Gerônimo avançava pelas ruas desertas com os sentidos alerta, os olhos fixos no horizonte, sempre à procura de qualquer sinal de movimento. Sua mente, turbinada pela experiência, se esforçava para calcular os próximos passos. O que ele tinha vivido nos últimos minutos era uma batalha por sua vida, mas a luta estava longe de terminar. A sensação de que estava sendo observado o acompanhava como uma sombra incansável.Ele caminhou rapidamente, atento ao som dos próprios passos, mas no fundo sabia que não poderia fazer tudo sozinho. A sua situação havia se tornado crítica e a ideia de enfrentar a ameaça sem ajuda parecia suicídio. Lembrou-se de algo que, na pressão do momento, havia quase esquecido: o número de Tomasi. O nome do velho aliado surgiu em sua mente, e com ele, a promessa de ajuda.“Tomasi... ele disse que me ajudaria se necessário.”Com o peito apertado pela tensão e pela adrenalina, Gerônimo retirou o celular do bolso e, com as mãos trêmulas, digitou o número que Tomasi lhe
— “Afonso?... eles acham que você sabe demais, não é?” Tomasi disse com uma calma tensa. “Essas pessoas... elas querem silenciar você. Mas o que você sabe que pode nos colocar em perigo?”Gerônimo olhou para frente, os olhos fixos na estrada, mas sua mente estava longe, voltando àquele dia. Aquele dia que agora, à luz das revelações, parecia ser o marco do começo de tudo. A morte de Afonso não havia sido um acidente. Ele sabia disso com certeza. O que começou como um simples resgate se transformou em um pesadelo que ele ainda não conseguia desvendar completamente.— “Afonso... ele estava tentando me alertar. Eles não querem que ninguém saiba o que aconteceu naquele dia. A suposta morte dele não foi um acidente. Vi tudo. Ele estava bastante machucado e não parecia ser um acidente de avião.” Gerônimo falou, a voz tensa e cheia de pesar, como se as palavras saíssem mais pesadas do que ele esperava.Tomasi olhou para ele rapidamente, os olhos estreitos em concentração. Ele sabia que aquil
Tomasi sentia que algo muito maior estava por trás dessa história, algo que se estendia muito além da suposta morte de Afonso e dos mistérios envolvendo Giovani e Luana. Aquela mulher que ele havia ajudado. Ele tinha visto, os dois perdidos na escuridão daquela noite. A mulher assustada, desesperada parecia pedir por socorro para que não deixasse seu marido morrer. Gerônimo não hesitou. O levou para casa e cuidou dele por quase dois dias até que em uma manhã quando ele acordou, os dois não estavam mais lá. A mulher tinha deixado uma carta agradecendo e pedindo para que Gerônimo esquecesse tudo o que viu e que não contasse a ninguém sobre ela e seu marido. Agora a história parecia fazer sentido. Aquela mulher escondia a verdadeira identidade de Afonso, fazendo ser Giovani, mas e a mulher que se dizia se chamar Luana, quem poderia ser? Talvez seria verdade que ela fosse a Cloé? Tomasi se dava conta de que aquilo fazia muito mais sentido do que ele imaginava.— “Tomasi...” Gerônimo murmu
— “Senhora não sabia de nada, Tomasi. Eu a vi. Ela está tão envolvida nessa mentira quanto nós. Ela confiava em Afonso, e acreditava que ele estava morto. Mas… agora tudo faz sentido. Eles esconderam essa verdade por anos. Talvez Melissa fosse apenas uma peça na jogada deles. Mas, se isso for verdade, o que eles querem agora? Por que esconder isso de todos nós?” Gerônimo perguntou, seus olhos estreitando com a preocupação.Tomasi sentia a pressão apertando. Era difícil lidar com tantas informações, com tantas perguntas sem resposta. E a mais difícil de todas era a de quem estava por trás disso tudo, quem havia manipulado todas as peças do tabuleiro e por quê.— “E quem está tentando te silenciar, Gerônimo? O que você fez para ser o alvo dessa perseguição? Não pode ser coincidência. Eles querem apagar qualquer vestígio da verdade, antes que ela venha à tona." Tomasi falou, com a voz mais grave agora. Ele olhou para Gerônimo, tentando medir a gravidade da situação. "Se eles estão tentan
