(Tauron) “Ele retornou?” Observei o pátio do castelo, vendo os quatro cavaleiros correrem para fora. Virei de volta para o escritório, colocando os dedos embaixo do queixo, pensativo. “Onde Esmen está agora?” Esperei a chegada de Ghedal para ser informado sobre o ocorrido, o que não demorou muito. — Sua majestade! — Ele voltou? — Perguntei, enquanto traçava a rota mais rápida para o rei de Vitorian. — Sim, majestade. O viram com a rainha e lady Ernest em alguns minutos. — Ghedal me viu deixar o mapa dos reinos. Coloquei as mãos para trás, encarando-o com postura firme. — No mercado? — Perguntei enquanto o analisava. — Além dele. — Disse hesitante, vendo meu rosto escurecer. — Onde? — A raiva me consumia. “Por que Esmen continua com ele?” Apertei a mandíbula, irritado. Eu já havia lhe avisado para ficar longe dele. — Próximo ao penhasco. — Me viu rodear a mesa, com a mão no cabo da espada. — Como isso aconteceu? — Rosnei próximo dele. Ghedal não se moveu, reconhecendo
(Esmen) Meu coração parecia estar na palma da mão, pulsando dolorosamente, fora do lugar de origem. Receosa com tudo que via ao meu redor, a distância que havia tomado do castelo desta vez, longe de Ernest e perto de Rupher, a quem Tauron disse por tantas vezes que eu deveria manter distância. Infelizmente, havia algo mais em mim. As palavras de Rupher mergulhavam na minha mente, indo e vindo, me levando a querer comprovar sua veracidade. “Quem eu sou para todos eles?” Encarei, de olhos chorosos, o homem que, há pouco, tentava me convencer da sua verdade. Ele quis me tocar, mas me afastei com rapidez, evitando uma tragédia para mim. Rupher balançou a cabeça em negação; seus cabelos castanhos avermelhados estavam com pequenos flocos de neve. Ele tinha um sorriso decepcionado no rosto, não parecia com receio de Tauron. Parecia frustrado, não mostrando malícia para comigo: “Será que me contou a verdade? Ele não quer me utilizar por vingança, mas por estar destinada a ele desde o i
(Tauron) — Tenho a palavra primeiro agora, já que está hesitando. — O meu rival tinha intenção de me desestabilizar através da mente. "Audacioso." Apertei os dentes com chateação. Podia sentir os olhos dela em mim, provavelmente me julgando, amedrontada pelo seu antigo prometido, pois era possível que ele houvesse falado sobre o acordo entre ele e seu pai. "Mas o que mais ele disse?" — Eu não vou lutar, não na frente dela. Estou apenas me defendendo da morte. — Rupher moveu a espada rapidamente quando fiz movimento de ataque. Ele retrocedeu, interceptando minha espada para não se aproximar do seu peito novamente. Continuei o empurrando para a beira do penhasco. Minha irritação estava no limite, pois não conseguia parar de pensar em como Esmen deveria estar preocupada por ele. — Então falhou nisso também! — sibilei irritado. O ruivo riu, olhando para o pouco espaço que tinha entre nós e sua queda. — Vai se render, lutar ou pular? Talvez com uma dessas opções tenha chance de so
(Esmen) "Por que ele fez isso?" Tentava me distrair no meio do caminho, tentando conhecer um pouco do trajeto.Rupher me prendia com seus braços apertando de cada lado enquanto segurava as rédeas do cavalo, o mesmo cavalo que levou para o castelo."Ele é realmente uma raposa." Bufei comigo mesma. “I****a! Como pode confiar nele? Um estranho. Quando Tauron avisou tantas vezes.”Não importava quantas vezes pensasse, a agonia de sequer haver uma possibilidade de não vê-lo mais me atormentava profundamente.Sentia que ficaria doente se não tivesse notícias logo. Queria me agarrar à esperança de que ele estava bem e, mesmo depois do que ouvi de Rupher, desejava que Tauron me seguisse e me resgatasse dos domínios do ruivo astuto."Não importa quem ele seja, o que deveríamos ter. Isso tudo foi plano de Vitorian." Seu nome me causava repulsa. — Não se martirize com tantos pensamentos. Tudo logo vai acabar. — A voz dele soou de cima da minha cabeça.Mantive minha concentração no caminho e
