A casa está imersa em escuridão quando chego, a passos lentos ando em direção ao quarto. Suspirando fundo e com a mente trabalhando em uma velocidade anormal. Quando finalmente entro no quarto, me apresso para tomar um banho. Tiro a roupa pelo caminho e logo entro embaixo do chuveiro, ligando a água e deixando ela levar toda a tensão sobre meus ombros. Meu celular tocou algumas vezes durante meu trajeto no ônibus. O motivo do meu surto estava me ligando, mas eu ignorei o máximo que consegui. Quando cheguei ao limite, apenas atendi e pedi para ele me deixar em paz, que eu preciso pensar. Não sei como vou encarar ele novamente. Céus, eu estou tão confusa. No mesmo instante que eu achei ele um abusado, eu simplesmente senti cada parte do meu ser tremer enquanto recebia o beijo. Eu certamente não queria ter certeza que todo o meu estremecer perto do homem e ciúmes, seria por estar descaradamente apaixonada pelo meu chefe. Isso é uma merda. — Eita, cacete. — Choramingo. — O que você fez,
Me sinto desperta e atenta, mas ao mesmo tempo não consigo mover meu corpo. Sinto agonia, nervoso e não sei bem o porquê. Me desespero, sinto minha mente ativa, sinto meu corpo ser jogado, arrastado e machucado. Sinto que quero gritar dentro desse lapso que estou presa, mas não consigo sequer mover ou sair. Eu grito, mas não escuto o som que meus lábios deveriam produzir. Eu quero acordar, mas meu corpo não quer acompanhar meu desejo de sair desse pesadelo que mal sei o que representa.Tudo fica escuro de repente, um silêncio se instala e meu olhar percorre todo o ambiente, mesmo que imerso em escuridão. Estou em pânico. Não sinto mais nada do que senti antes, grito que quero sair daqui, mas apenas sinto o impacto de algo em meu corpo e caio no chão. Sou massacrada por diversas lembranças terríveis que vem em minha direção e se chocam contra meu corpo, como pedras afiadas prontas para me machucar. Tento levantar e correr, mas meu corpo é puxado por uma energia que me gruda no lugar.A
Abro os olhos com certa dificuldade, mas o sono já se dissipou e nem posso tentar dormir de novo. Me sinto bem desperta e talvez eu tenha noção do por quê, pode ser pelo peso de um braço sobre minha cintura. Mordo os lábios tentando mexer o mínimo que posso, para não acordar o homem atrás de mim. É, quem diria que eu iria dormir de conchinha com Isaac. Confesso que nem em sonhos isso passou pela minha cabeça, apenas divaguei uma vez ou outra sobre isso de brincadeira. Seguro as mãos dele gentilmente e levanto devagar, colocando ela sobre seu próprio quadril. Quando finalmente me sento e penso em levantar, sua voz me faz parar.— Nem pense em fugir. — Solto o ar que nem sabia que estava prendendo e sinto a movimentação na cama. — Nós precisamos conversar.Olho sobre o ombro, vejo enquanto ele com o semblante mais sonolento do mundo se põe a sentar e como sempre, sem camisa.— Eu só ia no banheiro. — Falo a primeira coisa que me vem à mente, para não dar a ele o gostinho de achar que es
— Eu quero me demitir! — Solto logo de uma vez e vejo que ele não esperava isso. — Mas eu vou cumprir o aviso, preciso achar uma forma de contar aos meninos. — E passo por ele, decidida a ficar longe.— Você não pode fazer isso. — Ele se manifesta, vindo atrás de mim. Seguro na maçaneta, mas ele põe a mão na porta, ficando atrás de mim e me impedindo de abrir. — Se for pelo que aconteceu ontem, me desculpe. Eu prometo que não vai mais acontecer. Por favor, não faça isso.Fecho os olhos e apoio a cabeça na porta, não conseguindo controlar o choro que vem. Eu sabia que isso um dia teria de chegar ao fim, mas não imaginei que fosse pelo motivo de algum tipo de envolvimento entre Isaac e eu.— Eu me lembro de quando Genevieve disse que conhecia meu tipo. — Começo a falar. — A pobre serviçal que conquista os filhos e depois o pai. Eu ri dela, sabe? Não achei que todo aquele ódio de início pudesse levar ao que ela insinuava. Lembro também de quando você olhou nos meus olhos e me fez sentir
