- Pergunte a ele o que ele quer? - Bruno resmungou, sua paciência já no limite. A ideia de seu amigo bloqueando o caminho, tarde da noite, parecia um capricho sem sentido para ele.Vasco abaixou a janela do carro e perguntou João, que se aproximava com passos largos e determinados, o rosto marcado pelo cansaço e pela frustração: - Sr. João, o que faz aqui?- Bruno está no carro, certo? Bruno, quero ficar na sua casa por um tempo. Trouxe minha mala. O Nuno disse que não podia decidir por você e não me deixou entrar, então tive que esperar por você aqui. - Explicou João, jogando um olhar desolado para o carro de Bruno, seu tom de voz se misturando entre desespero e esperança.Bruno sentiu a testa franzir. Se João não fosse seu amigo de longa data, ele certamente mandaria o motorista acelerar e empurrar o carro bloqueador para fora do caminho. Aurora, surpresa com a súbita visita, viu a expressão sombria do marido e perguntou a João com umz voz suave, tentando compreender a urgência por
Bruno possuía várias propriedades, mas ele e Aurora costumavam ficar entre esta casa e a do Condomínio Rosa, que eram as mais próximas da empresa e facilitavam o deslocamento diário. João, que não queria se afastar muito, acabou escolhendo essa casa por conveniência, mesmo sabendo que estava se impondo.- Bruno, foi você quem arrumou tudo isso? - Perguntou João, olhando ao redor da sala decorada com velas e flores, que mais parecia um cenário de proposta de casamento ou até mesmo um casamento em si. - Está tudo tão bonito, como um cenário de casamento. Quando você e Aurora se casarem, devem decorar assim. Vai surpreender todas as mulheres. Bruno não conseguiu evitar uma risada, apesar de sua expressão ainda estar fechada. - Se não fosse eu quem pensou em tudo isso, acha que foi você? João, um pouco confuso, respondeu: - Eu não teria essa habilidade emocional para pensar em algo assim. Bruno bufou, cruzando os braços. - Claro que você não teria. Tudo o que você sabe fazer é receb
João, sentindo-se um pouco constrangido, disse: - Bruno, realmente me desculpe por isso.- Se está tão constrangido assim, vá para um hotel. - Respondeu Bruno, sua voz cheia de impaciência.- Eu não estou tão constrangido assim. Afinal, não é a primeira vez que fico na sua casa. Antes, eu e Paulo também ficávamos aqui quando bebíamos demais ou quando a noite estava muito avançada. - João tentou justificar-se, exibindo um sorriso sem graça.Bruno suspirou, sem esconder sua frustração, e disse: - Vá dormir no quarto de hóspedes mais distante da suíte principal. Descanse logo.Com isso, ele puxou Aurora pela mão e os dois subiram as escadas.De volta ao quarto, Bruno começou a resmungar: - Desde quando eu, Bruno, virei o escudo dele? Minha casa virou refúgio agora?Aurora deu um sorriso suave e disse: - Sr. João só está aqui porque não tem outra opção. Vocês são amigos de longa data.- Ele não está sem opções. Ele está é me usando como escudo. Dizer que ele é emocionalmente inepto é p
Bruno confortou a esposa, com um sorriso suave nos lábios: - Não pense tanto nisso. Eu acredito que sua irmã ficará cada vez melhor.Aurora refletiu por um momento e depois concordou: - É verdade. Minha irmã e o Sr. João nem sequer começaram a namorar ainda. Vamos deixar as coisas seguirem seu curso. Como você disse, o Sr. João é um homem de muita determinação. Ele toma as rédeas da própria vida. Se ele realmente se apaixonar pela minha irmã, tenho certeza de que ele pode dar a ela a felicidade que ela merece.Bruno assentiu, seu olhar cheio de carinho. - Sim, vamos deixar as coisas fluírem naturalmente. Você está se preocupando demais. - Com isso, ele foi até o armário e pegou algumas roupas para ela, entregando-as com um sorriso terno. - Vamos, tome um banho para relaxar.Aurora pegou as roupas e, antes de se afastar, deu um beijo rápido no rosto dele, deixando um rastro de afeto. - Obrigada, meu amor.Meia hora depois.O casal estava deitado na cama, conversando sobre o dia.Bru
