Como não amar? Como não se afundar tão profundamente? Naquela época, Gustavo não salvou apenas ela. Ele salvou sua família inteira. Ela acreditava que, dali em diante, seria feliz. Que poderia, ao lado de Gustavo, trazer felicidade para sua mãe e para sua avó. Mas, quatro anos atrás, quando ela e Gustavo já tinham um bebê e ele até havia prometido que, no dia da formatura dela, iriam se casar, tudo desmoronou. Estavam prestes a formar uma pequena e feliz família, mas foram atingidos por um golpe devastador. Ela não suportou a dor de perder o filho, de perder Gustavo. E, embora Adílson tivesse sentimentos por ela, nunca passou dos limites nem demonstrou abertamente, mas aquilo fez todos os esforços de Adílson serem em vão. Ela se sentia confusa sobre por que as coisas aconteceram daquele jeito e se culpava por ter envolvido Adílson. Até mesmo Luísa, que lutava contra o câncer há anos, já não aguentava mais, e sua vida estava chegando ao fim. O que fez o frágil equi
— Você tem tanto medo de que o Gustavo te ouça falando enquanto dorme, isso mostra que, no fundo, você sabe que, se ele te escutar de novo, há uma grande chance de que ele perca a cabeça e brigue com você. Eu nunca amei ninguém, então não sei como é se apaixonar. Não consigo entender seus sentimentos. Mas eu sei que algumas mulheres continuam em um relacionamento tóxico por causa dos filhos. Agora, se não há filhos, sem essas amarras, será que alguém realmente aceitaria se reprimir e se sufocar por amor? Poli, se você me dissesse que, além de amar o Gustavo, também amava o dinheiro dele e a posição de esposa dele, seria muito mais fácil. Assim, o amor não pareceria tão profundo quanto antes. Poliana riu, mas seus olhos estavam marejados de lágrimas. Ela também respondeu: — Ninguém quer viver em uma família sufocante ou passar por uma relação opressiva. O que nos prende ao passado é o apego e o fato de que a outra pessoa não nos fez desistir completamente. Por exemplo, eu sei que
Três minutos depois, Bárbara se endireitou, com uma expressão que misturava timidez, charme e um toque de complexidade. Poliana, observando o semblante de Bárbara, viu sua própria expressão esfriar um pouco. Ela falou com seriedade: — Se você me perguntar, eu também não sei. Bárbara questionou: — O que você quer dizer com isso? Poliana demonstrou um leve ar de arrependimento. — Na verdade, eu realmente espero que você fique com o Presidente Otávio. Ele é uma ótima pessoa, humilde e discreto. Se ele quisesse namorar com você, com certeza iria assumir isso publicamente, jamais seria como o Breno, que não teve coragem de admitir o relacionamento com você. Mas, se algum dia o Presidente Otávio reconhecer publicamente que você é a namorada dele, como você acha que as pessoas que conhecem os dois irmãos irão reagir? Se o Breno perder a reputação, como ele vai ver você? Como vai ver o Presidente Otávio? Além disso, sinto que o Breno nem acredita que terminou com você. Ele acha que
— Desde que você consiga controlar seus pensamentos antes de dormir, provavelmente não vai falar dormindo. Poliana olhou para as ervas listadas no papel e apertou os lábios, então, de repente, se levantou. — Presidente Otávio, quanto você cobra pelas consultas? Ao dizer isso, ela ficou com o rosto corado de constrangimento. Não sabia se havia sido indelicada ao fazer tal pergunta, mas as palavras de Bárbara sobre as ervas medicinais chinesas a tinham convencido, e ela queria tentar o tratamento. Otávio lançou um olhar sereno com seus olhos profundos, esboçando um sorriso gentil. — Eu faço isso de coração, não cobro. Poliana, você tem mais alguma preocupação? Poliana assentiu rapidamente. — Quero tratar meu problema de falar dormindo, mas por algumas razões, preciso manter isso em segredo do Gustavo e da minha família. Presidente Otávio, será que você pode me ajudar? — Claro. Depois, vou enviar a receita para Bárbara. Os olhos de Poliana se encheram de lágrimas, e ela
