(Esmen) — Não me solte! — abri os olhos imediatamente, temendo que ele deixasse minhas pernas caírem. — Estava fazendo isso apenas para não acordá-la, mas já que despertou… — ele me colocou no chão. — Eu não quero! — fiz cara feia para ele, ainda pendurada em seu pescoço, o obrigando a ficar inclinado na minha direção, com o rosto próximo ao meu. Seus olhos pareciam brilhar com a luz das velas do corredor. Seus cabelos negros caíam dos lados do rosto, e sua típica roupa de dormir tinha um casaco negro por cima. “Ele veio me procurar porque não me encontrou no quarto?” Meu rosto esquentou. — Vamos caminhar agora. — ele colocou as mãos nos meus pulsos, com a intenção de tirá-las do seu pescoço. — Não faça isso! — pedi, apertando minhas mãos até na sua roupa, parecia uma criança mimada. Notando suas feições sérias, percebi que ele queria me castigar por alguma coisa. Então algo brilhou na minha mente. — Isso é porque saí para a oficina do ferreiro? — Anda bem afeiçoada a ele. A
(Esmen) — Como? — me ouvi repetindo o que supostamente falei no passado. — O que recordou? — As mãos de Tauron estavam perto da minha cabeça, e ele me prendia à parede. — Meu pai… — não tinha certeza de como havia sido depois daquilo. Tauron me tirou do loop temporal com sua aproximação constante. — O que lembrou? — ele pareceu meio ansioso. — Tudo, até o momento em que meu pai me levou para o castelo e disse que eu me casaria com você… O que vem depois disso? Tauron afastou-se com relutância. Agarrei minha cabeça dolorida, tentando recordar mais. — Não tente! Precisa descansar! — Ele me ofereceu a mão. Intercalei o olhar entre ele e seus dedos. Deixando as mãos caírem, pensei no que recordava. — Onde está minha mãe? Por que ela não está no castelo? Tauron fechou os olhos por alguns segundos, apertando a mandíbula. Então ele mesmo agarrou minha mão, me puxando para baixo dos seus olhos. — Conversaremos sobre isso amanhã. Quando você estiver melhor. — Por quê? — Sua cabeç
(Tauron) — Não o vi ainda, estava indo para lá antes de decidir vir aqui. — fiquei decepcionado por meu comandante não saber. — Quem mais está com ela? — A lady Ernest, majestade. — Então vá, e não tarde a me trazer notícias! — o fiz se retirar enquanto tentava ser racional encarando o mapa. “Preciso primeiro conhecer as saídas.” Evitei pensar na mulher de olhos esmeraldas para não seguir atrás de Ghedal e observá-la eu mesmo. “Espero não precisar cortar a cabeça de alguém hoje.” (Esmen) O homem nos acompanhando pelo pequeno mercado perto dos muros do castelo era encantador. Seus cabelos castanhos avermelhados lhe davam uma graça única, seus olhos estreitos eram marcantes com sua íris castanha escura. Nariz reto e lábios estreitos em um rosto fino. Ele sempre andava por baixo de um capuz marrom, mas era extremamente caloroso com todos, e não um estranho que pintei como assustador há alguns dias atrás. Percebendo minha atenção demasiada nele, um sorriso se estendeu por seus
(Esmen) Meus olhos baixaram para as pétalas azuis, rosas e brancas das flores no meu buquê. “Companheiro. Ele sequer desejou isso?” — Flores bonitas. Onde as arranjou? — Himal apareceu de repente. Ernest colocou a mão livre contra o peito, suas bochechas coraram, mas ela disse com confiança. — Você as quer? Uma raposa astuta encheu o dono da tenda por elas. Sem que eu percebesse, Himal lançou um olhar preocupado na minha direção. Ele provavelmente compartilhava do mesmo pensamento de todos. “O rei não ficará feliz com sua rainha ganhando cortejos de outra pessoa.” Capturei uma pétala para arrancar, sentindo sua maciez, e a puxei. Naquele exato momento, a loira se desculpou sem motivo aparente e as flores sumiram de minha vista. Himal tinha os dois buquês agora e eu tinha apenas a pétala. Procurei Ernest para mostrar meu descontentamento, mas ela apontou com o queixo para frente, de forma sutil, sussurrou: — Sua majestade. O rei está ali. Imediatamente temi que ele houvesse
