Madalena permaneceu em silêncio.Aurora, porém, interveio, tentando ser diplomática.: - Vocês nunca cuidaram do Michel antes. Levar ele agora não é uma boa ideia, ele não está acostumado e vai chorar muito. Se vocês querem vê-lo, podem vir todos os dias durante o dia para brincar com ele.Cornélio, com um sorriso forçado, respondeu: - Aurora, é verdade que nunca cuidamos do Michel, mas é exatamente por isso que queremos compensar agora. Estamos sem fazer nada em casa e podemos ajudar sua irmã a cuidar do Michel, assim ela pode se concentrar mais no trabalho.Ele então se virou para Michel e perguntou: - Michel, você quer ir para a casa do vovô e da vovó?Michel olhou para Cornélio com um pouco de hesitação e perguntou: - Minha mãe vai também?Cornélio ficou um pouco desconcertado com a pergunta e respondeu: - Sua mãe não vai, mas na casa do vovô e da vovó tem seu pai. Michel, venha para casa conosco, assim sua mãe não precisa se cansar tanto.Michel, com uma expressão decidida, de
Usando as palavras de Arabela, se ela voltasse para a terra natal, seu filho não seria mais dela, pois Juliana o controlaria completamente.Além disso, Daulo e Juliana ainda não tinham feito o casamento oficial. Juliana queria esperar até que o apartamento estivesse reformado para que o casamento fosse mais digno. Agora, morando de aluguel, fazer a cerimônia de casamento seria inconveniente, pois a família dela não teria onde ficar.Se pudessem levar Michel, eles não ficariam tão entediados e poderiam criar um vínculo maior com o neto. Afinal, Michel era o único descendente da família Francisco, e Juliana ainda não tinha engravidado, deixando dúvidas sobre sua capacidade de ter filhos.Madalena estava comendo uma refeição vegetariana e rapidamente ficou satisfeita. Ao ver seus ex-sogros cochichando, ela se levantou e pegou as quatro sacolas de frutas que os cunhados tinham trazido, levando-as para a cozinha.Alguns minutos depois, ela voltou com uma travessa de frutas variadas, enquant
Aurora e Bruno também terminaram de comer, e Bruno disse à esposa: - Aurora, leve o Michel para se sentar um pouco, eu cuido da louça. Em casa, Bruno frequentemente fazia as tarefas domésticas, algo a que Aurora já estava acostumada. Seguindo a sugestão dele, ela pegou Michel e foi se sentar no sofá, ao lado de sua irmã.Assim que se acomodou, percebeu que estava sendo observada por três pares de olhos atentos: sua irmã e os ex-sogros dela. Todos a olhavam fixamente.- Mana, por que estão todos me olhando assim? - Perguntou Aurona, intrigada. - Tenho algum grão de arroz no rosto?Ela passou a mão pelo rosto, mas não encontrou nada.- Aurora, como você pode deixar o Sr. Bruno lavar a louça e fazer as tarefas domésticas? - Arabela repreendeu Aurora. Em seguida, ela acrescentou, tentando explicar seu ponto de vista. - Os homens trabalham fora o dia todo e, quando chegam em casa, as esposas devem cuidar bem deles, proporcionando um ambiente acolhedor para que queiram voltar para casa. A
Mas Michel era neto legítimo deles.Quando Cornélio e Arabela voltaram para o apartamento alugado, encontraram o filho e a nora assistindo televisão no sofá da sala. Os rostos dos dois estavam sombrios, revelando a frustração e o cansaço após a tentativa frustrada de trazer Michel.- Pai, mãe, vocês não trouxeram o Michel? - Daulo se levantou do sofá imediatamente ao ver os pais entrarem. Ele franziu a testa ao notar que não haviam trazido o menino.Juliana também se aproximou, com uma expressão ansiosa no rosto. Ela disse, com uma voz um pouco trêmula: - Eu já arrumei o quartinho e o decorei como um quarto infantil. Comprei muitos brinquedos novos para o Michel. Por que vocês não trouxeram ele?Ela estava visivelmente preocupada, lembrando-se da ameaça recente que havia recebido. Uma mulher desconhecida havia enviado um maço de cabelo, junto com um bilhete. O bilhete dizia que o cabelo era de sua mãe e exigia que ela implementasse seu plano de levar Michel para um lugar movimentado,
