nada aconteceu.

Engulo em seco, esfregando o pulso dolorido, tentando controlar o turbilhão de emoções dentro de mim. Parte de mim quer socá-lo, questionar essa atitude absurda, mas outra parte sabe que isso só pioraria a situação.

Antes que eu possa pensar em uma desculpa para não deixar Troy entrar no meu apartamento, sinto uma sombra imensa me cobrir. Viro-me e dou de cara com o homem que vi na frente do restaurante na noite passada.

Meu Deus...

De dia, ele parece ainda mais impressionante. Alto, deve ter pelo menos 1,80m, ombros largos e um físico impecável. Agora, sem camisa, consigo ver todas as suas tatuagens. Ele usa apenas uma calça de moletom que cai perfeitamente em seus quadris. O cabelo loiro brilha sob a luz do sol, e os olhos azuis, intensos como o oceano, me encaram com uma expressão firme e protetora. Seus lábios são tão perfeitamente desenhados que tenho que cerrar os punhos para não me perder na fantasia de beijá-los.

Por que ele tem que estar sem camisa?

Troy é o primeiro a quebrar o silêncio, a expressão ainda irritada.

"Quem diabos é você?" Ele rosna, franzindo a testa.

O homem, que até agora nem sabia como chamá-lo, desvia o olhar para Troy, uma expressão tão fria quanto seus olhos.

"Me chamo Iron." Sua voz é calma, mas intimidadora. "Acabei de me mudar para esse prédio. Só parei para garantir que você não estava incomodando ela."

"Incomodando?" Troy dá uma risada cínica, cruzando os braços. "Vai cuidar da sua vida, cara."

Iron não se move, seus olhos permanecem fixos em Troy, e há uma tensão quase palpável no ar.

"Vou te dar um aviso só uma vez." Sua voz é baixa e ameaçadora. "Se eu te ver colocando as mãos nela novamente, vou quebrar o seu braço."

Troy faz uma careta de desdém, mas vejo a hesitação em seu olhar. Ele não é um cara de briga e sabe reconhecer uma ameaça séria quando vê uma.

"Isso não é da sua conta, grandão." Ele resmunga, fingindo coragem. "Essa é uma conversa entre eu e ela."

Iron não desvia o olhar, e o silêncio que se instala parece sufocante. Finalmente, Troy bufa, jogando as mãos para o alto.

"Que se dane. Te vejo mais tarde no trabalho." Ele me lança um último olhar antes de marchar em direção ao carro estacionado na frente do prédio.

Assim que ele se afasta, sinto meus ombros relaxarem, como se um peso gigante tivesse sido retirado das minhas costas.

"Você está bem?" Iron pergunta, sua expressão suavizando um pouco enquanto me olha com preocupação.

Por um momento, fico sem palavras. Foi um ato tão protetor e inesperado que ainda estou tentando processar.

"Sim... eu... estou." Gaguejo, tentando controlar o rubor que esquenta minhas bochechas. "Obrigada por... por isso."

Ele dá um meio sorriso, que acentua a perfeição dos seus lábios, e sinto meu coração acelerar.

"Não precisa agradecer." Ele dá de ombros. "Ninguém merece ser tratado desse jeito."

Aceno com a cabeça, ainda meio sem acreditar que isso acabou de acontecer. Ele me protegeu, mesmo sem me conhecer direito.

"Bem, vou voltar para a minha corrida." Ele aponta com a cabeça na direção oposta. "Se precisar de qualquer coisa... só bata na porta."

"Certo." Sussurro, tentando encontrar algo inteligente para dizer, mas falhando miseravelmente. "Obrigada mais uma vez."

Iron acena antes de se afastar, e eu fico ali parada, observando seu andar firme e confiante, enquanto me questiono se ele é realmente o mesmo homem que vi na frente do restaurante naquela noite.

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