CAPÍTULO 3 — AUDREEN GONÇÁLEZ — A FESTA DE CASAMENTO.

A festa de casamento ocorre nos jardins aqui da casa dos meus pais, consegui fugir do meu “marido” e o dos meus pais um pouco, e agora me encontro aqui no bar montado em nosso jardim para os convidados poderem se servir a vontade.

— Encontrei você — Carmen diz, parando ao meu lado. Estive fugindo dela também e de suas perguntas, sobre o meu noivo gostoso. — Amiga, você deveria estar feliz, ganhou na loteria o cara é gostoso demais. E você já até fez um teste drive… o que era mesmo o que me disse hoje de manhã? Que teve uma noite mágica com o tal estranho e que possa ser que jamais tenha uma noite de sexo tão bom quanto teve com ele? Ainda não acredito que você acabou perdendo a virgindade com o próprio noivo e nem sabia.

— Carmen, por favor! — corto-a para que ela não continue a falar sobre isso. — Eu ainda pretendo não ir adiante nesse casamento. O fato dele ser lindo, jovem e gostoso, não diz muito sobre o caráter dele. Não acha que o fato dele estar em um bar nas vésperas do seu casamento e ter transado com uma garota, horas antes de se casar, já não diz o que esperar dele neste casamento?

— A garota que o seu noivo estava horas antes do casamento dele era você, Audreen. — ela aponta.

— Que ele não sabia, achando ser qualquer outra pessoa. O que diz muito sobre ele; um marido infiel, que estará se divertindo com várias outras, enquanto a sua esposa está em casa aquecendo a sua cama. Eu não serei a minha mãe, vivendo em um casamento infeliz. — digo, logo preparando outra bebida para mim mesma, dispensando a ajudar do barman contratado.

— Audreen, você nem o conhece, se dê a chance de conhecê-lo primeiro, ele pode ser o grande amor da sua vida, nem todos os homens serão a versão do seu pai ou do meu cunhado.

— Carmen, um cara que aceita se casar por um contrato como se estivéssemos em um século passado… pelo amor, me sinto comprada por ele. — me encontro no meu terceiro drink.

— Audreen, sabemos que casamento assim é bastante comum entre famílias poderosas e membros da Máfia, existem alianças em que muitas vezes são feitas quando ainda somos crianças e em muitos casos com caras bem mais velhos, com o dobro ou triplo de nossa idade, deveria estar feliz que no seu caso, o seu marido ser jovem e lindo — Haidee, aparece do meu outro lado, a irmã mais velha de Carmen que também teve seu casamento por contrato. Seu marido é um cara vinte anos mais velho que ela, e sua relação com ele não é uma das melhores, já que o seu marido é um velho, possessivo e agressivo e todos sabemos e infelizmente não podemos fazer nada.

Por seu marido ser um membro da Máfia, existe um código de silêncio que demonstra lealdade total, um código que começou através da Máfia Italiana. Quem não cumpre, é considerado traidor e pode ser torturado ou morto — e a punição pode ser estendida à família inteira. E isso diz respeito também sobre o que ela convive na sua casa com seu marido. Essa é a parte sombria da família dos integrantes da Máfia que ninguém quer contar. Ela nunca conseguirá se livrar dele. Uma cópia de como é o casamento dos meus pais. É o que eu nunca quis para mim e não planejo ter, não posso ficar esperando para conhecer o meu marido para agir. Ter que esperar pelo primeiro tapa dele em mim e não poder contar ou pedir ajudar a ninguém para me livrar dele. Não vou mesmo!

— Não se pode deixar se levar por um rosto bonito — digo, e logo mudo de assunto, assim que vejo o mesmo caminhando em minha direção. Não nego o traste é muito lindo, assim como o seu irmão que era o único que estava presente em nosso casamento.

— Estava fugindo de mim, baby? — ele me dar um sorriso de lado e sua covinha aparece, parando logo atrás de mim, ainda nos mantemos com as vestes da cerimônia.

— Haidee, acho que escutei a mamãe nos chamar — Carmen diz, puxando o braço da irmã e eu imploro a ela com um olhar para que ela não me deixe a sós com ele.

— Eu te machuquei?

— O quê? — pergunto, um pouco desnorteada pelo som de sua voz, bem próxima do meu ouvido, ele tem um sotaque gostoso.

