— Claro, podemos ir no shopping. Esse final de semana, trabalho só amanhã de manhã — ela concorda com uma facilidade que me surpreende.
— Sério? Fácil assim? Vamos no shopping e você vai me deixar fazer compras pra você?
— Bom, estamos tentando parecer o casal que éramos, não estamos? E isso era o que a gente costumava fazer — ela diz casualmente.
Tem algo muito estranho acontecendo, eu só não consegui identificar o quê.
— Certo…
— Mais alguma coisa, Dante? — ela pergunta com a voz sedosa e o farfalhar de tecido do outro lado me deixa atento.
— Sim. Preciso que você seja boazinha e se comporte amanhã. Aquela ceninha do cinema só aconteceu porque ninguém estava olhando.
Só consegui dormir depois de gozar.Não era o que eu tinha planejado a princípio, mas preciso aceitar que, se vou lidar com nossa nova dinâmica, preciso me adaptar a ela.Dante não pode saber o quanto achei que eu fosse especial e agora percebo que era descartável. Também não posso mais deixar esse sentimento me dominar. Dante mudou, mas eu não e talvez esse seja o castigo dele.Me encaro no espelho, ainda incerta se sigo ou não com meu plano. É com certeza o pior plano, visto que estamos em um relacionamento de fachada justamente para parecermos mais responsáveis e eu estou prestes a testar os limites de Dante.Ele fez parecer que só se segurava por minha causa, e pode ser insanidade confiar nisso, mas espero que pelo menos isso não tenha mudado.
— É porque eu tirei a calcinha.Tudo o que precisei segurar, todo o meu autocontrole, voa pelos ares nesse instante.— Você o quê? — pergunto baixo, rouco, dando um passo em sua direção.Bella não se afasta, na verdade, nem se move, parece inabalável.— Você acabou de me ajudar a tirar a última peça que eu tinha por baixo do vestido — ela sussurra com a voz falha.— Escolha outro, não vai usar isso… — digo entredentes.— Por quê? Você acabou de dizer que ficou perfeito.— Você nã
— Se elas fossem uma ameaça, não seria eu aqui agora, Dante. — Me esforço para dizer. Para ignorar a vontade que tenho de só abrir as pernas e deixar que ele me toque, que sinta o quanto meu centro pulsa, desejando por isso. — Você acha que saiu ganhando porque poderia estalar os dedos e ter todas elas. Mas você vai casar justo com uma mulher que você nunca mais vai ter o prazer de comer.— Você também mudou, Isabella — ele puxa meu cabelo, inclinando mais o meu rosto e preciso engolir um gemido.— O mundo fora da bolha é um lugar que endurece a gente, Dante. Eu aprendi o que preciso fazer pra sobreviver e eu vou sobreviver a isso também. Mas talvez você não sobreviva a mim.Ele passa a língua pelos lábios, dividido entre ira e tesão. Acho que ele quer fazer eu sumir da frente dele tanto quanto, quer me foder contra
Isabella não está respondendo minhas mensagens. As coisas estão estranhas entre nós desde o coquetel de Maicon. Mas não estranhas a ponto de ser ignorado por tanto tempo, isso começa a me deixar ansioso.Verifico o celular outra vez, ela ainda não ficou online, algo deve ter acontecido. Verifico a tela do computador outra vez, meu foco já se perdeu faz muito tempo. Checo o relógio, ela já deve ter saído do café, será que aconteceu alguma coisa no caminho? E se ela foi assaltada? Aquele bairro é um perigo.Estou recolhendo o paletó do encosto da cadeira quando meu avô entra no meu escritório com passos firmes e cara de poucos amigos. Olho por cima do ombro dele, esperando ver onde está minha secretária, que deveria no mínimo ter me avisado que ele estava vindo, e ela me olha de volta como se não tivesse culpa de nada. Quantas vezes uma pessoa pode perder tudo o que tem? Pensei que eu já não tivesse mais nada para perder, mas eu estava errada.Todo mundo diz que foi um vazamento, mas eu sei a verdade. Roberto não foi nada discreto em sua ameaça. Encontrei ele no começo da semana para finalmente pagar os cento e trinta mil que devia e ele disse que o valor já era outro, juros sobre juros.Quando tentei argumentar, ele foi cirúrgico em me acusar de ter internado meu pai em uma clínica que não é barata. Tentei dizer que foi com dinheiro emprestado, mas ele não pareceu se importar.Meu apartamento foi invadido dois dias depois disso, estava tudo revirado quando cheguei e o dinheiro que havia sobrado tinha sumido, claro. — Eu espero que você não esteja me ligando da cadeia pra ir pagar sua fiança, tô no meio de uma missão e…— O apartamento da Bella explodiu — interrompo Enzo.O silêncio se estende por alguns segundos e posso ouvir quando ele larga o controle na mesa de centro e volta sua atenção para a ligação.— Ela tá bem?— Tá, trouxe ela aqui pra casa.— Ok. Explodiu como?— Vazamento de gás.— Criminoso? — arrisca.— Você sabe de algo que eu nCapítulo 37 - Isabella Mendes
Capítulo 38 - Dante Vasconcellos
— Eu sei que não é a mesma coisa. — Começo a me explicar. — Mas eu cansei, Isabella. Cansei de todo mundo querendo comparar, como se eu não tivesse o direito de sofrer. Cansei de fingir que não estava sentindo nada só pra não interferir no seu sofrimento.— Eu… não sabia — ela diz, sem força.— Não sabia, mas desde que voltou pra minha vida já jogou isso na minha cara algumas vezes, como se eu estivesse em dívida com você, como se eu não pudesse reclamar de nada porque você perdeu tudo. Até quando você vai usar isso?— Você tá certo, isso não é uma competição. Mas precisa entender que talvez tenha sofrido a minha
— Eu sei que não é a mesma coisa. — Começo a me explicar. — Mas eu cansei, Isabella. Cansei de todo mundo querendo comparar, como se eu não tivesse o direito de sofrer. Cansei de fingir que não estava sentindo nada só pra não interferir no seu sofrimento.— Eu… não sabia — ela diz, sem força.— Não sabia, mas desde que voltou pra minha vida já jogou isso na minha cara algumas vezes, como se eu estivesse em dívida com você, como se eu não pudesse reclamar de nada porque você perdeu tudo. Até quando você vai usar isso?— Você tá certo, isso não é uma competição. Mas precisa entender que talvez tenha sofrido a minha