Me mexo na cama incomodada, fico de bruços e coloco o travesseiro sobre a cabeça, tentando abafar qualquer som que me obrigue a levantar. Solto o ar frustrada, pois as batidas na porta não cessam, ao contrário, elas se intensificam.Jogo a coberta para longe de mim, colocando os pés no chão gelado e andando em direção a porta, enquanto esfrego os olhos com as costas da mão. Ainda bêbada de sono, seguro na maçaneta e abro. Me escorando nela e encarando a pessoa que tanto perturba meu momento de descanso. Quando meus olhos focam em Isaac, sinto que os arregalei, pois ele instantaneamente me fita de cima a baixo.— Não imaginei que o desfile seria logo a essa hora da manhã. — É a primeira coisa que ele fala e só aí me lembro de algo.Fecho a porta na mesma hora, sabendo que fui burra o bastante para dormir somente de calcinha e um top. O calor estava insuportável pela madrugada, quase dormi totalmente pelada, ainda bem que isso não ocorreu.— Bom dia, bela adormecida! — Escuto sua voz do
Assim que entramos na cafeteria, já sigo em direção ao meu banco habitual e abro um sorriso para a atendente.— Bom dia, Lara! — Apoio as mãos no balcão, me auxiliando para sentar. — Quero a bebida de sempre e um pedaço de brownie... generoso.— Bom dia, Cass! Já venho com seu pedido. — Assinto diante de seu comentário e giro na cadeira, apoiando os cotovelos no balcão e encarando o local.Vejo Isaac sumir na porta que leva a escada que no fim tem o escritório e também algumas pessoas sorrindo, comendo, conversando animadas e principalmente amando o ambiente acolhedor.— Cass, você por aqui. — Escuto a voz de Daniel e giro rápido, abrindo um sorriso para ele.— Senti saudades de conversar com você.— Esteve aqui há uns dias atrás. — Diz cruzando os braços e arqueando a sobrancelha.— Pra você ver como eu gosto de ouvir você reclamando em como é ruim no free fire. — Abro um sorriso zombeteiro, tentando não deixar escapar uma risada.— Ei, eu não sou ruim... — Reclama.— Os outros que s
A casa está imersa em escuridão quando chego, a passos lentos ando em direção ao quarto. Suspirando fundo e com a mente trabalhando em uma velocidade anormal. Quando finalmente entro no quarto, me apresso para tomar um banho. Tiro a roupa pelo caminho e logo entro embaixo do chuveiro, ligando a água e deixando ela levar toda a tensão sobre meus ombros. Meu celular tocou algumas vezes durante meu trajeto no ônibus. O motivo do meu surto estava me ligando, mas eu ignorei o máximo que consegui. Quando cheguei ao limite, apenas atendi e pedi para ele me deixar em paz, que eu preciso pensar. Não sei como vou encarar ele novamente. Céus, eu estou tão confusa. No mesmo instante que eu achei ele um abusado, eu simplesmente senti cada parte do meu ser tremer enquanto recebia o beijo. Eu certamente não queria ter certeza que todo o meu estremecer perto do homem e ciúmes, seria por estar descaradamente apaixonada pelo meu chefe. Isso é uma merda. — Eita, cacete. — Choramingo. — O que você fez,
Me sinto desperta e atenta, mas ao mesmo tempo não consigo mover meu corpo. Sinto agonia, nervoso e não sei bem o porquê. Me desespero, sinto minha mente ativa, sinto meu corpo ser jogado, arrastado e machucado. Sinto que quero gritar dentro desse lapso que estou presa, mas não consigo sequer mover ou sair. Eu grito, mas não escuto o som que meus lábios deveriam produzir. Eu quero acordar, mas meu corpo não quer acompanhar meu desejo de sair desse pesadelo que mal sei o que representa.Tudo fica escuro de repente, um silêncio se instala e meu olhar percorre todo o ambiente, mesmo que imerso em escuridão. Estou em pânico. Não sinto mais nada do que senti antes, grito que quero sair daqui, mas apenas sinto o impacto de algo em meu corpo e caio no chão. Sou massacrada por diversas lembranças terríveis que vem em minha direção e se chocam contra meu corpo, como pedras afiadas prontas para me machucar. Tento levantar e correr, mas meu corpo é puxado por uma energia que me gruda no lugar.A
