Aurora e Bruno também terminaram de comer, e Bruno disse à esposa: - Aurora, leve o Michel para se sentar um pouco, eu cuido da louça. Em casa, Bruno frequentemente fazia as tarefas domésticas, algo a que Aurora já estava acostumada. Seguindo a sugestão dele, ela pegou Michel e foi se sentar no sofá, ao lado de sua irmã.Assim que se acomodou, percebeu que estava sendo observada por três pares de olhos atentos: sua irmã e os ex-sogros dela. Todos a olhavam fixamente.- Mana, por que estão todos me olhando assim? - Perguntou Aurona, intrigada. - Tenho algum grão de arroz no rosto?Ela passou a mão pelo rosto, mas não encontrou nada.- Aurora, como você pode deixar o Sr. Bruno lavar a louça e fazer as tarefas domésticas? - Arabela repreendeu Aurora. Em seguida, ela acrescentou, tentando explicar seu ponto de vista. - Os homens trabalham fora o dia todo e, quando chegam em casa, as esposas devem cuidar bem deles, proporcionando um ambiente acolhedor para que queiram voltar para casa. A
Mas Michel era neto legítimo deles.Quando Cornélio e Arabela voltaram para o apartamento alugado, encontraram o filho e a nora assistindo televisão no sofá da sala. Os rostos dos dois estavam sombrios, revelando a frustração e o cansaço após a tentativa frustrada de trazer Michel.- Pai, mãe, vocês não trouxeram o Michel? - Daulo se levantou do sofá imediatamente ao ver os pais entrarem. Ele franziu a testa ao notar que não haviam trazido o menino.Juliana também se aproximou, com uma expressão ansiosa no rosto. Ela disse, com uma voz um pouco trêmula: - Eu já arrumei o quartinho e o decorei como um quarto infantil. Comprei muitos brinquedos novos para o Michel. Por que vocês não trouxeram ele?Ela estava visivelmente preocupada, lembrando-se da ameaça recente que havia recebido. Uma mulher desconhecida havia enviado um maço de cabelo, junto com um bilhete. O bilhete dizia que o cabelo era de sua mãe e exigia que ela implementasse seu plano de levar Michel para um lugar movimentado,
Juliana fez uma careta e não disse mais nada, virando-se abruptamente para o quarto e fechando a porta com um estrondo. O barulho ecoou pela casa, aumentando a tensão no ar.- Querida, querida. - Daulo chamou, tentando apaziguar a situação, mas sua voz ficou perdida no silêncio tenso que se seguiu.Arabela suspirou e disse ao filho, com um tom de exasperação: - Deixa ela. Ela só não quer que você e Madalena saiam juntos. E não é como se você e Madalena estivessem indo sozinhos. Todos nós vamos, e mesmo assim, ela ainda sente ciúmes. Ela devia se lembrar de que foi ela quem te tirou da Madalena.Arabela agora desprezava Juliana, refletindo sobre como antes ela havia admirado a habilidade do filho em conquistar outra mulher, mas agora via Juliana apenas como a amante que destruiu o casamento anterior de Daulo.A família Francisco decidiu unida que no dia seguinte, ao meio-dia, buscariam Michel e sua mãe para um passeio no zoológico. O clima estava perfeito, não muito frio nem muito quen
- Pergunte a ele o que ele quer? - Bruno resmungou, sua paciência já no limite. A ideia de seu amigo bloqueando o caminho, tarde da noite, parecia um capricho sem sentido para ele.Vasco abaixou a janela do carro e perguntou João, que se aproximava com passos largos e determinados, o rosto marcado pelo cansaço e pela frustração: - Sr. João, o que faz aqui?- Bruno está no carro, certo? Bruno, quero ficar na sua casa por um tempo. Trouxe minha mala. O Nuno disse que não podia decidir por você e não me deixou entrar, então tive que esperar por você aqui. - Explicou João, jogando um olhar desolado para o carro de Bruno, seu tom de voz se misturando entre desespero e esperança.Bruno sentiu a testa franzir. Se João não fosse seu amigo de longa data, ele certamente mandaria o motorista acelerar e empurrar o carro bloqueador para fora do caminho. Aurora, surpresa com a súbita visita, viu a expressão sombria do marido e perguntou a João com umz voz suave, tentando compreender a urgência por
