Eu deveria voltar. Eu sussurrei para mim mesmo. Cada passo pelo corredor até a porta do banheiro era um teste para minha força de vontade. Grave ainda estava na mesa, e Simon em algum canto do restaurante. Eu deveria dar meia-volta e esquecer essa merda. Mas, quando abri a porta, toda essa lógica desmoronou. Elise estava ali, na frente do espelho. Seus olhos estavam fechados, as duas mãos apoiadas no balcão da pia, como se estivesse se segurando no próprio controle. Ela era de tirar o fôlego. A cintura fina, as pernas torneadas, os cabelos loiros com ondas perfeitas que caíam até suas costas. O vestido vermelho abraçava cada curva como se fosse pintado nela, e desse ângulo, eu podia ver o lindo decote. Merda. Me aproximei sem pensar e deslizei as mãos para sua cintura. Ela nem sequer abriu os olhos. "Eu pensei que você nunca mais falaria comigo outra vez", disse ela, com a voz baixa, quase um sussurro. Fechei os olhos e encostei o rosto em seus cabelos, inalando o cheiro d
Voltei para minha mesa, ainda sentindo o gosto de Elise nos meus lábios, o perfume dela impregnado na minha pele. Eu precisava de um momento para clarear a mente, mas assim que me sentei, Grave me lançou um olhar afiado. Ele inclinou a cabeça, avaliando meu rosto como se pudesse arrancar a verdade de mim. Então, abriu um sorriso torto. "Então... o jantar já acabou para você, né?" Eu não respondi, apenas peguei meu copo e bebi um gole do Whisky. "O que aconteceu no banheiro com a loira?" ele perguntou, estreitando os olhos. Minhas sobrancelhas franziram. "Desde quando você a chama assim?" Grave riu baixo e ergueu as mãos em rendição. "Relaxa, irmão. Só estou curioso. Você voltou parecendo que foi atingido por um raio." "Apenas conversamos." Minha resposta veio seca. Ele bufou. "Sei." Grave deu um gole na própria bebida, ainda me estudando. "E por acaso essa conversa envolveu você com a boca na dela?" Lancei um olhar de advertência, mas ele apenas riu de novo. Ele sabia. Gr
PONTO DE VISTA DE ELISEAssim que voltei para a mesa, minha decisão já estava tomada. Eu precisava encerrar tudo com Troy e sua família. Depois do que aconteceu com Trent no banheiro, ficou claro para mim que o que eu tinha com Troy nunca passaria de algo conveniente, algo seguro. Mas com Trent… aquilo foi visceral, inegável.Me aproximei da mesa e percebi que a mãe de Troy falava algo sobre mim, mas escolhi ignorar. Não me interessava mais o que aquela família pensava."Eu preciso ir. Isso tudo foi um erro." Minha voz soou firme, sem espaço para argumentação.Os olhares ao redor da mesa se voltaram para mim, surpresos com minha decisão repentina. Mas eu não esperei respostas. Apenas me virei e caminhei para a saída, sentindo o peso daquele jantar sufocante finalmente começar a se dissipar.Mas, claro, Troy não deixaria isso passar.Antes que eu alcançasse a porta, senti sua mão firme agarrando meu braço. Seu aperto era forte, carregado de frustração."O que diabos foi isso, Elise? Ac
"E o que ela queria?" minha mãe perguntou, a voz carregada de tensão.Ela largou a faca e o legume no balcão com um baque surdo. Eu vi seus ombros ficarem rígidos, e pela primeira vez naquela noite, um vislumbre de preocupação passou pelo seu olhar enevoado pelo álcool.Respirei fundo antes de responder:"Ela quer que você se trate... ou Mel terá que ir para um abrigo."Minha mãe apertou os lábios, desviando o olhar."Se isso acontecer, você pode ficar com ela." ela falou com muita certeza em seu olhar "Você sabe que eu não sou contra essa ideia, mas..." Hesitei por um instante. "Eu só não quero que as pessoas pensem que sou uma péssima mãe."Ela riu sem humor."Ou que sou drogada e bêbada."Soltei um suspiro cansado e esfreguei o rosto."Mãe? Todos já acham isso. Pelo amor de Deus!"Ela me encarou, e por um segundo, vi um lampejo de dor em seus olhos. Mas ele sumiu tão rápido quanto apareceu."Eu não posso ficar com Mel." Disse, mais para mim mesma do que para ela.Minha mãe franziu
