Lucian caminhava pelos corredores do palácio, seus passos ecoando no silêncio opressor da madrugada. A reunião com Elise e Astor havia sido um desastre. O olhar de fúria dela ainda queimava em sua mente, e ele sentia a tensão entre os três crescer a cada dia. Ela estava irada por Viktor ainda estar preso sob condições que ela considerava cruéis, e sua revolta transbordara em palavras afiadas, acusando-os de hipocrisia.Ele passou a mão pelos cabelos, exalando um suspiro pesado. Elise sempre fora teimosa, mas agora parecia mais convicta do que nunca. Desde que retornara, sua postura desafiadora havia se tornado mais intensa. E, para sua irritação crescente, Astor estava sempre por perto, absorvendo cada olhar e cada expressão dela com interesse descarado.Lucian não era tolo. Ele via a forma como Astor a olhava ultimamente. Não era apenas uma questão de casamento ou política—Astor a desejava, e Elise, mesmo sem perceber, estava começando a responder a essa aproximação.A ideia de outro
Lucian não gostava da forma como Elise insistia no assunto de Viktor. O desfecho daquele problema já deveria ter sido encerrado, mas ela parecia determinada a arrancar mais informações. A sala onde estavam parecia menor conforme a tensão aumentava, o olhar dela cravado nele como lâminas afiadas. Astor, ao lado, observava sem intervir, mas Lucian sabia que o outro rei também não gostava de ser questionado dessa maneira.— Quero detalhes. — Elise cruzou os braços, o olhar duro. — O que exatamente pretendem fazer com Viktor?Lucian expirou devagar, tentando manter o controle da própria paciência.— Ele será transferido para um local onde não possa mais representar uma ameaça.— E onde seria esse "local"? — A voz dela era fria, desafiadora. — E em que condições ele será mantido? Porque, pelo que ouvi antes, ele estava sendo tratado de forma deplorável enquanto eu estava livre. Isso me parece injusto.Astor recostou-se na cadeira, seus olhos brilhando com um interesse cauteloso. Ele não pa
O corredor estava silencioso, mas Elise sentia o peso da tensão no ar. Depois da discussão com Lucian e Astor sobre Viktor, ela precisava de respostas. A incerteza sobre o destino do homem que, de certa forma, ajudou em sua fuga a corroía. Por que ainda o mantinham preso? Por que as condições eram tão severas? Mais do que tudo, por que ela não podia intervir?Seus pensamentos estavam tumultuados quando alcançou os aposentos que dividia com os reis. Esperava encontrá-los ali, mas o lugar estava vazio. O cansaço pesava em seus ombros, mas sua mente estava longe do descanso. Decidiu esperá-los, mas não demorou para que sua paciência se esgotasse.Ao se virar para sair, a porta se abriu. Lucian entrou primeiro, com Astor logo atrás. O olhar do primeiro era intenso, enquanto o segundo trazia um meio sorriso no rosto.— Você está nos esperando? — perguntou Astor, fechando a porta atrás de si.— Quero respostas — disse Elise, cruzando os braços. — O que vai acontecer com Viktor?Lucian suspi
Elise sentia o peso do cansaço sobre seus ombros, mas sua mente se recusava a descansar. A discussão com Lucian e Astor sobre Viktor ainda pulsava em sua cabeça, um lembrete constante de que, apesar de sua posição ao lado dos reis, ainda precisava lutar por seu lugar e por sua voz.A sensação de frustração se misturava com um nó apertado em seu peito. Por que, depois de tudo, ainda precisava provar que sua palavra tinha valor? Ela não estava ali apenas como um adorno ao lado dos reis, mas era assim que se sentia. Um peso desconfortável lhe apertava a garganta, um turbilhão de emoções contraditórias fervendo dentro de si.Lutara tanto para conquistar sua liberdade e independência, mas, no final, parecia que ainda caminhava sobre correntes invisíveis.Ela caminhava pelos corredores do castelo, suas botas ecoando pelo chão de pedra fria. O ar estava carregado, uma mistura de perfume floral e madeira queimada das lareiras acesas. Seus dedos tocaram levemente o corrimão de ferro forjado, b