(Esmen)De repente, encontrei clareza. O punhal ali era uma armadilha, e eu precisava me livrar dele. Como haveria algo assim tão fácil? Ele o havia colocado para me submeter a um teste, e eu havia caído muito fácil.Como poderia ganhar sua confiança se tinha falhado na primeira tentativa?Não tinha mais volta. Teria que pensar em algo rápido enquanto ele se aproximava mais.Coloquei a mão no bolso interno e tirei o punhal de lá, sem hesitação. Rupher parou a poucos metros de mim, encarando a cena sem surpresa e com certa decepção.— Agradeço pelo objeto. Ele pode me ajudar muito, principalmente aqui, onde não conheço ninguém. — digo a ele.— Ninguém se atreveria a tocar em um fio de cabelo seu.— Não tenha tanta certeza. Se, de onde me tirou, todos sabem como Tauron faz as coisas, ainda houve quem se atrevesse a me machucar. Como aqui, poderia me garantir isso? — o vi pensar por algum tempo.— Machucaram você? — me vi confusa com sua pergunta.“Ele devia ter aceitado minhas palavras
(Esmen)— Não devia chorar por um monstro como ele. — Estava frustrado.— Ele representou, por meses, alguém que me protegia de todos, até de si mesmo. — não era mentira, pela sua vigília nas janelas do seu escritório.Pelos soldados me acompanhando, por se afastar de mim quando poderia se aproveitar de minha amnésia, por viver repetindo que não me amava ao invés de me enganar com promessas, como Rupher fez.Tauron estava sempre me machucando, mas nunca me iludiu. Nem mesmo quando cheguei em seu castelo, quando me colocou aquela pulseira de tortura ou me prendeu no quarto.Rupher estava cada vez mais irritado, sua pose de bom homem havia sumido, sua paciência evaporado. — O que d****s tem na cabeça para pensar assim? — gritou comigo, como Tauron nunca fez.Fiquei em alerta, me recostando no vidro da janela gigante. “Ele perdeu a compostura tão fácil, o que ele não faria em outro momento?”Tauron um dia me disse que eu seria sua escrava, mas nunca cumpriu com aquela palavra. Ele me l
(Esmen) “Mas não há como amá-lo.” — É vergonhoso, eu sei. Está implorando por algo que parece impossível de me oferecer. — colocou o cotovelo sobre o joelho levantando e a mão contra a coxa que cedeu sobre aquele que estava ao chão. Agora, ele estava sentado sobre uma das pernas mas ainda carregava a desilusão e desespero no rosto. — Mas me permita uma coisa… apenas uma coisa! — o observei em desconfiança. — Me permita tentar conquistá-la, me aproximar e dar todo o amor que eu digo sentir para você. Se com tudo que irei providenciar, deixando livre minhas fraquezas, você não sentir nada. Eu concederei um desejo! — assegurou com tristeza, provavelmente ciente do meu pedido. — Sabe o que quero. — foi a única coisa que eu poderia dizer. — Sim. Mas quero ter esperança que um dia seu desejo venha a ser outro. Que quando o dia chegar eu possa cumprir sob outras palavras, o seu desejo profundo. Em outros tempos, eu me sentiria honrada por ter um homem com tal título e beleza so
(Esmen) — Deixa de ser agourenta, Valácia! — Não vê a verdade na sua cara? Ele só perdeu os tesouros do reino dando para aquele rei louco. No fim das contas, ele nunca foi capaz de dar presente algum para ela. O som de seus passos era pelo quarto inteiro, mas em especial, no centro, onde devia ser na cama. “Ainda bem que não me escondi lá.” Desconfiava que antes de tentar entrar debaixo dela bateria a cabeça ou não conseguiria ter tempo. Seria rapidamente descoberta. — Porque ela não vivia no castelo. O pai dela o enganou. “Aquele homem se comunicava com Rupher constantemente? Ele o enganou por anos?” “Como era possível alguém confiar tanto assim a ponto de não averiguar as palavras do outro?” “Tauron o faria. Ele investigaria se estava tudo certo.” Novamente minha mente só o trazia de volta para mim. — Isso. Esse é o problema, ele foi feito de tolo o tempo todo. Quem sempre ficou com todos os presentes que ele mandava todos os anos no dia do aniversário dela foi o pai dela.