Laura Stevens –Me mantive andando com leveza, embora dentro de mim o coração martelasse como um tambor de guerra. Christian seguia me observando de longe, atento, protetor. Mas aquilo... aquilo era algo que eu precisava fazer sozinha.Meus olhos cravaram em Andressa, parada ao lado do bar, rindo forçadamente com um grupo de mulheres que a rodeavam, como abelhas ao redor da colmeia. Mas eu sabia... por trás daquela máscara luxuosa, cravejada de cristais, ela continuava a mesma víbora venenosa de sempre.Então, vi quando ela pegou a taça de champanhe, levando os lábios com um ar afetado, os olhos correndo pelo salão como se buscasse outra vítima.Quando terminou a bebida, se afastou do grupo, caminhando com passos calculados em direção ao corredor lateral, o mesmo que levava ao banheiro feminino.Apertei a taça nas mãos, respirando fundo.— É agora. – Sussurrei.— Vai com calma, amor. — A voz grave de Christian respondeu, embora eu soubesse que ele odiava não estar ao meu lado naquele
Laura Stevens –A ferida na minha perna era o menor dos meus problemas naquele instante. A raiva ainda pulsava em minhas veias, e a adrenalina me fazia ignorar qualquer tipo dor.Eu sabia que o problema ainda estava por vir.Eu não apenas tinha que processar a minha entrada novamente no salão... Eu faria isso como uma maldita rainha.Amanda e Maria apareceram ao meu lado, entregando rapidamente um pequeno kit de primeiros socorros para Christian. Ele se ajoelhou diante de mim, levantando meu vestido apenas o suficiente para avaliar o corte. Seus olhos escureceram ao ver o sangue.— Droga, Laura. — Ele sussurrou, com os dentes cerrados.— Eu disse que daria conta. — Respondi com um sorriso, enquanto ele limpava a ferida com firmeza, mas sem desviar o olhar dos meus.Ele terminou o curativo improvisado e se levantou.Christian me olhou nos olhos por um instante, e então segurou minha máscara, colocando-a de volta no meu rosto com cuidado.— Está pronta amor?— Mais do que nunca. – Respo
Christian Müller –O som das algemas se fechando ao redor dos pulsos de Roger, Arthur e Norma ecoou pelo salão como um martelo cravando a sentença final.A multidão murmurava, chocada, enquanto os três eram puxados pelos policiais, se debatendo, tentando escapar do inevitável.Roger urrava protestos, Arthur xingava entre dentes, e Norma... ah, Norma se desesperava como um rato encurralado.Um a um, os convidados começaram a sair, alguns às pressas, outros em silêncio, temendo serem os próximos. Eu observei cada um deles com frieza. As máscaras estavam caindo.E então, o delegado se virou para mim, ajustando a postura rígida.— Senhor Müller, preciso que o senhor e sua esposa compareçam à delegacia para prestar depoimentos.Laura respirou fundo ao meu lado. Seu corpo estava tenso, mas seus dedos continuavam firmes ao redor do meu braço. Ela assentiu antes mesmo que eu falasse.— Estaremos lá. — Respondi o vendo assentir e se virar.Ele sinalizou para sua equipe e se retirou, levando co
Christian Müller –O silêncio no carro era pesado, apenas o som dos pneus cortando a estrada preenchia o espaço entre mim e Laura.Meu coração martelava no peito, minha mente processava cada possibilidade, cada erro que poderia custar a vida do meu filho.Assim que os faróis iluminaram a entrada da casa, Amanda surgiu na porta, correndo na nossa direção.Parei o carro bruscamente e saí, vendo Laura fazer o mesmo ao meu lado. Amanda parecia assustada, o rosto pálido de preocupação.— Christian, o que está acontecendo?Não respondi. Minha atenção estava completamente voltada para Laura.Ela respirava com dificuldade, seus olhos estavam brilhando com uma mistura de medo e determinação.Me aproximei dela, segurando seu rosto com firmeza.—Christian...- Ela chamou e eu já sabia o que ela queria dizer. Balancei a cabeça em negação, olhando-a nos olhos.— Eu vou sozinho e trarei nosso filho comigo.Os olhos dela se encheram de lágrimas.—Me promete? – Perguntou ela, deixando algumas lágrimas
