— E agora é a mesma coisa. Nós dois também estamos hospitalizados. — Exato, é disso que estou falando. — Marcelo sorriu levemente, os lábios se curvando em uma expressão sagaz. — Nenhuma armação é perfeita. Se uma conspiração não foi rapidamente desmascarada, é porque a pessoa por trás disso planejou cuidadosamente, garantindo tempo e oportunidades para eliminar qualquer evidência posteriormente. No estado atual, com você e o Gugu debilitados, sem condições de investigar, se você ainda mantivesse a amizade com a Wanessa, ela teria acesso tanto a você quanto ao Gugu. Assim, poderia apagar quaisquer vestígios que ainda existissem diante de seus olhos. Poliana compreendeu completamente a lógica. — Sim, se eu ainda fosse amiga da Wanessa e não tivesse dado nenhuma pista ao Gustavo, imagine que a Naomi acordasse agora. Nesse caso, a Wanessa poderia mentir para o Gustavo, dizendo que iria visitar a Naomi em meu nome, e os dois poderiam tramar algo juntos. Marcelo confirmou com um ace
Após ouvir as palavras exaltadas de Wanessa, a expressão de Gustavo se tornou extremamente sombria. Hesitando por um momento, ele disse: — Você fez algo com a Poliana? Wanessa ficou completamente paralisada, incapaz de imaginar por que Gustavo faria uma pergunta dessas a ela. Depois de um longo silêncio, ela respondeu secamente: — O quê? Gustavo falou com frieza: — Mesmo que a Poliana tenha feito algo para me magoar, isso é um assunto entre mim e ela. Você e a Poliana têm uma amizade de vinte anos. Agora, você vem até aqui para me falar essas coisas sobre ela? O que você pensa que ela é? Mesmo que ela tivesse ficado com cem homens pelas minhas costas, isso seria uma traição contra mim, não contra você. De fato, ele não suportava ver Poliana próxima de outros homens, mas, sendo adultos, as pessoas geralmente tinham duas reações quando alguém próximo cometia infidelidade. Uma delas era fingir que não sabia de nada, afinal, o que alguém fazia em sua vida amorosa era uma
— Você acha que a conhece... — Wanessa abriu a boca novamente, sua voz carregada de lágrimas. — E eu? Quando éramos crianças, minha mãe ganhava mais dinheiro que a dela. Tudo que minha mãe comprava para mim, ela também comprava para Poliana. Depois, minha mãe morreu em um acidente de carro, e a mãe dela ficou doente. Eu fiquei sem mãe e só tinha as economias que ela me deixou, mas usei tudo para ajudá-la! Mesmo quando me mudei de Bellafoz, em que momento eu deixei de pensar nela? Sempre que via roupas ou joias bonitas, eu comprava e enviava para ela! Gustavo, você ficou com ela por quatro anos. Você sabe como eu sempre a tratei. E desta vez, se não fosse por mim, você teria sido levado ao hospital a tempo? Wanessa parecia desabar. — E agora, só porque ela disse algumas palavras ao telefone, é assim que você fala comigo? As palavras dela não alteraram em nada a expressão de Gustavo. Pelo contrário, um leve traço de repulsa surgiu em seus olhos. Naquele momento, sua mente foi tom
As lágrimas de Wanessa escapavam incontrolavelmente de seus olhos. Ela bateu na mão de Edmar, recusando o cartão que ele lhe estendia. — Eu não acredito que você ame tanto assim a Poliana. Por melhor que ela seja, pode ser tão especial assim? — Ao dizer isso, ela levantou o rosto, com uma expressão de súbita compreensão. — Ah, já entendi. Existem muitas mulheres mais talentosas e habilidosas do que ela, mas com a beleza dela, poucas, não é? Se a Poliana não tivesse aquele rosto, ou, se um dia aparecerem várias mulheres parecidas com ela, mas com personalidades melhores, mais capacidade, mais carinho, você ainda a amaria? Gustavo, irritado, cortou a conversa bruscamente: — Saia daqui. A frieza de Gustavo foi demais para Wanessa suportar, e ela gritou. — Gustavo, você e a Poliana me trataram assim! Vocês vão pagar por isso! Depois de gritar, ela se virou e correu. No entanto, assim que deu as costas para Gustavo, as lágrimas em seus olhos secaram de repente, e a expressão d
