Henrique se acalmou e recolocou o prato sobre a mesa.Carolina falou: - Estou satisfeita.Ele levantou uma sobrancelha: - Voltamos para dormir ou damos uma volta?- Já passa das dez, depois de escovar os dentes e lavar o rosto será quase onze, é melhor voltarmos para dormir.O plano era acordar cedo no dia seguinte para aproveitar bastante.O caminho de pedrinhas reluzia ao luar.Sob a luz dos postes, as sombras deles se alongavam.- Ah, lembrei, Cecília e Paola também estão aqui, sabia? - Carolina mencionou de repente a Henrique.Henrique franzia a testa, impaciente: - Vou mandar elas embora agora mesmo.Carolina, de fato, não desejava ver as duas: - Não seria muito tarde para isso? Melhor falarmos com elas amanhã.- Então será amanhã.Ele não queria que seu humor fosse afetado.Ambos se afastaram, entrando no hotel.Na curva do caminho atrás deles, Paola surgiu.Ela cerrava os punhos, seu rosto bonito ostentando um ar malicioso.Todos pensavam que Carolina era tão bondosa, mas na
Carolina balançou a cabeça:- Deixa, eu mesma faço isso.O rosto dele, apenas por estar ali parado, já era encantador.Era uma beleza tão poderosa, que o resto às vezes até parecia dispensável.Henrique hesitou por um momento, arregaçou as mangas e se sentou ao lado do Sr. Carlos:- Eu descasco.Sr. Carlos e Carolina ficaram surpresos ao ver aquele homem distinto descascando camarões como uma pessoa qualquer, uma cena inesperada.Henrique descascava camarões pela primeira vez, mas seus movimentos eram ágeis e habilidosos.O primeiro camarão não ficou perfeito, mas o segundo já mostrou melhora significativa, e o terceiro foi descascado à perfeição, como uma verdadeira obra de arte.Fernanda observava com um olhar que dizia 'isso sim é um homem habilidoso', aumentando sua admiração por Henrique.Era evidente que ele nutria sentimentos genuínos por Carolininha.Carolina olhou para os camarões no prato e, generosamente, retirou duas notas de dinheiro:- Aqui está a sua gorjeta!Henrique, c
Carolina permaneceu tensa, instintivamente lançando olhares para pescar a reação de Henrique.Ele franziu a testa intensamente e perguntou:- Onde está a Paola?- Ela está fazendo um raio-X, o braço foi atingido.- A queda do objeto foi acidental ou intencional?Luís se aproximou e explicou:- A princípio, achamos que fosse um acidente, pois não havíamos visto ninguém. Porém, após revisar as câmeras de segurança e conversar com algumas testemunhas, suspeitamos de um trabalhador. Há indícios de que possa ter sido uma ação deliberada.Carolina se mostrou preocupada, preferindo que tivesse sido um acidente.- O trabalhador já foi localizado?- Estamos no processo de busca.Enquanto Luís falava, Paola era auxiliada a sair pelos médicos, exibindo um grande hematoma no braço.- Com técnicas adequadas, minimizamos a maior parte do impacto. Não houve fratura, a recomendação é aplicar uma bolsa de gelo e daqui a alguns dias estará nova.Paola, trajando um longo vestido branco que combinava com
Henrique parou subitamente, percebendo algo estranho, se virou para chamar Carolina: - Vem cá.Os belos olhos de Carolina brilharam como estrelas, e ela deu alguns passos à frente, estendendo a mão para ele.Devido à espera intencional de Henrique, Paola acabou caminhando sozinha à frente.Ela não estava familiarizada com o lugar e não sabia por qual porta sair para o jardim.Um ar de embaraço passou por seu rosto, e ela fingiu indiferença, dizendo: - Onde está o Oreo, Henrique? Pode me levar até lá?Antes que alguém respondesse, o Sr. Carlos tomou a iniciativa: - Eu levo você.Paola forçou um sorriso, mantendo a cortesia: - Ok, obrigada.O Sr. Carlos a olhou de maneira estranha, sabendo que ela não seria tão cortês se o Sr. Henrique não estivesse presente.Assim que Paola se afastou, Luís retornou.Luís disse: - Encontrei o trabalhador e o coloquei de lado, mas acabei de ver o carro da Cecília chegando.Henrique, impaciente, disse: - Depois que Cecília for embora, mande o trabal