Raios de sol atravessam a cortina fina do meu quarto, iluminando o espaço em tons dourados e lentamente me incentivando a acordar.Sinto algo pesado me prendendo, um calor familiar envolvendo meu corpo. Braços firmes e quentes me seguram contra um peito sólido, como se eu pertencesse ali.Eu cutuco o braço preguiçosamente, sussurrando:"Sai de mim..."Mas ele não se move.A respiração profunda contra meu cabelo me faz congelar. Meus olhos se abrem em pânico, e eu me sento de repente, olhando ao redor do quarto.As paredes são pintadas em um tom suave de azul-acinzentado, combinando com os móveis modernos e minimalistas. Minha cama, grande o suficiente para duas pessoas, tem lençóis brancos e uma manta felpuda que deixei jogada no pé da cama. Perto da janela, há uma escrivaninha com alguns cadernos e um porta-retratos com uma foto minha e de Mel. Uma pequena estante ao lado exibe livros e alguns enfeites simples."Bom dia"A voz rouca e sonolenta me desperta de vez.Me viro rapidamente
Enquanto nos acomodamos melhor na cama, conto para Trent sobre o jantar com Troy e sua família. Falo sobre o olhar de julgamento da irmã dele, as palavras afiadas e o modo como me fizeram sentir como se eu nunca fosse boa o suficiente. Reviver aquilo me dá um nó na garganta. As lágrimas ameaçam cair, mas antes que isso aconteça, Trent leva a mão ao meu rosto, seus dedos ásperos e quentes acariciando minha bochecha com uma gentileza surpreendente."Não chore, linda" ele murmura. "Tudo vai ficar bem, eu te prometo."Seus olhos são sinceros, carregados de algo que me faz acreditar em suas palavras, mesmo que nada na minha vida esteja certo agora.Eu respiro fundo, tentando aliviar a tensão, e mudo de assunto:"Que tal tomar aquele café da manhã?""Claro que sim!" Trent se levanta da cama de um jeito despreocupado, alongando-se.Meu olhar cai para seu corpo antes que eu possa evitar. Ele veste uma calça de couro preta que se ajusta perfeitamente às suas pernas fortes e bem torneadas. A re
Trent coloca uma das mãos firmes nas minhas costas, guiando-me até uma das cadeiras com um gesto natural, como se sempre tivesse feito isso. Grave, por outro lado, desliza um prato generoso na minha frente, repleto de ovos mexidos, bacon crocante e salsichas douradas. Antes mesmo que eu agradeça, ele me lança uma piscadela brincalhona."Come, loira. Fiz com carinho." Seu tom rouco tem um toque de humor, e eu quase sorrio ao vê-lo ainda usando meu avental, que claramente não foi feito para um homem do tamanho dele. Sem falar seu apelido fofo que ele me deu.Trent se apoia no balcão à minha frente, os músculos de seus braços se destacando enquanto ele cruza os dedos sobre a superfície. Eu levo um garfo de ovos à boca, mas quase engasgo ao notar como cada movimento dele faz seus bíceps ficarem ainda mais evidentes. Deus, ele precisa mesmo ser tão... grande?Ele pigarreia, me puxando de volta à realidade. "Eu queria falar com você sobre uma coisa."Mastigo rapidamente, limpando os lábios
A noite caiu, e o bar estava movimentado. Depois que Trent saiu com Grave, deixando-me sozinha com meus pensamentos, fiz de tudo para não pensar demais. Se parasse por um segundo, minha mente desmoronaria.Vestida com meu uniforme, voltei ao trabalho, atendendo mesas sem descanso. O bar estava lotado, o som da música misturando-se às conversas altas e ao tilintar dos copos. Minha amiga Baby estava ocupada, equilibrando uma bandeja cheia de cervejas enquanto sorria para um grupo de clientes barulhentos.Foi quando notei Grave entrando. Ele caminhou diretamente até o balcão, sua presença chamando atenção sem esforço. A jaqueta de couro dos Ceifadores de Ferro MC descansava sobre seus ombros largos, e sua expressão era ilegível enquanto ele pedia uma bebida.Eu teria ficado ali o observando, mas o barman se aproximou."Acabamos com a cerveja favorita dos clientes. Pode pegar mais no depósito?"Assenti, limpando as mãos no avental antes de seguir para a pequena porta no fundo do bar. O de