Não parecia ter nada de errado com a ausência de Malika nos últimos dias, apenas sentiu uma certa dificuldade de recuperar os últimos minutos. Quando tudo acabou, caminhou para fora da grande construção, sem perceber de início os olhares estranhos em sua direção. — Como soube? — ouviu um murmúrio perto dela, duas garotas conversavam intimamente, sempre olhando para ela.Malika as encarou, fazendo a atenção delas ser direcionada para outro ponto, mesmo que continuassem a conversa. — Está nas notícias, não viu? — perguntou a outra. — E quem é o noivo dela? — Malika pegou as duas olhando para seus dedos. A compreensão lhe bateu. Ambas falavam dela. Olhando para o redor, notou de repente olhares furtivos, alguns intimidadores, curiosos e estranhos. — Espera! Ela se casou? — uma falou alto demais. “O que está acontecendo?” quis se situar.Seria possível que todos houvessem decidido depositar a atenção na vida pessoal dela de repente? Até mesmo pessoas que não a viam antes estavam inte
Malika estava concentrada no que tinha à sua frente, quando todos haviam saído, ela decidiu estudar mais para recuperar o tempo que havia perdido.Quando tudo parecia bem, um som alto a causa espanto. A porta da sala fez um imenso barulho, a levando a dar um pulinho na cadeira, quase derrubando seus livros.Para completar o ocorrido, ela encontrou alguém muito inesperada dividindo o mesmo espaço que ela, seu rosto se tornou sério por baixo da burca, mostrando os olhos frios ela perguntou em primeiro momento o que a irmã mais nova fazia ali: — Estava procurando você, é óbvio. — Para mim não é, pois não temos nada a tratar uma com a outra. — diz Malika. — Temos, temos o meu casamento… – começou a se aproximar da irmã devagar, parecendo ter muito em mente, além de intimidá-la. — … Temos o seu casamento para falar. Sua condição abaixo da minha… — Malika obrigou-se a interrompê-la, escondendo a aliança debaixo da capa do livro que lia. — Vejo que está muito preocupada com a minha con
“Ahmed??” A garganta secou, as mãos suaram e o nervosismo lhe atingiu. “Agora não. Isso não!” pediu fechando os olhos e virando o rosto, desejou que fosse apenas fruto da sua imaginação fértil.Malika apertou as folhas do livro aberto, pediu em seu íntimo que fosse apenas uma recente paranoia causada pela paixão que sentia, uma recente cobiça por ele.Mas ainda podia ouvir o diretor dizer sobre seus atributos: — Ele foi aprovado aqui por responsabilidade, habilidade indiscutível e principalmente por não fazer distinção de ninguém. O professor que apresento a todas vocês, é capacitado também na área do conhecimento que procuram no curso de enfermagem. Então não se preocupem com ele. — Ele será um excelente mentor para cada uma de vocês! — assegurou, colocando elogios demais em um homem que estava ultrapassando os limites impostos no início dos tempos. — Senhor! — uma das mulheres ergueu a mão indecisa. — Sim? — o diretor a deu atenção de imediato. — Nossos responsáveis, maridos
Os olhos do homem do outro lado da mesa cresceram consideravelmente, Malika tinha os seus igualmente grandes na direção do ruivo, que até o momento a fitava sem cerimônia.Ela estava duvidando ter ouvido corretamente. “Ele não queria que ninguém soubesse e agora diz a verdade na primeira oportunidade?” Confusão se estendia por sua mente. “Poderia inventar qualquer mentira.” o encarou, mostrando agora o desagrado. — Como isso aconteceu? — foi a primeira pergunta que veio à mente do diretor.O professor deu atenção, vendo-o alternar o olhar entre eles. — Desde quando isso acontece, quer dizer… O relacionamento de vocês… — procurou a aliança no dedo de Ahmed, agora o ruivo fazia questão de mostrar, para confirmar a história. — Isso não estava aí. — Pareceu pensar alto o homem os observando. — Não se preocupe. Tecnicamente não quebramos as regras da instituição. – Ahmed assegurou para o homem mais velho. — Como pode me assegurar? — perguntou um pouco ansioso. — Malika e eu não n
