As palavras foram ditas com um tom brincalhão, mas, ao terminá-las, ele riu alto, criando uma atmosfera muito agradável. Otávio também sorriu junto com Hélder, mas seus olhos estavam fixos em Bárbara, como se quisesse absorver cada instante. Hélder, com um sorriso curioso de menino travesso, comentou: — Parece que você gosta da Bárbara há muito tempo.Otávio se recostou no encosto da cadeira ao ouvir isso. — Hmm. Os olhos de Hélder se estreitaram. — Otávio, quanto mais olho para a Bárbara hoje, mais acho que ela se parece com alguém. Otávio ergueu as pálpebras. — Que estrela você está querendo dizer? Hélder se inclinou para sussurrar em seu ouvido. — Não é uma mulher, é alguém que faleceu em um acidente de carro há seis anos, Sr. Rodrigo. Sr. Rodrigo, um título respeitoso; Hélder se referia ao ex-presidente do Banco Bellafoz, Rodrigo Leite. As pupilas de Otávio se contraíram de repente, e ele se conteve. Hélder continuou: — Eu sei que a segunda esposa do Sr. Ro
— Não pensei em nada.Gustavo a encarou em silêncio por alguns segundos antes de esboçar um sorriso novamente.— O médico disse que, com o tratamento certo, você vai ficar bem.De repente, Poliana teve uma vontade imensa de perguntar: "Gustavo, você quer que eu fique bem? Se eu melhorar e tivermos outro filho, você deixaria ele nascer, ou faria como disse antes, me forçaria a abortar para depois nos divorciarmos?"Mas, no final, as palavras morreram em sua garganta, e tudo que saiu foi um suspiro.Ela não falou nada.Poliana se considerava uma pessoa de coração. Em qualquer relação, fosse amorosa ou de amizade, ela não gostava de deixar dívidas. Mesmo que saísse perdendo, preferia que, no momento de se despedir, sua consciência estivesse tranquila. Por isso, se Gustavo tivesse uma visão diferente da dela, e essa reconciliação fosse apenas um pretexto para feri-la de novas maneiras no futuro, ela sabia que não poderia escapar enquanto ainda sentisse algo por ele.No entanto, se ele est
Mas o jeito de Poliana, inerte como um peixe morto, fez o corpo de Gustavo gelar.— Poli! Poli, acorda!Ele estava completamente desorientado, acreditando que ela não conseguia acordar, em vez de apenas não querer abrir os olhos.Mesmo assim, Poliana continuava imóvel. A garganta de Gustavo se contraiu com força enquanto ele lutava para engolir. Sem continuar a sacudi-la, ele pegou o celular às pressas e ligou para Edmar:— Edmar, venha rápido, aconteceu algo com a Poli!Poliana ficou confusa.Ela finalmente se virou e, abrindo os olhos lentamente, viu o rosto de Gustavo tomado pelo medo. Se sentindo perplexa, ela esticou a mão, tirou o telefone da mão dele e murmurou que estava tudo bem. Depois, ainda sonolenta, perguntou:— O que está acontecendo? Eu estou com tanto sono... Por que você me acordou assim, de repente?Gustavo ficou completamente atordoado. Seus olhos piscavam, confusos, como um filhote perdido.— Você...Ele ficou sem palavras por um longo tempo. Poliana bocejou, levan
Então ela ouviu Poliana dizer:— Eu não sei se é porque tomei vinho esta noite ou por causa da sopa quente, mas o fato é que minha menstruação já deveria acabar em dois dias, e, de repente, estou sangrando muito de novo! Está uma bagunça por toda parte. Me entregue minha bolsa, por favor, preciso trocar de roupa!Ela disse isso com uma voz propositalmente manhosa, deixando claro que sabia que estava incomodando Bárbara de novo. Com medo de ser repreendida pela amiga, Poliana rapidamente começou a fazer charme.Mas, aos ouvidos de Gustavo, a voz dela soava como se estivesse chorando, ecoando em sua mente e deixando ele atordoado.A imagem que ele não conseguia evitar surgiu em sua mente: Poliana, sozinha na sala de cirurgia, com o sangue cobrindo o chão...Bárbara concordou, e Poliana sorriu.— Amo você demais!Embora Gustavo estivesse claramente desconfortável com a menção repentina do sangue, ele ainda mantinha um pouco de racionalidade. Quando viu que Poliana tinha desligado o telefo