— Ontem, eu te machuquei? — ela volta a me perguntar — Não teria sido tão bruto se soubesse que era virgem, e segundo os ensinamentos de minha mãe e sem a presença de sangue… sinto muito.

— E se eu dizer que sim, que me machucou, isso mudaria alguma coisa? Já aconteceu, não é mesmo? — sou ríspida e tento me afastar dele, mas sua mão grande e pesada me mantém no lugar.

— Infelizmente não posso voltar no tempo e fazer tudo diferente o que me resta é minhas desculpas e passar os próximos dias de nossa lua de mel me redimindo com você — ele diz, deixando beijos atrás de minha orelha, antes de descer seus lábios pela minha nuca até os meus ombros. Arrepios se alastrando pelo meu corpo.

— Sei muito bem como funciona casamentos assim, eu não serei uma submissa que estará disposta e disponível para você quando, e na hora que você quiser. — digo, tentando não ceder aos seus beijos e carícias na minha pele.

— Não é disso que espero de você, uma boneca inflável. Quero uma esposa que esteja presente ao meu lado e que consiga me amar da mesma forma que pretendo amá-la. — Ele sobe os seus lábios de volta para o meu ouvido — Por mais que o nosso casamenta tenha ocorrido dessa forma, por meio de um contrato com o seu pai; quero que ele seja real, como todos os outros. — prendo o gemido, quando os seus dentes, mordiscam o lóbulo de minha orelha.

— E-eu…

— Precisamos ir, nosso voo está marcado para daqui a uma hora — ele se afasta de mim, ficando a uma distância respeitável. Sua mão fica a na base de minha coluna, quando começamos a caminhar para o centro da festa onde a minha família se encontra. Droga, eu esperava que ficássemos por aqui, pelo menos essa noite ainda.

— Papai, mamãe… precisamos ir. — digo aos meus pais a contra gosto.

— Mas já? Achei que ficariam aqui e só iriam embora depois das vésperas de Natal — Minha mãe, dona Maria, diz um pouco desapontada e meu pai, prende-a em seus braços em um abraço de lado um pouco exagerado.

— Querida, Yakov é um homem de negócios e não pode ficar muito tempo distante deles, nossa filha agora é uma mulher casada e estará segura com o seu esposo. — ele sorri para nós e minha mãe um pequeno sorriso, com um leve assentir de cabeça.

— Sim, ela será muito bem cuidada — meu esposo, me olha com um sorriso convencido em seu rosto. Faço um grande esforço para não revirar os meus olhos.

Seu irmão aparece e diz algo no ouvido dele. Yakov franze a testa ligeiramente, mas logo se recompõe e dá um tapinha no ombro do irmão, como se para acalmar qualquer preocupação.

— Com licença, baby, preciso resolver algo importante — ele diz, dando-me um beijo rápido na minha testa antes de se afastar com o irmão.

Aproveito o momento de distração para me aproximar da janela da sala, observando o movimento das folhas lá fora. O vento frio de dezembro faz com que as árvores balancem suavemente, criando um cenário quase mágico. Minha mãe se junta a mim, colocando uma mão carinhosa no meu ombro.

— Vai sentir falta de casa, não vai? — ela pergunta com um olhar compreensivo.

— Claro, mãe. Sempre vou sentir falta — respondo, segurando sua mão. — Mas estou animada para começar essa nova fase da minha vida. — Não, a que todos imaginam…

Ela sorri, um sorriso cheio de amor e um pouco de melancolia.

— Só quero que você seja feliz, minha filha.

— E serei, mãe. Prometo. — Retribuo o sorriso, tentando passar a segurança que ela precisa.

Nesse instante, Yakov retorna, já com a expressão mais tranquila. Ele se aproxima de nós e coloca um braço ao redor da minha cintura.

— Pronto, tudo resolvido. Podemos ir?

Dou um último abraço em minha mãe e meu pai, sentindo o calor e o carinho deles me envolverem.

— Até breve — digo, tentando segurar as lágrimas.

— Até breve, minha querida — responde minha mãe, com os olhos brilhando.

Saímos de casa e entro no carro ao lado de Yakov. Enquanto nos afastamos, olho pela janela, vendo minha casa ficando cada vez menor no horizonte.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo