A voz de Cecília ressoava alta, e, do jardim dos fundos, Paola captava fragmentos de sua fala enquanto aguardava a sua saída.Então, Cecília saiu, parecendo medir cada segundo.Henrique lançou um olhar discreto em sua direção: - Luís, traga o operário até aqui.Paola, confusa, indagou: - Que operário?- Parece que alguém jogou intencionalmente o balde de ferro.Carolina fixou Paola com um olhar penetrante.Paola sentiu uma contração súbita em suas pupilas e seus pés pareceram se cravar no chão, com o corpo imóvel.Mas foi um instante breve, logo ela recuperou a serenidade.Independente de Zeca ter agido sozinho ou ter enviado alguém, ela estava ausente em toda a situação, e ninguém, além de Zeca, poderia afirmar o contrário.Ela era meramente uma espectadora, uma vítima!Ainda que trouxessem o operário, nada poderiam fazer contra ela.Paola retomou a cor natural, falando com doçura: - Já que se trata de um operário, não devemos fazer com que ele pague pelo que fez. Sou bondosa e não
Carolina e Henrique trocaram um olhar, franzindo a testa simultaneamente.Rodrigo, sem reconhecer a mulher mascarada, olhava para eles confuso, com uma expressão de perplexidade:- O que está acontecendo? Se há algo a dizer, digam.Henrique olhou para Luís: - Está bem, ajude o Sr. Rodrigo a voltar ao quarto para descansar.Luís respondeu em um tom baixo, e Rodrigo não falou mais nada, pensando que o casal tinha algum segredo para discutir.Carolina e Henrique entraram em casa, deixando Paola sozinha lá fora, com as costas encharcadas de suor frio, respirando aliviada.Zeca tinha sido descuidado, mas se já o tinham visto, por que não resolveram isso imediatamente?- No leilão de terras amanhã, Dedé Ribeiro do Grupo JH estará lá, e pretendo encontrar com ele - Disse Henrique.Carolina compreendeu imediatamente: - Dedé está envolvido com a Terra das Trevas?Henrique a encarou intensamente.Ela, confusa, tocou o rosto: - O que há? Há algo em meu rosto?- Não, é que acho que não posso ma
Carolina percebeu tardiamente o que ele dizia, e seu rosto belo corou suavemente."O que se passa com esse homem, sempre pensando naquelas coisas?"Henrique apenas brincava com ela; não estava tão desejoso a ponto de pensar naquilo sob a luz do dia.O clima esfriara recentemente, e Carolina acabara de trocar para um pijama comprido. A vestimenta de algodão solta ocultava sua silhueta esbelta.Ela não apresentava sinais de gravidez e raramente sofria com náuseas matinais.Durante o banho, se percebia um leve inchaço na barriga de grávida, mas, uma vez vestida, era imperceptível, um desavisado não perceberia que ela estava grávida.Mesmo agora, deitada na mesma cama que Henrique, nada parecia diferente nela.Henrique não costumava tirar sonecas, mas abraçar a esposa suave e perfumada era como um sedativo natural, fazendo com que ele adormecesse facilmente, mergulhado numa doce ilusão.No quintal.Luís instruía o empregado: - O Sr. Rodrigo está quase sem remédios; vá ao hospital na segu
Rodrigo disse:- Sua mãe também tinha seus motivos naquela situação toda. Você se esqueceu da ligação que seu pai fez antes de morrer? Ele pediu que você vivesse bem, que deixasse o passado para trás, para não permitir que aquele acontecimento arruinasse duas gerações.A mãe de Henrique se chamava Nádia.Ela e o pai de Henrique, Emerson Mendonça, se conheceram e rapidamente se apaixonaram. Ainda na universidade, tiveram Henrique.Mas a felicidade foi breve. Logo, um homem que alegava ser noivo de Nádia a levou à força.Após isso, longe de Emerson, Nádia caiu em depressão e optou pelo suicídio.Emerson, ao receber a notícia, não demorou a seguir o mesmo caminho.Na visão de Rodrigo, Nádia, que já era comprometida, não deveria ter mantido o relacionamento com Emerson.Para ele, a tragédia era inevitável.- Minha mãe estava errada por buscar o verdadeiro amor? Ela deveria permanecer em um casamento sem amor por toda a vida?Essas palavras enfureceram Henrique. - Eles se amavam e estavam