Ela parou diante do espelho, observando seu próprio reflexo. A mulher que ela via ali era diferente da que havia enterrado seu marido, diferente da jovem que um dia acreditou no amor, na lealdade. A viúva... senhora Bianchini, a mulher que se encontrava agora, estava marcada pelo sofrimento do passado que insistia em permanecer rodeando sua vida.Será que ele está realmente vivo? A pergunta ecoava na mente de Melissa, assim como o fantasma do próprio Afonso. Se ele estivesse vivo, isso significaria que ela tinha sido enganada por todos esses anos. E pior: poderia ser que ela tivesse sido cúmplice, sem saber. Ela fechou os olhos, tentando ignorar o peso da dúvida. Mas o que ela não conseguia ignorar era o fato de que o homem que cruzou seu caminho no hospital dizendo se chamar Giovani, não parecia se lembrar quem ela era. Se Giovani fosse mesmo Afonso... porque ele não se lembraria dela? Ou melhor... porque ele foi tão indiferente comigo, parecendo não me conhecer? Vivemos juntos por o
A taça de vinho voou da mão de Luana, quebrando-se em pedaços na parede com um estrondo surdo. O líquido vermelho escorreu pelo chão de mármore, manchando a elegância da sala de estar. O homem diante dela, um de seus empregados, deu um passo atrás, assustado com a fúria que ela exalava.— Maldito! — Luana gritou, a voz carregada de fúria. Seus olhos estavam flamejantes, e seu rosto, normalmente impassível, agora estava contorcido pela raiva, ouvia-se o ranger de dentes. — Quero que acabem com todos que estão por trás disso!O homem, visivelmente desconcertado, tentou controlar o medo que começava a tomar conta de seu corpo. Ele sabia que Luana não era alguém a quem se contrariasse, mas nunca a tinha visto tão fora de si. A pressão estava aumentando, e ele sabia que qualquer erro agora poderia ser fatal.— Como ousam nos investigar? — ela continuou, sua voz agora mais controlada, mas carregada de uma frieza que gelava o ambiente. — Se eles acham que podem nos prender, estão muito engan
A atmosfera na mansão Bianchini estava pesada, o ar carregado de tensão. Afonso olhou pela janela, observando o jardim que sempre fora um refúgio para sua família. Mas agora, tudo parecia ameaçado. A revelação de que Luca, o melhor amigo de seu filho Matteo, era na verdade o filho de Salvatore, seu antigo inimigo, havia transformado o que deveria ser um vínculo inocente em uma fonte de desgraça.— Afonso, você precisa entender — disse Melissa, sua voz trêmula de preocupação. — Esse menino não é apenas um amigo para Matteo. Ele é uma ligação direta com o passado.Afonso olhou para o relógio, impaciente. A reunião de negócios estava se aproximando, e ele sentia um misto de ansiedade e preocupação. Nos últimos meses, confiara seus negócios a Ângelo, que havia se mostrado um verdadeiro amigo, especialmente desde que revelou os detalhes sobre a morte do pai de Afonso. A amizade entre eles se fortalecera, e Afonso acreditava que poderia contar com Ângelo para tudo.— Você não precisa se pre
Dois dias se passaram desde a tragédia, e a busca pelo avião havia se transformado em uma jornada angustiante. Melissa se sentia presa em um pesadelo sem fim, cada hora que passava parecia uma eternidade. A esperança de encontrar Afonso vivo ainda pulsava em seu coração, mas a realidade se tornava cada vez mais implacável.O que conseguiram encontrar foram apenas destroços, pedaços retorcidos de metal e fragmentos de vida que um dia pertenceram a pessoas com sonhos e esperanças. Cada novo detalhe que emergia do mar era como uma facada, aprofundando a dor que já a consumia. Melissa se perguntava como poderia se despedir de alguém que não tinha um corpo para ser enterrado, como poderia dizer adeus a um amor que a havia preenchido de alegria.Depois de longas e intermináveis horas, Melissa tomou a difícil decisão de preparar um funeral para Afonso. Ela sabia que era a única forma de homenagear o homem que tanto amava, mesmo sem um corpo físico para colocar na terra. Queria que seus filho