Na noite anterior, Gustavo já havia vomitado algumas vezes. Hoje, ele mal teve apetite e só comeu um pouco durante o jantar para acompanhar o álcool.Agora, não havia mais nada para vomitar.No entanto, o desconforto de vomitar a ponto de sentir o estômago doer, e a dor se espalhando para os outros órgãos, foi o que o fez escapar temporariamente do pavor que o consumia.Quando a náusea finalmente passou, ele se agachou na beira da estrada e pegou o celular para ligar para Edmar.Edmar estava no quarto em frente ao dele, tomando banho e jogando no celular. Quando viu a chamada inesperada, fez uma careta de desagrado.Ele realmente não queria atender.Mas, apesar do incômodo, atendeu imediatamente.— O que foi agora?— Eu não estou bem...A voz do homem, normalmente arrogante, soava fraca, como se fosse um sussurro de alguém em delírio.Edmar se levantou de repente da banheira. Seu corpo musculoso, geralmente escondido sob ternos elegantes, exibia cicatrizes impressionantes que contrasta
Edmar deu de ombros inocentemente.— Não sei, não consegui descobrir o motivo exato.A voz do outro lado continuou:— A crise dele hoje à noite não foi causada apenas pelo que aconteceu hoje, mas é resultado de uma série de fatores. Ele voltou para tentar se reconectar com Poliana. Me conta o que aconteceu entre eles recentemente.Edmar lançou um olhar para Gustavo. Embora seu rosto não demonstrasse preocupação, ele perguntou primeiro:— Isso tudo é muita coisa para explicar... Não deveríamos nos preocupar primeiro com o Gustavo, que está desmaiado?A voz do outro lado respondeu com firmeza:— Fica tranquilo, ele não vai morrer.— Eu sei, mas... — Edmar suspirou antes de continuar. — Desde que voltou, na primeira noite já houve um desentendimento. Ele bebeu.A reação do outro lado foi imediata:— Ele bebeu?! Eu avisei inúmeras vezes que ele não pode beber por causa da condição física dele!— Sim, e esta noite também bebeu.A pessoa do outro lado ficou em silêncio, claramente frustrada.
— Mas quando ele estava de mau humor, acabava se lembrando de todas as coisas boas da Poliana e pensava: e se ele realmente a tivesse interpretado mal? Ela seria tão infeliz e solitária, e ele seria um grande idiota. Então, seu coração amolecia novamente. Esse estado de espírito instável se repetia constantemente, formando um ciclo vicioso. Naquela época, quando a Poliana passou pela cirurgia, até dava para entender por que ele não apareceu. Ele estava devastado, acreditava que a Poliana e o Adílson já tinham uma criança, o que significava, para ele, que a Poliana havia escolhido o Adílson completamente. Ele achava que a cirurgia da Poliana não era da sua conta, que o Adílson resolveria tudo. Mas quem poderia imaginar que a Poliana nem sequer chamou o Adílson? E ele, por teimosia, também se recusou a aparecer. A pobre mulher acabou enfrentando sozinha as complicações da cirurgia.No momento em que Poliana começou a ter uma hemorragia grave, o amor em seu coração superou o ódio. Ele, en
Do outro lado, alguém suspirou e perguntou: — Ele trouxe a boneca?Edmar respondeu com um tom de pesar: — Não.Se seguiu um longo silêncio do outro lado. — Preste mais atenção no Gustavo. Acho que a ansiedade dele, provocada por um medo específico e outras questões, está ficando cada vez mais grave. Ele pode acabar tendo problemas mentais.Edmar imediatamente ficou sério. — Como assim? — Antes, ele apenas olhava calmamente para aquelas bonecas feitas com a aparência da Poliana. Mas um dia, eu o vi falando com uma delas.Edmar franziu as sobrancelhas. — Talvez ele estivesse de bom humor, falando consigo mesmo?— Não! As frases dele eram desconexas, como se, na cabeça dele, a boneca estivesse respondendo. Suspeito que ele tenha tido alucinações, mas quando perguntei de forma sutil, ele não quis admitir. Talvez tenha medo que eu não o deixe voltar.As sobrancelhas de Edmar se franziram ainda mais. — Entendi. — Fique de olho nele. Quando ele desmaia, parece ser algo parecid