Dedé, Breno.Ambos pertencem à família Ribeiro.Breno e Dedé têm uma diferença de idade de cerca de vinte anos. Dedé poderia muito bem ser filho de Breno, mas, analisando a linha do tempo, isso se mostra impossível.Carolina, surpresa, olhou novamente e viu, na primeira fila, à direita, um lugar marcado como BrilhanteMax, e, à esquerda, o Grupo JH.Faltavam dez minutos para o início do leilão.Dedé pediu às pessoas ao seu redor que se afastassem e se levantou, caminhando em direção a Henrique com um sorriso malicioso: - Sr. Henrique, há tempos admiro o senhor.Henrique olhou com desdém para a mão estendida à sua frente: - Tem algum assunto para tratar?A expressão de Dedé endureceu por um instante. Ele recolheu a mão naturalmente, mantendo um leve sorriso nos olhos: - Já decidiu em que terreno está interessado, Sr. Henrique?- Ainda não.Carolina observou o homem ao seu lado, pensando se ele não estava sendo demasiado hostil.Leilões de terra são diferentes, envolvendo itens únicos
Henrique, com um rosto bonito, esboçou um sorriso malicioso e despreocupado:- Quer ouvir um ditado?- Qual?- Os inteligentes são facilmente enganados pela própria inteligência.Carolina, incerta:- Você tem certeza de que pode controlar a situação?Este tipo de manobra, aparentemente simples, na verdade exigia um profundo entendimento da psicologia humana e a habilidade de prever as reações alheias.Ele, arrogante, levantou o queixo:- Apenas observe.Vendo a confiança dele, Carolina esperou em silêncio o desenrolar dos fatos.- Não há mais lances? - Perguntou o leiloeiro à plateia.- Então, 1 bilhão uma vez! - 1 bilhão duas vezes! - 1 bilhão três...- Eu dou 1,1 bilhão. - Interrompeu Dedé, se levantando e olhando desafiadoramente para Henrique.Henrique sorriu com elegância:- Tudo bem, é seu.Dedé rangia os dentes, com os dedos cerrados tão fortemente que as juntas estalavam de forma assustadora.O assistente, nervoso, assegurou:- Não se preocupe, Presidente Dedé, já compramos os
Dedé, desafiadoramente, apontou para Carolina e disse:- Esta mulher pode muito bem ser uma armadilha de Rodrigo para te controlar.Carolina, tremendo de raiva, retrucou:- O que você acabou de dizer?Quando ela e Henrique se conheceram, Rodrigo estava justamente pressionando Henrique para que esse se casasse. Dedé, com um sorriso sarcástico, propôs:- Escolha entre deixar esta mulher comigo ou descobrir o paradeiro de Nádia. A decisão é sua.- Vá para o inferno! - Henrique, enfurecido, desferiu um chute no peito de Dedé.A briga entre os dois logo se tornou caótica.Carolina, ao invés de tentar os separar, optou por ajudar Henrique.Dedé era desprezível e merecia punição.Ela pegou o que estava à mão e atirou em Dedé, que a princípio lutava de igual para igual com Henrique.Mas, distraído pelos objetos lançados por Carolina, ele começou a perder o equilíbrio.Henrique o dominou, aplicando golpes alternados, e o som dos tapas ressoava no rosto de Dedé, um após o outro.Além de ter sid
Só de pensar que Henrique e Rodrigo poderiam discutir, Carolina sentia um desconforto enorme.Para Henrique, o avô era o único parente que lhe restava, embora superficialmente ele parecesse indiferente a isso.Mas ela sabia que as reclamações dele sobre o avô eram apenas palavras. Se ele não se importasse com o avô, não cuidaria do Grupo Mendonça.Se até mesmo o carinho do avô tivesse segundas intenções, ele ficaria muito abalado.- Vamos voltar para a Cidade S - Disse Henrique, abrindo os olhos cheios de veias vermelhas, parecia ter envelhecido alguns anos nas últimas horas.O coração de Carolina apertou, e ela o abraçou, batendo levemente em suas costas: - Ok, não importa para onde você queira ir, eu estarei com você.Henrique a abraçou com força, com uma voz rouca: - Você pode ficar sempre ao meu lado?Carolina não pôde deixar de responder: - Sim, eu ficarei com você, sempre.Ela não queria mais se preocupar com Paola naquele momento, apenas queria estar com ele, assim como ele