O novo Dante é um mentiroso. Quando fez a oferta ainda no café, disse que o cinema era dali a quarenta e cinco minutos. Mas quando me preocupei no caminho, achando que estávamos atrasados, ele confessou que a sessão era mais tarde, uma das últimas, e os ingressos já estavam comprados. Ele teria me chamado para sair de qualquer forma, independente de que horas acabasse meu turno hoje.
O shopping está cheio e me torno muito consciente de que estou mal vestida, mas Dante não parece se importar. Passamos por todos os quiosques possíveis, comprando guloseimas por insistência dele.
Mesmo eu falando que não faço questão de nada, ele ainda pega todos os sabores que eu costumava adorar. Assim como as flores, ele ainda se lembra das minhas preferências e isso é um pouco
Eu não sou mais nenhum adolescente para ficar afetado com esse tipo de cena em filme. Não é nada que eu já não tenha visto ou feito antes, mas talvez o contexto esteja me influenciando.Olho para Bella, porque em outros tempos ela estaria com um sorriso orgulhoso no canto dos lábios que me faria subir pelas paredes. Mas dessa vez ela parece tão desconfortável quanto eu, até derruba pipoca entre nós.Levanto o balde caído, tentando não fazer ainda mais sujeira, e o seguro firme em meu colo. O que é um erro, porque Isabella decide enfiar a mão bem ali e, quando suas unhas tocam o fundo do plástico, a vibração reverbera diretamente no meu pau.Aperto o plástico com mais força para n&atild
Odeio Dante, principalmente porque ele está destruindo todas as memórias boas que eu tinha dele. Ele virou um homem superficial e vulgar, um homem que não enxerga nada além do próprio umbigo. Ou, nesse caso, do próprio pau.Nós nunca fomos santos juntos, mas acho que tinha algo de especial em ver como Dante era tímido e ultrapassava seus próprios limites para ser ousado comigo. Hoje em dia, seus limites não existem.Eu não duvido nada que ele teria me comido naquela poltrona como se não houvesse mais ninguém na nossa sessão. Ele provavelmente deve ter comido outras desse mesmo jeitinho e odeio pensar nisso.Simplesmente odeio o quão descartável eu sou, quão fácil foi me substituir por outra, e outra, e outra…Odeio principalmente que mesmo que eu esteja trancada dentro d
— Claro, podemos ir no shopping. Esse final de semana, trabalho só amanhã de manhã — ela concorda com uma facilidade que me surpreende.— Sério? Fácil assim? Vamos no shopping e você vai me deixar fazer compras pra você?— Bom, estamos tentando parecer o casal que éramos, não estamos? E isso era o que a gente costumava fazer — ela diz casualmente.Tem algo muito estranho acontecendo, eu só não consegui identificar o quê.— Certo…— Mais alguma coisa, Dante? — ela pergunta com a voz sedosa e o farfalhar de tecido do outro lado me deixa atento.— Sim. Preciso que você seja boazinha e se comporte amanhã. Aquela ceninha do cinema só aconteceu porque ninguém estava olhando.
— É porque eu tirei a calcinha.Tudo o que precisei segurar, todo o meu autocontrole, voa pelos ares nesse instante.— Você o quê? — pergunto baixo, rouco, dando um passo em sua direção.Bella não se afasta, na verdade, nem se move, parece inabalável.— Você acabou de me ajudar a tirar a última peça que eu tinha por baixo do vestido — ela sussurra com a voz falha.— Escolha outro, não vai usar isso… — digo entredentes.— Por quê? Você acabou de dizer que ficou perfeito.— Você nã
— Se elas fossem uma ameaça, não seria eu aqui agora, Dante. — Me esforço para dizer. Para ignorar a vontade que tenho de só abrir as pernas e deixar que ele me toque, que sinta o quanto meu centro pulsa, desejando por isso. — Você acha que saiu ganhando porque poderia estalar os dedos e ter todas elas. Mas você vai casar justo com uma mulher que você nunca mais vai ter o prazer de comer.— Você também mudou, Isabella — ele puxa meu cabelo, inclinando mais o meu rosto e preciso engolir um gemido.— O mundo fora da bolha é um lugar que endurece a gente, Dante. Eu aprendi o que preciso fazer pra sobreviver e eu vou sobreviver a isso também. Mas talvez você não sobreviva a mim.Ele passa a língua pelos lábios, dividido entre ira e tesão. Acho que ele quer fazer eu sumir da frente dele tanto quanto, quer me foder contra
Isabella não está respondendo minhas mensagens. As coisas estão estranhas entre nós desde o coquetel de Maicon. Mas não estranhas a ponto de ser ignorado por tanto tempo, isso começa a me deixar ansioso.Verifico o celular outra vez, ela ainda não ficou online, algo deve ter acontecido. Verifico a tela do computador outra vez, meu foco já se perdeu faz muito tempo. Checo o relógio, ela já deve ter saído do café, será que aconteceu alguma coisa no caminho? E se ela foi assaltada? Aquele bairro é um perigo.Estou recolhendo o paletó do encosto da cadeira quando meu avô entra no meu escritório com passos firmes e cara de poucos amigos. Olho por cima do ombro dele, esperando ver onde está minha secretária, que deveria no mínimo ter me avisado que ele estava vindo, e ela me olha de volta como se não tivesse culpa de nada.
Quantas vezes uma pessoa pode perder tudo o que tem? Pensei que eu já não tivesse mais nada para perder, mas eu estava errada.Todo mundo diz que foi um vazamento, mas eu sei a verdade. Roberto não foi nada discreto em sua ameaça. Encontrei ele no começo da semana para finalmente pagar os cento e trinta mil que devia e ele disse que o valor já era outro, juros sobre juros.Quando tentei argumentar, ele foi cirúrgico em me acusar de ter internado meu pai em uma clínica que não é barata. Tentei dizer que foi com dinheiro emprestado, mas ele não pareceu se importar.Meu apartamento foi invadido dois dias depois disso, estava tudo revirado quando cheguei e o dinheiro que havia sobrado tinha sumido, claro.Último capítulo