Se eu soubesse que Enzo traria isso à tona, não teria dado o play naquele áudio. Penso em mil mentiras capazes de contornar a situação. Mas, por outro lado, talvez seja isso que nós precisemos: alinhar nossas histórias.
Sinto que Bella e eu continuamos nos desencontrando, ora tentando continuar de onde paramos, ora agindo como se nunca tivéssemos vivido uma história, mas vivemos. Tínhamos sonhos e planos juntos.
Pelo menos eu tinha.
Ela olha pela janela tentando se localizar.
Pela maneira que endireita a coluna, percebo que ela já sabe onde estamos, mas espero que ela diga alguma coisa.
Ela pega a caixa com a chave no colo, com dificuldade para respi
Tenho medo do que tudo isso significa. Medo de ser real. Medo de não ser real. Medo de como meu coração pula no peito e de como nada na minha vida pareceu tão certo quanto esse momento.Todas às vezes que passamos por essa rua, namorando essa casa. Todas as brincadeiras com fundo de verdade que fizemos a respeito do futuro, e todas as coisas que eu nem tive coragem de dizer, mas sonhei e desejei com todo o meu coração.Essa casa. Esse homem. Esse anel no meu dedo. Um filho.Um arrepio me percorre me tirando o ar.Não era assim que eu imaginava chegar aqui, meu cérebro não parece capaz de entender que a realização desse sonho não é verdadeira.
— Eu fui ridícula, eu não mereço nada disso — ela se desvencilha do meu toque, apontando o redor, tentando ficar de pé. — Não mereço isso…Seguro seus pulsos a impedindo de tirar a aliança.— Isabella, para. Não pula a etapa da barganha, por favor, meu amor.— O quê você quer que eu faça, Dante? — ela pede num sopro. O rosto inchado e vermelho de tanto chorar.Respiro fundo, absorvendo tudo o que vivi entre essas paredes. Todo o tempo que esperei por Bella, porque mesmo quando eu escrevi aquela carta para mim mesmo, mesmo quando parei de carregar a aliança comigo, eu sabia que, no fundo eu continuava
A resposta de Dante é um grunhido torturado. Os braços se apertam ao meu redor, comprimindo até meus pulmões. Sua ereção pressiona minha pelve e parte de mim deveria estar tentando ser cautelosa, mas a outra é rebelde demais e já força o quadril a rebolar ali mesmo.Eu sei que pedi por um tempo, sei que tenho muita coisa para digerir e entender, sobre mim, sobre nós e nossa nova dinâmica. Mas estou tão cansada e nesse momento tenho um homem que afirmou repetidas vezes que ainda me ama.Um homem que viu um futuro para nós quando eu só conseguia ver meu passado desmoronando, um homem que me esperou, que insistiu e que seguiu em frente porque eu fui tola.Esse homem crava os dentes na minha pele e me arranca um gemido agudo
Meu corpo inteiro convulsiona sem meu controle. Meus membros parecem gelatina e as extremidades estão formigando. Minha cabeça está nas nuvens e a voz de Dante soa distante, mesmo que eu sinta seus lábios roçando na minha orelha.— A primeira coisa que a gente vai comprar pra essa casa é um sofá.Solto uma risada fraca e ergo o rosto para encará-lo antes de perguntar:— E por que não uma cama?— Não queria parecer apressado, você pediu um tempo pra se adaptar…Dante acaricia meu rosto e sustenta um sorriso sincero, não parece chateado comigo por eu querer uma coisa e fazer outra.
— Você veio! — Abraço Olavo enquanto ele se mantém rígido, resmungando sobre não ter tido escolha.Em defesa dele, nós nunca fomos tão próximos, e nem sei por que decido abraçá-lo. No fundo, acho que gosto de ter alguém do meu lado após ter me afastado de todo mundo que eu conhecia. Já é estranho o bastante eu ter convidado meu ex-chefe pra ser testemunha do meu casamento, simplesmente porque eu não tinha mais ninguém para chamar. O mínimo que posso fazer é ficar feliz por ele ter se dado ao trabalho de vir.— Sempre soube que esse dia chegaria — Enzo fala e abre os braços para ganhar um abraço também. — Você tá linda.Dante pigar
Sinto Bella enrijecer em meu braço antes de conseguir assimilar que meu avô está nos esperando casualmente do lado de fora do cartório.— Que interessante encontrar vocês aqui… — ele comenta com um sorriso. O que já é o suficiente para me fazer desacelerar o ritmo e parar a muitos passos de distância.Alberto Vasconcellos nunca sorri assim.— Vô, o que você tá fazendo aqui?— Bom, sei o que não estou fazendo aqui, já que não recebi um convite — ele aponta para mim e Bella, nos medindo dos pés à cabeça, avaliando nossas roupas. — Não estou no casamento de vocês. Não deu nem tempo de parabenizar pelo noivado… Onde estão seus pais? — Ele finge procurar ao redor.— Também não foram convidados — digo, tentando não soar muito ríspido.— E os seus pais? — ele se dirige à Bella.Instintivamente, a puxo para mais perto, colocando-a ligeiramente atrás de mim. Não é uma reação muito racional, não é como se meu avô fosse atacar ela fisicamente. Ainda assim algo em mim tensiona, apreensivo.— Não