Sem revisãoAna e Guilherme ainda tentavam digerir o que Rafael lhes contou ou melhor, Pedro. A moça olhava para um ponto específico pensando naquela história digna de roteiro de novelas mexicanas. Guilherme não sabia como se sentir, enganado ou solidário? Que tipo de pessoas ameaçam as outras para ter o controle de um pouco de terras?O homem à sua frente estava destruído, envergonhado e revoltado. O médico olhou para a irmã perguntando-se o quanto aquilo a estava afetando.— Então, é isso. — Pedro abaixou a cabeça após encerrar seu relato.Ana até então calada, olhou para o amigo e viu o quanto sofria por aquele amor supostamente perdido. Pensou no seu amor e em como teve que lutar para ficar ao lado dele indo contra todas as probabilidades, se ela tivesse desistido, não teria vivido momentos únicos ao lado de José, o amor que perdeu para o Câncer. Diferente dela, Pedro amava a tal de Joice desde que eram crianças e tiveram seu futuro roubado pela ganância dos pais da moça, entreta
Sem revisãoOs dias na casa provisória passavam lentamente para Joice que sentia-se presa numa gaiola. Estava dependendo da enfermeira e da secretaria do lar que o marido contratou para ajudá-la. Mesmo que Miguel a deixe a par de todos os negócios fechados e peça para que ela o ajude, ela se sente presa. Acostumada com a vida em Santa Maria, a correr solta e subir em árvores, a cavalgar pelas terras da sua família. Era acostumada a ter liberdade para se locomover e até isso foi tirado dela, por si mesma, cavalgando feito uma louca para longe das terras que conhecia desde criança, Joice sentia-se sufocada.Duas semanas haviam se passado desde que recebeu alta, duas longas semanas.Ela estava no sofá da sala com a perna apoiada em uma almofada. Damares, a mulher que Miguel contratou para cuidar da casa havia acabado de levar um lanche para ela. A enfermeira Tamires estava sentada na poltrona ao lado do sofá, sempre atenta a qualquer movimento falso que pudesse prejudicar a recuperação e
Sem revisãoA tempestade tornou-se mais forte, assustadora. Pedro observava da janela da sala o quanto aquele temporal afetava a cidade. Trânsito lento, vento forte. A rua onde mora não estava alagada, mas outras ruas da cidade sim. Os jornais locais faziam a cobertura da chuva na cidade, chuva intensa em Belém é sinônimo de caos. Em qualquer lugar do Estado era assim, a prova disso foi o temporal que provocou o seu acidente, afastando-o de Joice.Não escutou a porta se abrindo, devido ao barulho da intensa chuva.— Cara, caiu uma mangueira próximo ao hospital. O local está um caos. — Guilherme fala ao ver o amigo parado na porta da sacada.— Imagino, e como foi a cirurgia? — perguntou voltando sua atenção ao amigo.Guilherme jogou-se no sofá, esticou os braços e esticou as pernas em cima da mesa de centro.— Um sucesso, apesar de algumas complicações. — respondeu pegando o controle da TV que estava ligada no noticiário e desligou. — Com um temporal desse tudo tem que ficar fora da to
Sem revisãoObservar a esposa dormir se tornou uma rotina para Miguel, o sono que nunca parecia tranquilo e que muitas vezes precisou intervir, acordando-a. Mas naquela noite tudo parecia em ordem, o semblante de Joice suavizado e uma linha tênue nos lábios, com certeza estava tendo um sonho bom. Se aproximou da esposa, beijou-lhe os lábios e saiu, deixando-a desfrutar daquele raro momento…Porém o sono não veio pra ele, aquele dia estava atormentado com lembranças do passado desencadeados pela simples informação de que Josi e Joice haviam se falado. A esposa não quis falar da irmã e Miguel mesmo curioso, optou por não insisti. Seguiu para a varanda, a lua cheia era o casamento perfeito com a Baía a sua frente, banhando as águas calmas com sua luz. Fechou os olhos e lembrou do igarapé que estava a milhas de distância dali. O lugar que se encontravam, namoravam, brincavam. O porto seguro de ambos. O lugar onde Josi disse pela primeira vez como se sentia em relação ao acordo das família