(Esmen) Apertei os dedos em seus ombros, disposta a descontar minhas frustrações a qualquer momento. Entretanto, não era seu plano receber algo em troca de suas palavras, de sua rejeição atroz. Ele agiria de acordo com sua vontade, por isso, quis me afastar e empurrá-lo para longe de mim, mas ele não se moveu. Pelo contrário, apertou-me contra ele e tomou meus lábios. Surpresa com o desenrolar da situação, encontrei seus azuis intensos enquanto ele me forçava a fechar os olhos com seu alucinante beijo firme. A pior maneira de cair em uma armadilha era se jogando nela por conta própria, ciente do perigo e das consequências. Eu estava emaranhada na sua rede de caça, envolta com seus braços capazes de matar qualquer ser vivo que desejasse. Desesperada para me livrar do turbilhão que poderia me matar a qualquer momento. Um jogo perdido para mim e uma batalha ganha para ele. Eu cedi, não vigiei, não conseguia mais vigiar se ele estava ou não de olhos abertos, caí na sua armadilha e a
(Esmen) Brasas beijavam meu corpo em sincronia com a atenta observação do rei. Suas mãos sobre mim, alisando cada parte possível, e quais acreditei ser impossíveis no meu próprio corpo. Agarrado a necessidade de controle que me fugia cada vez mais, corria os dedos por seu corpo duro. — Vai voltar atrás neste momento? — custou-lhe a pergunta, a rouquidão e a parte mais rochosa do seu corpo naquele momento delataram sua necessidade. Eu me via escorregando em um desejo estranho de tocá-lo e querer sempre mais que tudo aquilo. — Por quê perguntas? — o fitei, mesmo com bochechas quentes por confiar que precisava mesmo do meu marido naquele instante. — Estou sendo benevolente com você, Esmen. E talvez esta seja a única vez que serei. Me afoguei em seus azuis quase brancos por segundos, mas, para mim, foram minutos. — E quando passará a deixar de ser? — Assim que eu começar! “Isso é bom?” Não tinha certeza se ele avisava para me preparar para o depois, relembrando que n
(Esmen) Água, havia muita água. Me impulsionei para cima com desespero, minhas narinas dilataram e eu acabei abrindo a boca e engolindo água, quase me afogando sozinha. Me inclinei sobre a borda da banheira enquanto tossia freneticamente, minha cabeça doía e meus pulmões pareciam estar sendo arrancados, assim como veias cerebrais pulsantes. O quarto teve a minha tosse incessante como som, mesclado a água que caía pela minha pressa de não me afogar, a água ainda estava agitada ao meu redor. Minha garganta doía por cada tosse, não ouvi alguém correndo até mim naquele instante. — Majestade! A loira de olhos gentis agora os tinha preocupados enquanto tentava se aproximar, sem se importar se suas vestes seriam molhadas. — Meu Deus! — Ela me agarrou pelos braços e me ajudou a sair da banheira. Ernest me enrolou em um tecido felpudo me guiando pelos lados até o quarto. — Minha senhora, o que houve? — Ela andou pelo quarto até trazer uma manta e se sentou ao meu lado, muito preocu
(Esmen) Alguns dias se passaram… Rupher continuava visitando o castelo, com menos frequência que das últimas vezes, mas em uma delas, como hoje, ele decidiu que me daria mais atenção que meu marido, o qual não via muito depois da nossa noite juntos. Parecia me evitar, mas poderia estar realmente ocupado. — Posso dizer que nego sua companhia novamente, nobre senhor! — Tentei afastá-lo de novo, como das últimas vezes, pois preferia estar na companhia de meu rei. Um forte sentimento por Tauron se desenvolveu depois da noite juntos, uma necessidade e um apego incomum. Rupher ficou no segundo plano, quase no esquecimento, se assim ele permitisse. Mas lá estava ele, me pressionando a ficar por perto, tentando me cortejar a todo custo. — Isso fere meus sentimentos, minha senhora! — Suas palavras pareciam ter provocado cócegas em Ernest, que sempre me acompanhava. — Eu disse para desistir. Não disse? Senhor raposa. Rupher levantou um canto do lábio em desdém para a loira; ambos tinham