Elise sentia o peso do dia em seus ombros, mas seu corpo e sua mente recusavam-se a descansar. A conversa anterior com Lucian e Astor ainda girava em sua cabeça, trazendo uma inquietação que não conseguia ignorar. Seraphine havia lançado uma provocação sutil, e Elise não podia fingir que aquilo não a afetava. O que estavam escondendo dela? E até que ponto poderia confiar nas pessoas ao seu redor?Sentada à beira da cama, observou sua própria imagem refletida no espelho. Seu olhar carregava uma mistura de determinação e dúvida. A raiva e a frustração misturavam-se a um cansaço emocional profundo. Tudo parecia mais intenso do que o normal, e ela sabia que os hormônios da gravidez estavam contribuindo para isso. Sentia-se vulnerável, algo que odiava admitir, mas ao mesmo tempo, aquela sensação apenas alimentava sua necessidade de agir.Decidida a não esperar mais respostas vazias, Elise levantou-se e caminhou até a porta. Se ninguém lhe diria a verdade, ela mesma a encontraria.Elise fez
O amanhecer trouxe um peso adicional sobre os ombros de Elise. A noite mal dormida deixara sua mente ainda mais inquieta, os ecos da discussão com Lucian e Astor ressoando em seus pensamentos. Seu corpo estava exausto, mas sua determinação apenas crescia. Algo dentro dela dizia que não poderia recuar. Se Viktor estava certo sobre a ameaça dentro do castelo, então não havia tempo a perder.Vestindo um traje discreto, Elise deixou seus aposentos e caminhou pelos corredores, atenta aos olhares dos servos e guardas. Algo havia mudado. Havia mais vigilância, mais sussurros interrompidos assim que ela passava. Era evidente que seus movimentos na noite anterior não haviam passado despercebidos. Sentia-se vigiada.Ao chegar à sala do conselho, encontrou Lucian e Astor já sentados à mesa, suas expressões fechadas. Outros membros do conselho real estavam presentes, assim como Seraphine, que ostentava um sorriso enigmático. Elise endireitou os ombros e sentou-se, recusando-se a demonstrar qualqu
O som do sino ecoava como um rugido sombrio pelas paredes úmidas das masmorras. Elise sentia cada badalada reverberar dentro de si, um lembrete constante de que o tempo estava contra eles. A fuga precisava ser rápida e precisa.Viktor ajeitou-se ao seu lado, ainda se recuperando das correntes que o mantiveram cativo. Seu corpo carregava marcas de tortura, mas sua determinação permanecia intacta. Ele se movia com a cautela de um guerreiro experiente, mas a respiração pesada denunciava o esforço que fazia para acompanhar o ritmo da fuga.— Eles sabem que escapamos — murmurou ele entre dentes. — Não vão demorar para selar todas as saídas possíveis.Elise trocou um olhar breve com o arqueiro de capuz escuro, o misterioso aliado que havia surgido no momento certo. Seu arco estava preparado, a tocha em sua mão mal iluminava os túneis subterrâneos, mas era o suficiente para seguir em frente.— Precisamos sair antes que os corredores sejam bloqueados — respondeu Elise, seu tom frio e calculad
A tempestade rugia lá fora, uma sinfonia de trovões e ventos uivantes que pareciam refletir o caos dentro de Astor. Ele estava sentado à mesa de seu gabinete, os dedos tamborilando contra a madeira escura, o olhar perdido entre os papéis espalhados diante de si. A tinta fresca de relatórios e mensagens de espiões secava lentamente, mas sua mente não conseguia focar nos números ou nas estratégias. Tudo o que via era o rosto determinado de Elise, a expressão rígida de Lucian, e a sombra da traição que agora pairava sobre o castelo.Ele passou a mão pelos cabelos, frustrado. As ações de Elise tinham sido imprudentes, perigosas. Resgatar Viktor daquela forma comprometeria não apenas sua autoridade, mas todo o equilíbrio que ele e Lucian haviam lutado para manter. Mas por mais que quisesse condená-la por sua impulsividade, uma parte de si não conseguia ignorar a coragem que ela demonstrara. Quantas pessoas arriscariam tudo para salvar alguém que o mundo inteiro considerava culpado?Astor b