(Esmen) Brasas beijavam meu corpo em sincronia com a atenta observação do rei. Suas mãos sobre mim, alisando cada parte possível, e quais acreditei ser impossíveis no meu próprio corpo. Agarrado a necessidade de controle que me fugia cada vez mais, corria os dedos por seu corpo duro. — Vai voltar atrás neste momento? — custou-lhe a pergunta, a rouquidão e a parte mais rochosa do seu corpo naquele momento delataram sua necessidade. Eu me via escorregando em um desejo estranho de tocá-lo e querer sempre mais que tudo aquilo. — Por quê perguntas? — o fitei, mesmo com bochechas quentes por confiar que precisava mesmo do meu marido naquele instante. — Estou sendo benevolente com você, Esmen. E talvez esta seja a única vez que serei. Me afoguei em seus azuis quase brancos por segundos, mas, para mim, foram minutos. — E quando passará a deixar de ser? — Assim que eu começar! “Isso é bom?” Não tinha certeza se ele avisava para me preparar para o depois, relembrando que n
(Esmen) Água, havia muita água. Me impulsionei para cima com desespero, minhas narinas dilataram e eu acabei abrindo a boca e engolindo água, quase me afogando sozinha. Me inclinei sobre a borda da banheira enquanto tossia freneticamente, minha cabeça doía e meus pulmões pareciam estar sendo arrancados, assim como veias cerebrais pulsantes. O quarto teve a minha tosse incessante como som, mesclado a água que caía pela minha pressa de não me afogar, a água ainda estava agitada ao meu redor. Minha garganta doía por cada tosse, não ouvi alguém correndo até mim naquele instante. — Majestade! A loira de olhos gentis agora os tinha preocupados enquanto tentava se aproximar, sem se importar se suas vestes seriam molhadas. — Meu Deus! — Ela me agarrou pelos braços e me ajudou a sair da banheira. Ernest me enrolou em um tecido felpudo me guiando pelos lados até o quarto. — Minha senhora, o que houve? — Ela andou pelo quarto até trazer uma manta e se sentou ao meu lado, muito preocu
(Esmen) Alguns dias se passaram… Rupher continuava visitando o castelo, com menos frequência que das últimas vezes, mas em uma delas, como hoje, ele decidiu que me daria mais atenção que meu marido, o qual não via muito depois da nossa noite juntos. Parecia me evitar, mas poderia estar realmente ocupado. — Posso dizer que nego sua companhia novamente, nobre senhor! — Tentei afastá-lo de novo, como das últimas vezes, pois preferia estar na companhia de meu rei. Um forte sentimento por Tauron se desenvolveu depois da noite juntos, uma necessidade e um apego incomum. Rupher ficou no segundo plano, quase no esquecimento, se assim ele permitisse. Mas lá estava ele, me pressionando a ficar por perto, tentando me cortejar a todo custo. — Isso fere meus sentimentos, minha senhora! — Suas palavras pareciam ter provocado cócegas em Ernest, que sempre me acompanhava. — Eu disse para desistir. Não disse? Senhor raposa. Rupher levantou um canto do lábio em desdém para a loira; ambos tinham
(Esmen) O frio intenso parecia querer despedaçar o teto velho, feito de telhas de barro sobre nossas cabeças, pois vinha acompanhado de um vento forte, capaz de arrepiar qualquer corpo mal vestido. Busquei minha mãe pela pequena casa e a encontrei perto do fogão a lenha, onde havia uma panela completamente cheia de sopa, em sua última fase, quase pronta para ser servida. Seu corpo magro, como o meu, envolto em roupas surradas e finas, era aquecido pelo calor do fogo, ao qual ela se mantinha próxima, mexendo na sopa. O único casaco de pele quentinho que possuíamos estava sobre meus ombros. Eu o daria a ela quando se sentasse à pequena mesa junto comigo. Por hora, me aferrava a ele como se fosse a salvação da minha vida. Com o capuz cobrindo meus cabelos castanhos escuros, ainda sentia minhas bochechas queimando. O frio intenso passava pelas fissuras na madeira desgastada da porta estreita, soprando diretamente no meu rosto. Deixei apenas os olhos verdes, como esmeraldas, de fora