- Pois é, João. Ter uma esposa realmente faz toda a diferença. - Disse Bruno com um sorriso no rosto enquanto virava a carne na frigideira. - Eu preparo o bife para minha esposa e para mim, e vê-la saboreando algo que eu cozinhei é uma felicidade indescritível. Esse tipo de felicidade, meu amigo, você não consegue entender sendo um solteiro.Ele continuou, agora com um tom mais provocativo: - Você pode até comer carne de dragão sozinho, mas não é tão gostoso. Eu e minha esposa podemos comer a refeição mais simples juntos e ainda assim será deliciosa. Não dá para comparar. João resmungou, sem palavras para retrucar: - Você fala sobre homens na cozinha de um jeito que parece poesia. Parece que nós, que não sabemos cozinhar, estamos condenados à infelicidade. Eu posso não ser um chef, mas posso encontrar uma esposa que seja uma excelente cozinheira e desfrutar das delícias da vida do mesmo jeito.Bruno riu e respondeu: - Você está procurando uma esposa ou uma cozinheira? João, sentin
Às oito horas, João passou de carro pela Cantina Exclusiva de Café da Manhã e decidiu parar. Depois de uma breve hesitação, ele saiu do carro. Ao dar alguns passos, se lembrou de algo e voltou para abrir a porta do carro. Do banco traseiro, repleto de caixas, ele escolheu uma. Dentro da caixa havia um conjunto de blocos de montar da Lego.João gostava muito de Michel e sempre mantinha vários brinquedos no carro. Dessa forma, sempre que ele visitava a loja e via Michel, podia lhe dar um presente, mostrando que seu carinho era genuíno e não apenas uma desculpa para ver Madalena.No passado, ele costumava dar cata-ventos, mas Michel já tinha perdido o interesse por eles. Então, João passou a variar os presentes.Com a caixa de Lego em mãos, João entrou na Cantina Exclusiva de Café da Manhã.- Sr. João, bom dia. - Madalena o cumprimentou com um sorriso caloroso. - O de sempre?- Sim, o de sempre. - Respondeu João, com um aceno de cabeça.Ele saía da casa de seu amigo sem estar completament
- Acordei tarde hoje. - João mentiu, sem mencionar que já havia tomado café da manhã na casa de Bruno, mas não ficou satisfeito.Ver Bruno e Aurora apaixonado o fez perder o apetite, mas depois, quando estava sozinho, a fome voltou com força. Ele precisava de um café da manhã decente, e Madalena sempre preparava uma refeição gostosa.João continuava orientando Michel na montagem dos blocos de Lego enquanto comia. Madalena se aproximou, se sentou ao lado do filho e disse:- Michel, vou te ajudar.Ela pegou o manual de instruções e ficou olhando para ele por um bom tempo. Ao ver as peças espalhadas de forma caótica pela mesa, sentiu uma leve dor de cabeça.- Desculpe, querido, eu não sou muito boa nisso. - Disse Madalena, com um sorriso culpado.Mas Aurora era muito mais habilidosa. Aurora costumava fazer trabalhos manuais, e sua destreza e criatividade a tornavam excelente na montagem de blocos de Lego.Naquele momento, um novo cliente entrou na cantina. Madalena deixou o manual de lado
A mãe de João já havia mencionado Madalena para Dalila.Embora o foco de Dalila estivesse em Aurora, tentando estabelecer uma boa relação com primeira nora da família Alves, ela com certeza prestava atenção em Madalena, afinal, Madalena era a irmã da Sra. Alves.- Aquela loja é minha, está alugada. - Explicou João, acrescentando uma informação para que Dalila não pensasse que ele estava defendendo o estabelecimento sem motivo.Dalila disse com um sorriso:- Não é à toa que você toma café da manhã lá, afinal, a loja é sua.- Já estou cheio, não consigo comer mais nada. Srta. Dalila, leve o café da manhã de volta, por favor, e obrigado pela gentileza. - Recusou João, diretamente.Ele não queria, de forma alguma, levar Dalila para o escritório.Dalila, no entanto, insistiu com um sorriso:- Vou levar mais tarde. Agora, gostaria de visitar a sua empresa. Além de resolver alguns assuntos na Cidade G, também estou aqui para discutir possíveis parcerias.A família Guedes tinha um grande negóc