— Só quero saber se você tem certeza... De que o ama muito e ainda quer continuar amando ele.Bárbara ficou paralisada, se sentindo profundamente abalada. No entanto, diante dela, a suave e bela Poliana lhe parecia ser uma mulher incrivelmente corajosa, que atravessou montanhas e mares profundos do amor.— Entre nós duas, eu sou a medrosa. — Após alguns segundos, Bárbara murmurou.Poliana reagiu por um breve instante.— Você...O celular de Poliana tocou. Era Gustavo ligando.Assim que atendeu, ele perguntou:— É a Bárbara ou minha esposa?Ao ouvir isso, um rubor involuntário se espalhou pelo rosto de Poliana.— Sou eu.— Já acordou?— Sim.— E o que pretende fazer agora?A voz de Gustavo soava alegre e tímida, como se, depois da conversa da noite anterior, os dois estivessem experimentando aquele encanto inicial de um novo relacionamento.— Vou comer algo e depois vou te encontrar. — Ao dizer isso, Poliana lançou um olhar para Bárbara, se lembrando do comentário dela sobre o Gustavo
Ela queria suspirar com nostalgia, mas, de repente, uma pontada forte percorreu sua cabeça. Em sua mente, surgiu a visão de uma figura magra e elegante, vestida de branco, com as costas voltadas para ela, parada sobre uma rocha azulada no meio de uma floresta nas montanhas.A silhueta era alta, parecia ser um homem, mas trazia um rabo de cavalo alto, e os longos cabelos presos desciam até a cintura.Ela levantou a mão, pressionando a testa e ficou parada por alguns segundos, antes de se virar e sair para o lado de fora do estúdio de cerâmica. Se sentou no banco em frente à porta, com o olhar perdido sobre a água acumulada no gramado à frente, enquanto pressionava a testa com força.Aquela cena... Era como uma imagem de filme, mas, no fundo de sua alma, uma voz murmurava que aquilo não era uma cena fictícia. Não era um personagem de cinema, mas alguém que ela conhecia.Uma pessoa muito importante.Por mais que tentasse, não conseguia se lembrar de nada...Dentro do estúdio, uma músic
— Eu queria falar com você sobre a Poli. Acho que vocês dois...— Não precisa, eu e a Poli já fizemos as pazes. — Gustavo a interrompeu.Assim que ele terminou de falar, o outro lado da linha permaneceu em silêncio por alguns segundos, antes de Wanessa responder, rindo:— Fizeram as pazes? Mas a Poli está em uma viagem de trabalho, como vocês conseguiram resolver as coisas?— Vim até ela. Estamos juntos agora.Dizendo isso, Gustavo entregou o celular para Poliana.Poliana falou:— Wane, onde você está agora?— Você e o Gustavo se acertaram mesmo? — A voz de Wanessa soou ainda mais animada ao falar com Poliana. — Estou no hotel! Almocei com amigos, depois voltei para cá e passei a tarde toda no celular... Fiquei preocupada com você, então pensei em convidar seu marido para almoçar. Eu só quero ver vocês bem! Que bom que vocês resolveram as coisas!Um leve sorriso apareceu nos lábios de Poliana.— Te deixei preocupada, desculpa. Você não vai embora tão cedo, vai? Quando eu e o Gustavo vo
Mas ao olhar nos olhos de Poliana, tão cheios de expectativa, ele não conseguiu dizer nada. A culpa pesava ainda mais em seu coração. E uma profunda dor o invadia também.Nestes dois anos, embora também tivesse sido atormentado por sua fobia particular, além de se dedicar ao trabalho, ele conseguiu encontrar tempo para viajar e espairecer em vários lugares. Ele sabia bem como ela vivia no passado, mas agora, com dinheiro e tempo, parecia estar completamente aprisionada na gaiola invisível do casamento deles, sem ter ido a lugar algum.Comparados a outros casais, que desde o início viviam alegres e juntos exploravam o mundo, eles tinham quatro anos de convivência que, na verdade, pareciam vazios de momentos compartilhados. Engolindo em seco, ele mudou de assunto:— Que tal... Depois da reunião, irmos nos divertir um pouco?Nos olhos de Poliana havia um brilho de desejo, mas logo ela baixou o olhar, balançando a cabeça.— Não dá... Minha avó ainda está internada.A expressão de Gustavo