Catarina Marchetti — Alô?— Oi, você está em casa? — eu conhecia essa voz, não tinha certeza, e não podia dar uma bola fora caso não fosse.— Quem é?— Você sabe quem é. Você está em casa ou nao? — era ele. Certeza.— Eu estou, mas já estou deitada para dormir. O que você quer? Descobriu algo?— Não quero falar por telefone, quero te ver.Eu não queria vê-lo, ainda mais essa hora da noite. Eu queria muito saber o que ele descobriu e estava curiosa, mas sabia que a circunstância ia acabar fazendo eu ceder para ficar com ele de novo, e eu não queria isso.— Então amanhã você vem aqui e a gente conversa. — eu estava sendo firme, mostrando que estava decidida a me manter longe, desliguei o telefone.Deitei e não conseguia mais dormir. Será que eu fiz a escolha certa? As possibilidades do que poderia acontecer ficavam passando na minha mente me impedindo de descansar, até que meu celular vibrou com uma mensagem de um número desconhecido, o mesmo que me ligou antes.“Sai que eu estou aqui
Dante BaldiniDespertei com a cabeça latejando, uma ressaca insistente que me fazia recordar dos excessos da noite anterior. As imagens embaçadas da busca por Catarina ecoavam em minha mente, que merda.Enquanto tentava me situar na cama, a porta se abriu bruscamente. Beatrice adentrou o quarto com expressão furiosa.— Dante, eu preciso sair dessa casa! A sua mãe não para de me encher o saco pedindo um neto. Fora que eu não posso fazer nada, que ela fica em volta de mim. Minha cabeça rodava e a voz dela urrava na minha cabeça. Eu só queria pensar em paz, então levantei coloquei uma roupa me arrumando para sair já.— Eu vou arrumar uma casa para a gente, sem minha mãe, sem ninguém junto. Aí você fica livre pra fazer o que quiser, ok?! — peguei minha carteira e meu celular e sai. Eu tinha coisas para resolver, coisas mais importantes do que uma esposa que não queria ser esposa e uma mãe se intrometendo em tudo. Cheguei à casa de Dom Nero, sentindo a tensão crescer enquanto me preparav
Catarina MarchettiEu estava distraída, mexendo no celular enquanto meu nonno assistia novela. De repente, uma notificação piscou na tela do celular. Era uma mensagem de Cecília, algo que me surpreendeu. "Oi, Catarina! Que tal sairmos juntas hoje? Acho que seria legal nos conhecermos melhor."Fiquei estática por um momento, surpresa com o convite. Era bem óbvio que ela não gostava de mim, mas eu não tinha nada para fazer mesmo. Um sorriso tímido se formou em meu rosto enquanto eu respondia, concordando animadamente com a ideia.Horas depois encontrei Cecília em uma padaria, a atmosfera inicialmente tensa se dissipou, substituída por risos genuínos e histórias compartilhadas. Descobrimos interesses comuns como livros e séries, e percebi que talvez a amizade poderia se formar mesmo em meio a mal-entendidos passados.A empolgação aumentou quando Cecília sugeriu que nós fôssemos a uma balada na cidade, e disse que eu poderia posar na casa dela depois. A perspectiva de uma noite de divers
Dante BaldiniObservo atentamente as planilhas de finanças, enquanto ao meu lado, Nero analisa os números com uma expressão séria. A atmosfera na casa de apostas é carregada de seriedade, mas a eficiência da dupla era inquestionável.O celular de Nero irrompe em som, interrompendo a concentração da reunião. O rosto dele muda instantaneamente ao atender a ligação, seus olhos refletindo uma notícia sombria. Vicente está do outro lado da linha, e as palavras que ele pronuncia fazem o chão desaparecer sob os pés de Nero. Dom Lauro faleceu.Percebo a devastação nos olhos de Nero e decido acompanhá-lo, juntamente com Adolfo, até o local onde o corpo está sendo mantido à espera do velório. O silêncio entre nós três é pontuado pelo peso da perda iminente.— Preciso achar a Catarina! Ela deve estar em choque.— Nero, eu acho que ela ainda está lá em casa com a Cecília, provável que ela nem saiba o que aconteceu.— Voce resolve o que tem para resolver aqui do corpo e do velório? Eu vou buscá-la