Juliana fez uma careta e não disse mais nada, virando-se abruptamente para o quarto e fechando a porta com um estrondo. O barulho ecoou pela casa, aumentando a tensão no ar.- Querida, querida. - Daulo chamou, tentando apaziguar a situação, mas sua voz ficou perdida no silêncio tenso que se seguiu.Arabela suspirou e disse ao filho, com um tom de exasperação: - Deixa ela. Ela só não quer que você e Madalena saiam juntos. E não é como se você e Madalena estivessem indo sozinhos. Todos nós vamos, e mesmo assim, ela ainda sente ciúmes. Ela devia se lembrar de que foi ela quem te tirou da Madalena.Arabela agora desprezava Juliana, refletindo sobre como antes ela havia admirado a habilidade do filho em conquistar outra mulher, mas agora via Juliana apenas como a amante que destruiu o casamento anterior de Daulo.A família Francisco decidiu unida que no dia seguinte, ao meio-dia, buscariam Michel e sua mãe para um passeio no zoológico. O clima estava perfeito, não muito frio nem muito quen
- Pergunte a ele o que ele quer? - Bruno resmungou, sua paciência já no limite. A ideia de seu amigo bloqueando o caminho, tarde da noite, parecia um capricho sem sentido para ele.Vasco abaixou a janela do carro e perguntou João, que se aproximava com passos largos e determinados, o rosto marcado pelo cansaço e pela frustração: - Sr. João, o que faz aqui?- Bruno está no carro, certo? Bruno, quero ficar na sua casa por um tempo. Trouxe minha mala. O Nuno disse que não podia decidir por você e não me deixou entrar, então tive que esperar por você aqui. - Explicou João, jogando um olhar desolado para o carro de Bruno, seu tom de voz se misturando entre desespero e esperança.Bruno sentiu a testa franzir. Se João não fosse seu amigo de longa data, ele certamente mandaria o motorista acelerar e empurrar o carro bloqueador para fora do caminho. Aurora, surpresa com a súbita visita, viu a expressão sombria do marido e perguntou a João com umz voz suave, tentando compreender a urgência por
Bruno possuía várias propriedades, mas ele e Aurora costumavam ficar entre esta casa e a do Condomínio Rosa, que eram as mais próximas da empresa e facilitavam o deslocamento diário. João, que não queria se afastar muito, acabou escolhendo essa casa por conveniência, mesmo sabendo que estava se impondo.- Bruno, foi você quem arrumou tudo isso? - Perguntou João, olhando ao redor da sala decorada com velas e flores, que mais parecia um cenário de proposta de casamento ou até mesmo um casamento em si. - Está tudo tão bonito, como um cenário de casamento. Quando você e Aurora se casarem, devem decorar assim. Vai surpreender todas as mulheres. Bruno não conseguiu evitar uma risada, apesar de sua expressão ainda estar fechada. - Se não fosse eu quem pensou em tudo isso, acha que foi você? João, um pouco confuso, respondeu: - Eu não teria essa habilidade emocional para pensar em algo assim. Bruno bufou, cruzando os braços. - Claro que você não teria. Tudo o que você sabe fazer é receb
João, sentindo-se um pouco constrangido, disse: - Bruno, realmente me desculpe por isso.- Se está tão constrangido assim, vá para um hotel. - Respondeu Bruno, sua voz cheia de impaciência.- Eu não estou tão constrangido assim. Afinal, não é a primeira vez que fico na sua casa. Antes, eu e Paulo também ficávamos aqui quando bebíamos demais ou quando a noite estava muito avançada. - João tentou justificar-se, exibindo um sorriso sem graça.Bruno suspirou, sem esconder sua frustração, e disse: - Vá dormir no quarto de hóspedes mais distante da suíte principal. Descanse logo.Com isso, ele puxou Aurora pela mão e os dois subiram as escadas.De volta ao quarto, Bruno começou a resmungar: - Desde quando eu, Bruno, virei o escudo dele? Minha casa virou refúgio agora?Aurora deu um sorriso suave e disse: - Sr. João só está aqui porque não tem outra opção. Vocês são amigos de longa data.- Ele não está sem opções. Ele está é me usando como escudo. Dizer que ele é emocionalmente inepto é p