Capítulo 3
Pérola trouxe a lista do enxoval de casamento e disse:

– Durante este ano, a senhorita subsidiou 240 mil pratas em despesas, mas as lojas, casas e propriedades não foram tocadas. Os recibos bancários e os documentos de propriedade da marquesa estão todos trancados em uma caixa.

– Eu sei... – Bianca olhou para a lista. Sua mãe havia lhe dado um enxoval de casamento extremamente generoso, com receio de que ela sofresse na casa do marido. Isso a fez sentir uma dor aguda no coração.

Pérola perguntou com tristeza:

– Senhorita, para onde podemos ir? Por acaso, ainda podemos voltar para a Casa do Marquês? Ou podemos voltar para Montanha Merinda, que tal?

Imagens sangrentas da Casa do General piscaram diante dos olhos de Bianca, e pensando nesse casamento miserável que teve, ela sentiu uma dor repentina no coração.

– Qualquer lugar é melhor do que ficar aqui. – Murmurou Bianca.

– Se a senhorita for embora, estará cedendo felicidade a eles.

Bianca disse com indiferença:

– Então que assim seja. Se eu não for embora, passarei o resto da minha vida sendo atormentada pelas demonstrações públicas de seu amor mútuo. Pérola, agora só resta a mim na Casa do Marquês, devo viver bem para que meus pais e irmãos possam descansar em paz.

– Senhorita! – Pérola chorou amargamente. Ela era uma serva nascida na Casa do Marquês do Norte, e todos os membros da casa haviam sido massacrados, incluindo sua própria família.

Se elas deixassem a Casa do General, deveriam voltar para a Casa do Marquês? Mas tantas pessoas haviam morrido na Casa do Marquês, cada canto seria uma lembrança dolorosa.

– Senhorita, não tem mais nenhuma outra opção? – Pérola perguntou ansiosa.

Bianca baixou seus olhos sombrios, respondendo:

– Tem sim, posso ir até o Imperador e usar os feitos militares de meu pai e irmãos para forçá-lo a revogar o decreto de casamento. Se o Imperador não concordar, então eu me jogo de cabeça na parede e morro no seu Pavilhão Supremo.

Pérola ficou assustada e se ajoelhou apressadamente, clamando:

– Senhorita, não pode fazer isso de jeito nenhum!

Bianca mostrou frieza nos olhos, mas falou sorrindo:

– Você acha que sou tão tola assim? Mesmo se eu chegar ao Pavilhão Supremo, apenas imploraria pelo decreto de um divórcio pacífico.

A união de Renato com Fabiana foi um casamento concedido pelo decreto do Imperador. Portanto, se ela pedir um divórcio pacífico, também buscará um decreto. Ela sairá daqui com dignidade, em vez de sair silenciosamente como se estivesse sendo expulsa.

Com as riquezas que restavam na Casa do Marquês do Norte, ela podia se sustentar tranquilamente pelo resto da vida, não havia necessidade de se submeter a ninguém.

Alguém chamou lá fora:

– Senhora, a Sra. Guerra está lhe chamando!

Pérola sussurrou em voz baixa:

– É a serva Azulinha da Sra. Guerra. Senhorita, temo que ela a queira persuadir a aceitar tudo isso.

Bianca ficou séria e se levantou, murmurando:

– Então vamos.

O pôr do sol tingia o céu de vermelho e o vento outonal soprava suavemente.

A Casa do General foi concedida ao avô de Renato pelo antigo Imperador, e os Guerra já foram uma família proeminente, mas, naquele momento, estava em declínio.

A maioria dos filhos da família Guerra estava lutando no campo de batalha, eram poucos os que se tornaram funcionários civis da corte. Além disso, o pai de Renato, José, não teve sucesso em sua carreira, e seu segundo tio, Horácio Guerra, era apenas o vice-prefeito da Prefeitura da Capital. Apenas Renato e seu irmão mais velho, Benício Guerra, tinham algum poder no exército, mas ainda eram apenas generais de quarta categoria até que venceram essa guerra.

Mesmo depois de casados, a família de José e a família de Horácio não se separaram e continuaram morando na Casa do General. Afinal, uma separação só levaria a um declínio ainda mais rápido.

Bianca foi com a Pérola até o quarto da Sra. Guerra. A velhinha parecia estar em melhor saúde e estava meio deitada na cama, olhando sorridente para Bianca.

– Você chegou!

No quarto estavam também o irmão mais velho de Renato, Benício, e sua esposa, Cibele. A irmã mais nova, Sasha Guerra, e outros filhos de concubinas também estavam presentes.

A esposa de Horácio, Lovane, também estava sentada ao lado, mas havia uma expressão fria em seu rosto, seu olhar parecia um pouco desdenhoso.

– Sogra, tia Lovane, tio Horácio, cunhada! – Bianca cumprimentou os presentes de acordo com a etiqueta usual.

– Bianca, venha! – A Sra. Guerra pediu para que ela se sentasse na frente da cama e segurou sua mão afetuosamente, dizendo com satisfação. – Agora que o Renato voltou, você também tem um apoio. Este ano foi realmente difícil para você, e com os acontecimentos em sua família, você é a única da Casa do Marquês do Norte agora. Felizmente, tudo já se passou.

A velha Sra. Guerra realmente era uma pessoa perspicaz, levantando primeiro a questão de que a família de Bianca não tinha mais ninguém e que ela dependeria da família Guerra para tudo no futuro.

Bianca puxou a mão de volta e disse indiferentemente:

– A senhora já conheceu a General Fabiana hoje?

A Sra. Guerra não esperava que ela fosse tão direta e seu sorriso se tornou tenso por um momento, mas logo sorriu e disse:

– Já conheci. Ela é uma pessoa rude, e a aparência dela não se compara à sua.

Bianca olhou para a sogra e perguntou:

– Então a senhora não gosta dela, certo?
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