Zyan estava sozinho com Inês, Alim havia se ausentado para ir atender um telefonema urgente. Inês não estava com a mínima vontade de mostrar sua inteira hospitalidade com o noivo. O mesmo por sua vez, não deixou de notar. Era um sinal, mostrando o quanto Inês era dissimulada, quando era prometido de Malika, Inês parecia muito gentil e prestativa. Agora não lhe oferecia sequer um copo de água, muito menos café. — Eu me pergunto como você ainda consegue enganar seu pai. — Zyan colocou uma perna por cima da outra, encarando a noiva. — Não estou enganando ninguém. — Inês se fingiu de ofendida. — Não a mim. — diz ele, analisando até mesmo a vestimenta dela.Inês o via apertar os olhos na sua direção. Ele claramente não confiava em nada. — Por que acha que estou fingindo? — ela descansou as costas no encosto do sofá, colocando as mãos com as palmas viradas para as coxas apertadas uma a outra, como sinal de ser uma pessoa recatada.Acreditava que um dia ele poderia ver os pequenos gest
Nos próximos dias, Malika seguia sua rotina, Ahmed sempre saia algumas tardes e voltava apenas durante a madrugada, a mulher acreditava que ele estava com Ayla, por isso sentia o coração doer. No entanto, tentava evoluir apenas com aquele desejo de independência pessoal, mesmo tendo que engolir seu coração no processo.Novamente adentrava a sala de aula, sempre entrava primeiro para não ser vista com o marido, mesmo assim, acreditava está sendo observada todas as vezes. Sentia estar ligada a um tipo de rastreador, pois nunca estava sozinha, sempre havia alguém próximo dela, espiando.Aquele era um dos momentos. O mesmo grupo de mulheres ficavam em seus lugares, mas sempre a observando, vezes ou outra sussurrando entre si.Tentando evitar confusões desnecessárias ou qualquer coisa que mais tarde tivesse que envolver Ahmed como seu legítimo responsável, ela evitava prestar atenção nelas e seus murmúrios.De repente tudo silenciou, era o momento da aula de Ahmed. Fingindo não prestar at
“Não era desse tipo de coisa concreta que eu falava.” pensou consigo.Suspirou cansada, estava perdendo tempo e provavelmente já havia perdido a carona também, pois Ahmed não iria esperá-la para saber se algo havia acontecido, afinal, o intuito dele sempre havia sido ficar o mais longe possível dela. — Então você está cansada de nós, não é? — a líder chamou sua atenção.Malika não sentia necessidade de se explicar, não faria diferença alguma, elas nem eram próximas, muito menos seriam no futuro. Todas estavam ali para intimidá-la e não para oferecerem amizade. — Olha! — a jovem pediu, com o tom cansativo, parecia suspirar internamente há um tempo. — Eu não sei vocês, mas eu já estou cansada disso aqui. — apontou para todas de forma rápida. — Oh! Devemos liberar a princesinha agora? Ela deve ter muito o que fazer. Ah é verdade, agora ela tem. Ela é pobre. — gargalharam de forma ruidosa, deixando a vítima impaciente. — Allah! O que mais querem? O recado foi dado, e ainda estão per
“Malika enlouqueceu?”Ahmed apertou o aparelho com os dedos, buscando paciência. “Ela quer me expor?” “Acredito que algo aconteceu com ela.” — diz o diretor, do outro lado da linha. — Por quê pensa assim? — A voz rouca do ruivo já trazia indícios de inquietação. “Ela jamais faria algo assim sem motivos. Conheço bem a senhora Al-Madi… Digo, a Senhora Al-Haroon.” — tentou apaziguar o temperamento do professor.Sabendo agora se tratar de um casamento arranjado, ele acreditava que o temperamento mais forte da parte de ambos consigo mesmos era algo natural, já que não havia amor. — Como tem tanta certeza, senhor? — foi mais educado com seu superior, pelo menos era assim dentro da instituição. “Eu sempre observava seu desempenho e conduta antes, era um trabalho extra para Alim Al-Madini.” — confessou sem remorso ou vergonha. “Ela sempre foi monitorada, não se estranha ela está acostumada a ser tratada de qualquer jeito.” pensou Ahmed. — Está bem. Irei averiguar! — assegurou para o o