(Esmen) Não recuei. Havia mais soldados de todos os lados, e eu ainda tinha esperança de que ele estivesse errado sobre a paternidade. Quando se aproximou o suficiente, ele me dirigiu a palavra: — Você é minha filha. Abri a boca para contestar, mas soube pelo seu olhar reprovador que não era tudo o que ele tinha a dizer. — E será preparada para casar com o rei Tauron, hoje à noite. Meus olhos saltaram. Agora não havia permissão ou tradição alguma que me fizesse ficar calada. — Como? — Você, Esmen, será a mulher do rei Tauron. — Ele não parou de me fitar. Parecia estar vendo minha mãe em mim; seu olhar pesava como uma tonelada, trazendo algo como frustração e satisfação ao mesmo tempo. Provavelmente por me vender como mercadoria para alguém. — Eu não... — me interrompeu com um erguer de mão, que chegou perto demais do meu rosto frio. Diferente de mim, que tinha roupas surradas e finas, como um vestido longo verde desbotado, sapatos gastos e apenas os cabelos alinhad
(Esmen) — Por que ele fez isso? — perguntei, enquanto ajustavam o corpete do vestido, apertando minha cintura fina. — Sua majestade? — Sim — encarei cada uma delas. A maioria fingia não ouvir a conversa com a colega enquanto trabalhava. — Dizem que foi um erro. Apenas isso. Aquilo não poderia ser verdade, mas elas não sabiam. "Como alguém mata outro e chama isso de erro?" — Apenas um erro? — encarei a mulher que havia falado. Ela baixou os olhos por alguns segundos, fingindo estar alisando o tecido do vestido. Alguém sempre sabia mais do que deixava transparecer, e rumores sempre corriam com pedaços maiores de verdade. Estavam dispostas a me manter no escuro, mesmo sabendo que jogavam "sua alteza" diretamente na boca do leão. "Não vão me tratar bem nesse novo reino." "Antes, nem sequer me tratavam como uma delas. Agora, estou aqui para servir de moeda de troca, mas não tenho importância para ninguém. Estou apenas salvando suas cabeças." Estava decidido. Na primei
(Esmen)Repousando a mão sobre minha barriga, fiz cara de desconforto. Não havia comido nada mesmo.— Não comi nada hoje. — Fiz cara triste.— Minha barriga dói por falta de um desjejum. Como posso ser apresentada para o rei Tauron tão fraca? E se não aguentar a viagem?Nesse momento, um deles, depois de novamente trocar olhares, me perguntou se queria algo em especial.— Apenas me mostrem a cozinha. — A desconfiança não os deixou.— Serei rápida. Não quero passar vergonha diante do rei vizinho. — Fiz minha melhor cara de timidez, ciente de não ter o rosto completamente visto por causa do véu de rendas floradas.— Vamos mostrar... — Fiz uma jogada de mão descartando a possibilidade.— Não precisa, apenas me mostrem o caminho.— Não podemos. A vossa alteza irá fugir. — Disse um deles.— Eu irei comer. Como posso fugir de barriga vazia? — Encarei ambos.Um franziu o cenho, e, trocando olhares novamente, me apontaram a direção:— É por ali. — Lancei uma cara de satisfação na direção dele
(Esmen) Por sorte não cheguei a mais que balançar para frente. Equilibrando-me capturei novamente os lados do traje, me obriguei a ser mais resistente. — Volte princesa! “Loucos!” Corria como nunca, a neve me atrapalhava mais do que poderia ter pensado, o vestido longo estava completamente frio, me impedindo de ser mais rápida. O peso de todo aquele tecido atrapalhava muito a persistência que queria adquirir. O véu ainda estava sobre os meus fios negros. O ar saía como fumaça por entre meus lábios, a cada respiração. Podia ouvir os cavalos relincharem sob os gritos dos soldados a perseguir-me. Mas eu não desistiria, eu iria até onde não conseguisse mais correr. Já tinha corrido por horas, de repente tropecei novamente, desta vez, caindo de cara na neve. Tentei me levantar, mas as pernas e braços não obedeciam, apenas pude virar meu rosto. Estava queimando. Minha face queimava em contato com a neve, a renda do véu parecia fundir-se com a minha pele. “Não posso morrer a