Christian Müller –O carro deslizou pela rua deserta até que cheguei ao endereço. Assim que estacionei, ergui os olhos para o prédio sombrio à minha frente. Era um dos apartamentos que os pais de Andressa haviam comprado quando tentavam forçar um noivado entre nós. Mas a obra nunca havia sido finalizada.Saí do carro sem hesitar, subindo os degraus de dois em dois. A porta principal estava aberta, o que só piorava o aperto no meu peito.O cheiro de mofo e poeira me atingiu assim que entrei. As paredes tinham marcas de infiltração, o chão estava tomado por vidros quebrados e sujeira.Meus olhos varreram o ambiente.No sofá, algumas revistas de gravidez estavam empilhadas, desgastadas pelo tempo. Ao lado, brinquedos espalhados pelo chão — carrinhos, bonecos, um chocalho.Minha atenção parou em um quadro.Andei até ele, pegando-o com as mãos.Era uma foto de um casal segurando um bebê. Mas algo estava errado.Havia recortes de revistas colados sobre os rostos. No lugar do homem, estava m
Laura Stevens –Assim que Christian gritou para eu fosse, senti meu coração congelar, mas eu o obedeci.Assim que vi o pequeno corpo embrulhado como uma trouxa, pendurado no lençol, comecei a chorar e puxar com força.—Nathan! A mamãe está aqui! – Falei entre lágrimas, o puxando com força.Assim que consegui agarrar o monte, meus olhos se abriram mais que o normal. – Eu fui enganada.E de repente, um disparo fez meu coração parar por um longo segundo.BANG!Meu corpo inteiro congelou e naquele instante, tudo pareceu estar e câmera lenta.Me virei para olhar e confesso que, meu cérebro demorou para capturar a imagem.—NÃAAAAAO! – Gritei sentindo a dor vir da alma.Me levantei correndo até ele. Christian estava caindo lentamente ao chão, com o braço curvando no abdômen. – Aquela foi a primeira vez que eu o vi mortal, assim como eu.Minha visAo ficou turva e o desespero tampou a minha garganta. Eu não consegui ouvir a minha voz.Me joguei até e o abracei forte, sentindo seu corpo pesad
Laura Stevens –A claridade invadiu minha visão pouco a pouco, me trazendo de volta à realidade.Meu corpo estava pesado, minha cabeça latejava e meu peito parecia esmagado por uma angústia que me consumia.Eu pisquei algumas vezes, tentando focar minha visão na silhueta ao meu lado.Amanda estava sentada, com a expressão tensa, mas quando percebeu que eu havia acordado, se levantou rapidamente, segurando minha mão com firmeza.— Você está bem? — Sua voz soou como um sussurro preocupado.Tentei me sentar, mas um enjoo repentino tomou conta de mim. Minha cabeça parecia girar.— O que aconteceu? — minha voz saiu rouca. — Christian… onde está Christian?Amanda respirou fundo, e sua hesitação fez meu coração gelar.— Ele ainda está em cirurgia. O tiro quase foi fatal…Minha garganta se fechou, e um nó se formar em meu peito.Ele estava lutando para sobreviver; tudo isso era culpa minha.Minha mente girava, atordoada. Eu queria me levantar, queria correr até a sala de cirurgia, queria vê-l
Laura Stevens –A feição daquele médico me deixou em choque por um instante. Por um mísero segundo eu cheguei a pensar que havia perdido tudo, até que a porta se abriu e enfermeiros passaram por ela, empurrando-a apressadamente.Era ele.Christian estava ali, mas parecia tão… frágil.Seu rosto estava pálido, os lábios secos e levemente entreabertos, e o peito subia e descia devagar, como se cada respiração fosse um esforço.Fios e tubos saíam dele, ligados a monitores que apitavam em um ritmo constante, mas nada me dava a certeza de que ele estava realmente ali comigo.—Vamos levá-lo para o quarto. Ele ainda está muito comprometido. Perdeu muito sangue, e seu corpo chegou a um limite de exaustão profunda.Minha garganta se fechou, e um nó se formou no meu estômago.— O que isso quer dizer? — Minha voz saiu em um fio.O médico parou e me encarou diretamente.— Temos quarenta e oito horas para observar sua reação. Esse é o período mais crítico. Durante esse período, peço que se organize