Sem revisãoJoice despertou com gritos. De súbito percebeu que haviam parado e que Vinícius não estava mais no carro, ou o irmão parou para urinar ou haviam chegado a fazenda.— CRETINO — Escutou o irmão gritar do lado de fora. Ela subitamente abriu a porta, saindo e deparando-se com o irmão e o marido aos socos, enquanto os funcionários da fazenda os observava e gritavam incentivos, uns para o patrão, outros para Vinícius.Aquilo só poderia ser uma piada. Joice respirou fundo e preparou os pulmões:— PAREM AGORA — ordenou com um grito.Vinícius só parou depois de acertar um soco na nariz do cunhado. Miguel xingou. Movidos pelo grito autoritário da patroa, os funcionários deixaram de agir como mero espectadores, indo ao socorro dos homens machucados. Um dos peões entregou uma camisa a Miguel que estava com o nariz sangrando. Ele olhou para a esposa que lhe ignorou indo até o irmão, tocando seus hematomas. Ele era patético mesmo.Enquanto organizava uma busca para encontrar as esposa e
Sem revisão— O que achou? — Miguel perguntou a sócia que analisava toda a situação minuciosamente. De fato, era um belo terreno bem localizado para a obtenção de matéria prima. A intenção é produzir produtos exclusivos com os aromas exóticos da Amazônia.— As licenças estão todas ok? — Penélope perguntou com seu sotaque pesado.— Sim. — Miguel respondeu olhando em volta. A fábrica era algo seu, independente dos negócios do pai, tinha que dar certo senão ele estaria arruinado.— Não molhou a mão de ninguém? — a mulher perguntou desconfiada. Apesar de sua fama de mulher fácil, era Implacável e muito correta quando se tratava de negócios. Estava investindo alto naquela empreitada e sentia que seu sócio não estava lhe contando tudo.— Sim, fiz questão de fazer tudo certo para que não haja problemas futuros. — falou isso pensando na esposa que provavelmente busca uma forma de parar a construção da fábrica.— Isso é bom, estou satisfeita com as terras e ainda hoje quero ver as licitações e
Sem revisãoJoice acordou algumas horas depois, sentia dor por todo o corpo. Percebeu que não estava em casa, logo notou que também não estava no hospital de Santa Maria. Ela não estava atordoada ou com a vista embaçada. Tentou se mover e não conseguiu, sentiu as costelas doerem de uma forma que a fez gemer, voltou a ficar quietinha e só então percebeu que não conseguia mover a perna esquerda. Puxou o lençol com certa dificuldade, sua perna estava engessada.Tentou olhar em volta mas a posição que estava não lhe permitia ver muito. "O que havia acontecido?" "Porque estava com a perna engessada?"Ela escutou vozes na porta do quarto, tentou chamar mas sua garganta estava seca. Precisava de água e de explicações.— A tomografia não deu nada — uma voz desconhecida fala ao abrir a porta do quarto.Receosa, Joice fecha os olhos e finge ainda dormir.— Porque ela ainda não acordou? — uma outra voz pergunta.— Não sei. Já era para o efeito dos sedativos terem passado. — A voz desconhecida re
Sem revisãoJoice observava o marido trabalhar na mesa no canto do quarto. Ela buscava entender o que havia de errado com ele pois Miguel não saiu do seu lado um minuto sequer desde que foi internada.Dr. Guilherme decidiu mantê-la sob observação por mais uns dias para desencargo de consciência, segundo ele lhe disse. Miguel estava concentrado nos documentos que seu assistente, que ela sequer sabia da existência, havia levado.— Não está certo — o marido falou compenetrado na análise do documento.— O quê? — Joice perguntou conseguindo atrair a atenção de Miguel.— Perdemos dois prazos para exportação de soja. — ele responde.— Vai ter que viajar para Goiás para resolver isso? — ela pergunta.— Não vou viajar, isso foi erro meu não deles, eu esqueci de mandar o documento no prazo. — Miguel confessa.— Sabe, não tem necessidade deixar o trabalho acumular por minha causa. Estou apenas em observação e não em estado grave. — Jojo o lembra das suas obrigações.Miguel se levanta, indo até e