Catarina Marchetti Despertei com o som persistente do meu celular. Esfregando os olhos, peguei o dispositivo e viu uma mensagem de Dante. Ele estava a caminho para me buscar e juntos iríamos visitar alguns apartamentos disponíveis para aluguel. A ideia de deixar a casa do nonno, que falecera na semana passada, ainda pesava em meu coração, mas a perspectiva de viver sozinha e ter minha liberdade era animadora.Ao descer as escadas, o vazio da casa ecoava com lembranças da presença afetuosa de seu avô. Respirei fundo, afastando a tristeza momentaneamente, focando na empolgação do novo capítulo que se aproximava.— Bom dia, Catarina. Pronta para encontrar o lugar perfeito? — ele chegou com um sorriso encantador.Eu assenti, tentando esconder a melancolia por trás de um sorriso. Juntos, fomos ao primeiro apartamento na região central da cidade. Chegando lá, ele ficou impressionado com a segurança do prédio. Câmeras, porteiro 24 horas, tudo indicava um ambiente seguro e aconchegante.— Vo
Dante BaldiniO sol da tarde lançava sombras longas sobre as ruas enquanto eu caminhava em direção à imponente mansão de Dom Nero. O convite para uma conversa particular despertou a minha curiosidade e eu ponderava sobre as possíveis razões da reunião.Dom Nero, com seu olhar penetrante, me recebeu em seu escritório luxuosamente decorado. O aroma de charutos finos pairava no ar enquanto ele me pedia que sentasse. — Dante, estou pensando em um empreendimento para manter Catarina ocupada. Ela precisa de algo que ocupe o tempo, e também para que aprenda a lidar com os negócios. Queria que você me ajudasse.— Isso pode ser interessante. Talvez um restaurante, algo que ela se sinta à vontade, de comida brasileira, que tal? Seria algo único aqui, e ela se sentiria em casa.Surpreendentemente, Dom Nero concordou, vendo o potencial na sugestão. Juntos, embarcamos na jornada de estabelecer o restaurante. Encontramos um local encantador, no coração da cidade. O espaço precisava de alguns ajust
Catarina MarchettiEu olhava através dos andaimes, admirando o esqueleto de concreto do prédio em obras. Meu pai, um sorriso radiante no rosto, colocou a mão carinhosamente em meu ombro e disse:— Catarina, este será o seu restaurante. — Os meus olhos brilharam de animação. — Para mim? Sério, pai? — Ele assentiu, revelando os planos de transformar aquele espaço em um pedaço do Brasil naquela cidade distante.— Vamos fazer deste lugar um pedaço da sua casa, Catarina. Eu quero que as pessoas sintam a calorosa hospitalidade brasileira aqui.Ao longo das semanas, nós trabalhamos juntos, escolhendo móveis e decidindo sobre a decoração. Eu contribuía com ideias animadas, e o lugar começou a ganhar vida com cores vibrantes e elementos que remetiam à cultura brasileira. Eu me sentia em casa mesmo antes da inauguração.Durante uma tarde de planejamento do cardápio, meu pai sugeriu:— E se tivermos feijoada aos sábados? E algumas caipirinhas especiais?— Sim, pai! E vamos garantir que tenhamos
Dante BaldiniEu mergulhava na rotina agitada do Recanto Brasileiro com uma empolgação crescente a cada dia. Entre panelas borbulhantes e o aroma de temperos exóticos, descobria um novo mundo de sabores e experiências. Enquanto ajudava Catarina na gerência, admirava sua destreza e a forma como ela comandava a equipe com pulso firme.— Catarina, como você faz isso parecer tão fácil?— Ta no meu sangue ser chefe. — ela disse rindo.Enquanto o restaurante prosperava, as mesas estavam sempre ocupadas, e os clientes elogiavam cada prato servido. A atmosfera era animada, e a combinação de sabores atraía os amantes da gastronomia de todos os cantos da cidade. Enquanto tudo fluía harmoniosamente, havia um cliente que começava a me incomodar. Era um homem que aparecia todos os dias, sentava-se no mesmo lugar e não perdia a oportunidade de flertar com Catarina.— Eu não sei o que é melhor aqui, a comida ou a dona! — o cara não parava de dar cantadas nela, e ela dava moral para ele. Aquilo já es