Wanessa engoliu em seco com força antes de falar: — Acho que a Poliana e o Gustavo estão começando a desconfiar de mim... — Por causa disso? — Pode ficar tranquilo. — As mãos de Wanessa apertavam o celular com tanta força que seus dedos começaram a ficar brancos. — Aquela criança é sua e da sua esposa. Não tem nada a ver comigo. Eu nunca pensei nisso, e espero que meu passado com você continue enterrado para sempre. — Muito bem, minha menina obediente. Agora me diga, como eles começaram a desconfiar? Wanessa fechou os olhos, como se reunir coragem para responder fosse um fardo pesado. — A Poliana é muito astuta e sensível. Quando o Gustavo se machucou, usei o nome dela como desculpa para visitá-lo. Mas ela percebeu algo errado. Depois, foi direto até ele e disse que achava a relação entre mim e o Gustavo suspeita. Isso fez com que Gustavo me dissesse várias coisas cruéis. Ao chegar nesse ponto, lágrimas voltaram a escorrer dos olhos de Wanessa. — Wane, se o Gustavo já t
Ainda assim, ela foi um pouco mais cautelosa e vestiu uma blusa de gola alta com enchimento no busto. Em seguida, entrou em um carro confortável que a levaria ao Hospital Sta. Inêz. Os dois hospitais ficavam muito próximos, ambos situados na zona oeste de Bellafoz, em uma área tranquila, mas de paisagens deslumbrantes. De carro, a viagem não levaria mais do que dez minutos. Era outono, e o clima estava perfeito. O sol da tarde era ameno, tornando aquele momento ideal para um passeio a pé. Na entrada principal do setor de internação do Hospital Sta. Inêz, Edmar empurrou Gustavo até a sombra de uma grande árvore próxima. A luz do sol se filtrava pelas folhas, iluminando parcialmente o rosto de Gustavo. Atrás deles, duas enfermeiras os acompanhavam em silêncio. Com a expressão tensa, Gustavo fixava o olhar na estrada asfaltada à sua frente. Ele estava nervoso, mas também ansioso. Depois de um longo tempo. Um carro preto surgiu ao longe. Os olhos de Gustavo brilharam por um i
Mas agora, tudo à sua frente era tão diferente do que havia imaginado que sua língua parecia ter dado um nó, incapaz de sequer emitir uma sílaba. Foi só quando os enfermeiros passaram por ele, subindo no carro para erguer Poliana cuidadosamente e colocá-la na maca, que Gustavo despertou do torpor, deixando transparecer um olhar preocupado. Marcelo também desceu do banco do passageiro e foi até o lado do carro, observando com atenção os movimentos da equipe médica, tão apreensivo quanto. Quando alguém tentou apoiar as costas de Poliana, ela inalou profundamente, claramente incomodada pela dor no ferimento. Marcelo imediatamente estendeu a mão, colocando sua palma larga sob a nuca dela, enquanto dizia em um tom baixo para o enfermeiro: — Apoie aqui. Mesmo com Gustavo parado logo atrás, Marcelo percebeu naquele momento que, ao entregar Poliana para ele, não teria mais tantas oportunidades para vê-la. Essa compreensão apenas tornava seus sentimentos mais claros. Ele não queria
Marcelo rapidamente ligou para Breno. — Breno, aconteceu alguma coisa? Breno respondeu com uma voz calma, quase sem emoção: — Vi umas notícias sobre você. Está com a Poliana? Marcelo fez uma breve pausa antes de responder: — E então? Você não conseguiu falar com a Babi? — Não. — A voz de Breno continuava impassível. — Brigamos há alguns dias. Ela foi muito teimosa e acabou saindo de casa. Queria saber se a Poliana consegue falar com ela. Marcelo, sem rodeios, explicou: — A Poli e Babi têm mantido contato. Inclusive, as duas fizeram uma videochamada na minha frente. A Babi estava em um trem, disse que estava viajando. Então, na verdade, ela saiu de casa? — Viajando? — Breno fez uma nova pausa antes de continuar. — Marcelo, onde você está agora? Quero encontrar você e a Poliana. — Sinto muito, Breno. Marcelo ergueu os olhos para o pôr do sol que passava entre as copas das árvores. Embora tivesse se desculpado, um leve brilho surgiu em seu semblante. — Não atendi s