Parece que não demorou muito para Isaac cair na real e perceber que não sentia nada por mim. Ele simplesmente mudou e está mais ranzinza do que nunca. O clima na casa ficou péssimo depois daquele dia do término do que nem começou. Eu acho que fiz a coisa certa, visto que não daria certo, mas sinto falta das nossas interações. Das brincadeiras, piadas e até das brigas, coisas inexistentes nesse mês que passou. Nossos diálogos foram baseados em conversas cordiais, quando eu precisava falar de algo sobre os meninos e também os simples cumprimentos do dia a dia. Acho que nem os meninos estão entendendo isso e me parte o coração saber que a causa disso tudo sou eu.Felizmente, para ele, irei embora assim que a viagem acabar. Estamos prestes a levantar voo e seguir rumo à vinícola dos avós de Isaac. Acho que se ele não tivesse gastado uma fortuna e também me dito aquele dia para ir, certamente não gostaria que eu fosse. Mesmo com esse drama todo, estou tentando me adaptar e reinventar, alé
Eu não consegui fechar a boca desde que descemos do avião e entramos no carro. Como uma criança vendo uma doceria perfeita pela primeira vez. Acho que é como sempre imaginei que reagiria ao entrar na fantástica fábrica de chocolate, eu definitivamente surtaria de emoção. Essa é minha primeira viagem para fora do país, estou muito animada. Fiquei extremamente encantada com as paisagens e o caminho que nos trouxe até Toscana, onde ficaremos. A vinícola que Grandão mencionou certa vez, que pertence aos avós do Isaac é aqui e eu estou muito ansiosa para chegar lá. Deve ser imensa, igual as fotos que vi na internet dessas propriedades. Isaac comentou sobre o local para onde vamos. Seu avô decidiu adquirir uma vinícola e desde então seu hobbie de velhice é produzir vinhos. Eles não produzem apenas, mas também plantam as uvas e fazem todo o processo até chegar ao vinho conhecido por muitos. Só fico imaginando o tamanho da propriedade, deve ser imensa e tenho até medo de me perder em casa. De
Estou quase caindo de sono, além de acordar cedo e também ter tido a extensa viagem, a mudança de fuso horário me pegou fortemente. Já são quase nove horas da noite e ainda está claro, que loucura. Acho que não conseguiria morar em um lugar que demora tanto para escurecer, ou conseguiria, acho que é o costume. Não estou mais raciocinando claramente.Estou com o cotovelo apoiado na mesa de madeira que tem na varanda dos fundos e a cabeça apoiada na mão. Às vezes acabo cochilando, quase bato com o rosto na mesa, mas acordo antes. Só que me parece errado ir dormir enquanto todos estão acordados, até as crianças estão bem. Eu cochilei algumas vezes no voo, eles dormiram pesado, mas acho que por vir para cá muitas vezes, já se adaptaram.Pelo menos após tomar banho o sono se dissipou um pouco, mas não totalmente. Pisco mais algumas vezes, mas demoro um bom tempo para abrir os olhos. Céus, estou esgotada. Os adultos estão dentro da casa, Pietro brinca em uma caixa de areia e Andrew está a m
Minha mente começa a trabalhar e resmungo descontente, poderia dormir um pouco mais, só que meu corpo que hibernou não quer. Abro os olhos e espio o quarto imerso em escuridão pelas cortinas fechadas. Vejo o relógio digital sobre a cômoda e está próximo das seis da manhã. Me levanto e abro a janela, o sol já está dando o ar de sua graça.Percebo somente agora que o quarto que estou não é o dos meninos, e sim o de Isaac. Sei disso pela decoração neutra e escura, que lembra muito seu quarto da mansão e também pelas roupas que usou ontem sobre o sofá de canto. Provavelmente dormiu com os filhos e me deixou aqui no quarto dele. Isso deve ter influenciado no sonho que tive, pois seu cheiro agradável inunda todo o lugar.Não lembro muito bem do que sucedeu após ele me pegar no colo ontem, mas dormi impecavelmente bem. O sonho foi bem real, lembro vagamente dele dizendo que sentia algo por mim e que queria que eu sentisse o mesmo, que não queria que eu fosse e ainda me chamou de pequena. Inf