Bruno possuía várias propriedades, mas ele e Aurora costumavam ficar entre esta casa e a do Condomínio Rosa, que eram as mais próximas da empresa e facilitavam o deslocamento diário. João, que não queria se afastar muito, acabou escolhendo essa casa por conveniência, mesmo sabendo que estava se impondo.- Bruno, foi você quem arrumou tudo isso? - Perguntou João, olhando ao redor da sala decorada com velas e flores, que mais parecia um cenário de proposta de casamento ou até mesmo um casamento em si. - Está tudo tão bonito, como um cenário de casamento. Quando você e Aurora se casarem, devem decorar assim. Vai surpreender todas as mulheres. Bruno não conseguiu evitar uma risada, apesar de sua expressão ainda estar fechada. - Se não fosse eu quem pensou em tudo isso, acha que foi você? João, um pouco confuso, respondeu: - Eu não teria essa habilidade emocional para pensar em algo assim. Bruno bufou, cruzando os braços. - Claro que você não teria. Tudo o que você sabe fazer é receb
João, sentindo-se um pouco constrangido, disse: - Bruno, realmente me desculpe por isso.- Se está tão constrangido assim, vá para um hotel. - Respondeu Bruno, sua voz cheia de impaciência.- Eu não estou tão constrangido assim. Afinal, não é a primeira vez que fico na sua casa. Antes, eu e Paulo também ficávamos aqui quando bebíamos demais ou quando a noite estava muito avançada. - João tentou justificar-se, exibindo um sorriso sem graça.Bruno suspirou, sem esconder sua frustração, e disse: - Vá dormir no quarto de hóspedes mais distante da suíte principal. Descanse logo.Com isso, ele puxou Aurora pela mão e os dois subiram as escadas.De volta ao quarto, Bruno começou a resmungar: - Desde quando eu, Bruno, virei o escudo dele? Minha casa virou refúgio agora?Aurora deu um sorriso suave e disse: - Sr. João só está aqui porque não tem outra opção. Vocês são amigos de longa data.- Ele não está sem opções. Ele está é me usando como escudo. Dizer que ele é emocionalmente inepto é p
Bruno confortou a esposa, com um sorriso suave nos lábios: - Não pense tanto nisso. Eu acredito que sua irmã ficará cada vez melhor.Aurora refletiu por um momento e depois concordou: - É verdade. Minha irmã e o Sr. João nem sequer começaram a namorar ainda. Vamos deixar as coisas seguirem seu curso. Como você disse, o Sr. João é um homem de muita determinação. Ele toma as rédeas da própria vida. Se ele realmente se apaixonar pela minha irmã, tenho certeza de que ele pode dar a ela a felicidade que ela merece.Bruno assentiu, seu olhar cheio de carinho. - Sim, vamos deixar as coisas fluírem naturalmente. Você está se preocupando demais. - Com isso, ele foi até o armário e pegou algumas roupas para ela, entregando-as com um sorriso terno. - Vamos, tome um banho para relaxar.Aurora pegou as roupas e, antes de se afastar, deu um beijo rápido no rosto dele, deixando um rastro de afeto. - Obrigada, meu amor.Meia hora depois.O casal estava deitado na cama, conversando sobre o dia.Bru
- Pois é, João. Ter uma esposa realmente faz toda a diferença. - Disse Bruno com um sorriso no rosto enquanto virava a carne na frigideira. - Eu preparo o bife para minha esposa e para mim, e vê-la saboreando algo que eu cozinhei é uma felicidade indescritível. Esse tipo de felicidade, meu amigo, você não consegue entender sendo um solteiro.Ele continuou, agora com um tom mais provocativo: - Você pode até comer carne de dragão sozinho, mas não é tão gostoso. Eu e minha esposa podemos comer a refeição mais simples juntos e ainda assim será deliciosa. Não dá para comparar. João resmungou, sem palavras para retrucar: - Você fala sobre homens na cozinha de um jeito que parece poesia. Parece que nós, que não sabemos cozinhar, estamos condenados à infelicidade. Eu posso não ser um chef, mas posso encontrar uma esposa que seja uma excelente cozinheira e desfrutar das delícias da vida do mesmo jeito.Bruno riu e respondeu: - Você está procurando uma esposa ou uma cozinheira? João, sentin