Sem revisãoPedro estava ansioso, não suportava mais esperar para falar com Joice, dizer que está vivo e que tudo não passou de um mal entendido. Porém Guilherme não o permitia seguir seus instintos.— Não deve agir por impulso sem antes saber o que de fato aconteceu. Essa história está muito estranha, espera mais um pouco. Apenas confie em mim. — Ele dizia ao amigo.Pedro assentiu, e deixou o assunto de lado por algumas horas. Ana havia se tornado seu porto nos momentos de angústia, aflição e ansiedade. Ela dizia o mesmo que o irmão, achava que deviam ser cautelosos.- Apenas confie no Gui, pelo que sabemos, mesmo que volte agora seus pais e Joice não estarão livres daquela família. Ela tem que completar um ano de casada para a dívida deles ser perdoada de fato. Voltar agora só causaria mais sofrimento e problemas para a sua garota. — ele acabava concordando, seus amigos estavam certos mas …Ele havia conseguido com uma das enfermeiras o endereço de Joice na cidade, descobriu que ela
Sem revisãoPedro esperava a mais de uma hora a mesa do café, a ansiedade deu lugar a aflição e agora, depois de tanto tempo esperando, beirava ao desespero, Joice não foi. Segurava entre suas mãos a terceira xícara com café, na mesa dois pães recheados, mas nada da sua amada chegar. Baixou a cabeça para evitar que os outros clientes vissem as lágrimas que começaram a correr por seu rosto, ela não foi ao seu encontro.A carta foi deixada na guarita do condomínio onde ela mora no dia anterior, sem remetente, apenas com destinatário, sua Joice. Sabia que ela reconheceria sua letra na hora e ficaria tão ansiosa quanto ele para o tão sonhado reencontro. Joice não apareceu, mas ele não sabia se por não ter lido a carta ou porque ela não quis…Quando voltou para o hospital, Guilherme havia acabado de atender seu último paciente do dia, olhou para a expressão derrotada do amigo e logo soube que algo estava errado, Pedro, desde que descobriu sobre as circunstâncias que levaram a noiva a casar
Sem revisãoJoice leu o contrato, não sabia o que dizer, o que questionar. Tudo estava nos seus termos, até tem uma cláusula que diz que seu casamento será apenas no papel, nem fidelidade Miguel está lhe cobrando. Enquanto Maciel estava a colocando contra a parede, o marido estava lhe dando o máximo de liberdade que conseguia. Havia cláusulas que permitiam que ela viajasse para se especializar sem data e hora para voltar. Poderia pegar um voo naquele momento que estava respaldada pelo contrato.A questão era, porque ela não se sentia feliz por finalmente ter conseguido tudo aos seus termos? Ela deveria estar radiante de felicidade e pesquisando onde iria viver sua vida. Seu coração estava ainda mais dolorido, Miguel foi a única segurança que teve em meio a tanto caos, isso ela jamais iria negar e agora, ele estava a deixando ir.Só que Joice não poderia ir, não pelo resto do ano e isso de certa forma a consolou, porque antes de assinar os documentos que garantiriam sua "liberdade" ela
Sem revisão"Não era o Pedro" ecoou pela cabeça de Joice enquanto Miguel continuava a falar."Subornei o delegado""Ameacei seu Jacinto e dei a ele o resto do dinheiro que tinha em conta"O ar começou a rarear, mal conseguia respirar. " Não era o Pedro", não era o seu amor.Seu corpo parecia ter sido anestesiado, tudo girava e girava. Quando sentiu a pressão sob seu ombro, notou que seu marido, agora está em pé ao seu lado, chamando-a, a trazendo de volta para enfrentar mais aquilo. Porém ela não conseguia reagir, não quando tudo que vem a sua mente é que não era o corpo de Pedro.— Não me toque — ela pediu num grito estrangulado.— Joice, eu não…— Não! — O interrompeu. — Não quero ouvir que não teve escolha. Porque você teve, poderia ter conversado comigo. Poderia ter explicado a situação ao invés de me manipular e… não, eu… eu preciso de ar, sair daqui. — Joice levantou, buscando distância do marido.— Joice? — Miguel a chamou, a vendo se afastar, forçando passos rápidos e a viu ca