Abro os olhos com certa dificuldade, mas o sono já se dissipou e nem posso tentar dormir de novo. Me sinto bem desperta e talvez eu tenha noção do por quê, pode ser pelo peso de um braço sobre minha cintura. Mordo os lábios tentando mexer o mínimo que posso, para não acordar o homem atrás de mim. É, quem diria que eu iria dormir de conchinha com Isaac. Confesso que nem em sonhos isso passou pela minha cabeça, apenas divaguei uma vez ou outra sobre isso de brincadeira. Seguro as mãos dele gentilmente e levanto devagar, colocando ela sobre seu próprio quadril. Quando finalmente me sento e penso em levantar, sua voz me faz parar.— Nem pense em fugir. — Solto o ar que nem sabia que estava prendendo e sinto a movimentação na cama. — Nós precisamos conversar.Olho sobre o ombro, vejo enquanto ele com o semblante mais sonolento do mundo se põe a sentar e como sempre, sem camisa.— Eu só ia no banheiro. — Falo a primeira coisa que me vem à mente, para não dar a ele o gostinho de achar que es
— Eu quero me demitir! — Solto logo de uma vez e vejo que ele não esperava isso. — Mas eu vou cumprir o aviso, preciso achar uma forma de contar aos meninos. — E passo por ele, decidida a ficar longe.— Você não pode fazer isso. — Ele se manifesta, vindo atrás de mim. Seguro na maçaneta, mas ele põe a mão na porta, ficando atrás de mim e me impedindo de abrir. — Se for pelo que aconteceu ontem, me desculpe. Eu prometo que não vai mais acontecer. Por favor, não faça isso.Fecho os olhos e apoio a cabeça na porta, não conseguindo controlar o choro que vem. Eu sabia que isso um dia teria de chegar ao fim, mas não imaginei que fosse pelo motivo de algum tipo de envolvimento entre Isaac e eu.— Eu me lembro de quando Genevieve disse que conhecia meu tipo. — Começo a falar. — A pobre serviçal que conquista os filhos e depois o pai. Eu ri dela, sabe? Não achei que todo aquele ódio de início pudesse levar ao que ela insinuava. Lembro também de quando você olhou nos meus olhos e me fez sentir
Parece que não demorou muito para Isaac cair na real e perceber que não sentia nada por mim. Ele simplesmente mudou e está mais ranzinza do que nunca. O clima na casa ficou péssimo depois daquele dia do término do que nem começou. Eu acho que fiz a coisa certa, visto que não daria certo, mas sinto falta das nossas interações. Das brincadeiras, piadas e até das brigas, coisas inexistentes nesse mês que passou. Nossos diálogos foram baseados em conversas cordiais, quando eu precisava falar de algo sobre os meninos e também os simples cumprimentos do dia a dia. Acho que nem os meninos estão entendendo isso e me parte o coração saber que a causa disso tudo sou eu.Felizmente, para ele, irei embora assim que a viagem acabar. Estamos prestes a levantar voo e seguir rumo à vinícola dos avós de Isaac. Acho que se ele não tivesse gastado uma fortuna e também me dito aquele dia para ir, certamente não gostaria que eu fosse. Mesmo com esse drama todo, estou tentando me adaptar e reinventar, alé
Eu não consegui fechar a boca desde que descemos do avião e entramos no carro. Como uma criança vendo uma doceria perfeita pela primeira vez. Acho que é como sempre imaginei que reagiria ao entrar na fantástica fábrica de chocolate, eu definitivamente surtaria de emoção. Essa é minha primeira viagem para fora do país, estou muito animada. Fiquei extremamente encantada com as paisagens e o caminho que nos trouxe até Toscana, onde ficaremos. A vinícola que Grandão mencionou certa vez, que pertence aos avós do Isaac é aqui e eu estou muito ansiosa para chegar lá. Deve ser imensa, igual as fotos que vi na internet dessas propriedades. Isaac comentou sobre o local para onde vamos. Seu avô decidiu adquirir uma vinícola e desde então seu hobbie de velhice é produzir vinhos. Eles não produzem apenas, mas também plantam as uvas e fazem todo o processo até chegar ao vinho conhecido por muitos. Só fico imaginando o tamanho da propriedade, deve ser imensa e tenho até medo de me perder em casa. De