Sem revisãoJoice sentia-se livre, odiava hospitais e o tempo que passou naquele só fez piorar sua aversão a eles. Ficou tão feliz com a notícia da alta que nem questionou o marido por tê-la beijado na frente dos médicos.A alegria de Joice se intensificou quando Miguel não seguiu para Santa Maria, seguiu para duas quadras do hospital e entrou num condomínio de luxo.Seguiram com o carro pelas ruas bem cuidadas e ambiente agradável, bem diferente dos vistos do lado de fora. Parou em frente a uma casa menor e balançou uma chave.— O que significa isso? — ela perguntou temendo a resposta.— A chave da nossa casa temporária — ele responde com um sorriso travesso.Joice apenas o olhava sem compreender exatamente o que ele estava dizendo, na verdade entendia mas estava absorvendo aquela situação inusitada. Não era possível que aquilo era real? Ele fez de novo.— Miguel, porque estamos aqui e não a caminho da nossa casa em Santa Maria? — Joice perguntou irritada por mais uma vez não ter s
Sem revisãoAna e Guilherme ainda tentavam digerir o que Rafael lhes contou ou melhor, Pedro. A moça olhava para um ponto específico pensando naquela história digna de roteiro de novelas mexicanas. Guilherme não sabia como se sentir, enganado ou solidário? Que tipo de pessoas ameaçam as outras para ter o controle de um pouco de terras?O homem à sua frente estava destruído, envergonhado e revoltado. O médico olhou para a irmã perguntando-se o quanto aquilo a estava afetando.— Então, é isso. — Pedro abaixou a cabeça após encerrar seu relato.Ana até então calada, olhou para o amigo e viu o quanto sofria por aquele amor supostamente perdido. Pensou no seu amor e em como teve que lutar para ficar ao lado dele indo contra todas as probabilidades, se ela tivesse desistido, não teria vivido momentos únicos ao lado de José, o amor que perdeu para o Câncer. Diferente dela, Pedro amava a tal de Joice desde que eram crianças e tiveram seu futuro roubado pela ganância dos pais da moça, entreta
Sem revisãoOs dias na casa provisória passavam lentamente para Joice que sentia-se presa numa gaiola. Estava dependendo da enfermeira e da secretaria do lar que o marido contratou para ajudá-la. Mesmo que Miguel a deixe a par de todos os negócios fechados e peça para que ela o ajude, ela se sente presa. Acostumada com a vida em Santa Maria, a correr solta e subir em árvores, a cavalgar pelas terras da sua família. Era acostumada a ter liberdade para se locomover e até isso foi tirado dela, por si mesma, cavalgando feito uma louca para longe das terras que conhecia desde criança, Joice sentia-se sufocada.Duas semanas haviam se passado desde que recebeu alta, duas longas semanas.Ela estava no sofá da sala com a perna apoiada em uma almofada. Damares, a mulher que Miguel contratou para cuidar da casa havia acabado de levar um lanche para ela. A enfermeira Tamires estava sentada na poltrona ao lado do sofá, sempre atenta a qualquer movimento falso que pudesse prejudicar a recuperação e
Sem revisãoA tempestade tornou-se mais forte, assustadora. Pedro observava da janela da sala o quanto aquele temporal afetava a cidade. Trânsito lento, vento forte. A rua onde mora não estava alagada, mas outras ruas da cidade sim. Os jornais locais faziam a cobertura da chuva na cidade, chuva intensa em Belém é sinônimo de caos. Em qualquer lugar do Estado era assim, a prova disso foi o temporal que provocou o seu acidente, afastando-o de Joice.Não escutou a porta se abrindo, devido ao barulho da intensa chuva.— Cara, caiu uma mangueira próximo ao hospital. O local está um caos. — Guilherme fala ao ver o amigo parado na porta da sacada.— Imagino, e como foi a cirurgia? — perguntou voltando sua atenção ao amigo.Guilherme jogou-se no sofá, esticou os braços e esticou as pernas em cima da mesa de centro.— Um sucesso, apesar de algumas complicações. — respondeu pegando o controle da TV que estava ligada no noticiário e desligou. — Com um temporal desse tudo tem que ficar fora da to