A voz de Cecília ressoava alta, e, do jardim dos fundos, Paola captava fragmentos de sua fala enquanto aguardava a sua saída.Então, Cecília saiu, parecendo medir cada segundo.Henrique lançou um olhar discreto em sua direção: - Luís, traga o operário até aqui.Paola, confusa, indagou: - Que operário?- Parece que alguém jogou intencionalmente o balde de ferro.Carolina fixou Paola com um olhar penetrante.Paola sentiu uma contração súbita em suas pupilas e seus pés pareceram se cravar no chão, com o corpo imóvel.Mas foi um instante breve, logo ela recuperou a serenidade.Independente de Zeca ter agido sozinho ou ter enviado alguém, ela estava ausente em toda a situação, e ninguém, além de Zeca, poderia afirmar o contrário.Ela era meramente uma espectadora, uma vítima!Ainda que trouxessem o operário, nada poderiam fazer contra ela.Paola retomou a cor natural, falando com doçura: - Já que se trata de um operário, não devemos fazer com que ele pague pelo que fez. Sou bondosa e não
Carolina e Henrique trocaram um olhar, franzindo a testa simultaneamente.Rodrigo, sem reconhecer a mulher mascarada, olhava para eles confuso, com uma expressão de perplexidade:- O que está acontecendo? Se há algo a dizer, digam.Henrique olhou para Luís: - Está bem, ajude o Sr. Rodrigo a voltar ao quarto para descansar.Luís respondeu em um tom baixo, e Rodrigo não falou mais nada, pensando que o casal tinha algum segredo para discutir.Carolina e Henrique entraram em casa, deixando Paola sozinha lá fora, com as costas encharcadas de suor frio, respirando aliviada.Zeca tinha sido descuidado, mas se já o tinham visto, por que não resolveram isso imediatamente?- No leilão de terras amanhã, Dedé Ribeiro do Grupo JH estará lá, e pretendo encontrar com ele - Disse Henrique.Carolina compreendeu imediatamente: - Dedé está envolvido com a Terra das Trevas?Henrique a encarou intensamente.Ela, confusa, tocou o rosto: - O que há? Há algo em meu rosto?- Não, é que acho que não posso ma
Carolina percebeu tardiamente o que ele dizia, e seu rosto belo corou suavemente."O que se passa com esse homem, sempre pensando naquelas coisas?"Henrique apenas brincava com ela; não estava tão desejoso a ponto de pensar naquilo sob a luz do dia.O clima esfriara recentemente, e Carolina acabara de trocar para um pijama comprido. A vestimenta de algodão solta ocultava sua silhueta esbelta.Ela não apresentava sinais de gravidez e raramente sofria com náuseas matinais.Durante o banho, se percebia um leve inchaço na barriga de grávida, mas, uma vez vestida, era imperceptível, um desavisado não perceberia que ela estava grávida.Mesmo agora, deitada na mesma cama que Henrique, nada parecia diferente nela.Henrique não costumava tirar sonecas, mas abraçar a esposa suave e perfumada era como um sedativo natural, fazendo com que ele adormecesse facilmente, mergulhado numa doce ilusão.No quintal.Luís instruía o empregado: - O Sr. Rodrigo está quase sem remédios; vá ao hospital na segu
Rodrigo disse:- Sua mãe também tinha seus motivos naquela situação toda. Você se esqueceu da ligação que seu pai fez antes de morrer? Ele pediu que você vivesse bem, que deixasse o passado para trás, para não permitir que aquele acontecimento arruinasse duas gerações.A mãe de Henrique se chamava Nádia.Ela e o pai de Henrique, Emerson Mendonça, se conheceram e rapidamente se apaixonaram. Ainda na universidade, tiveram Henrique.Mas a felicidade foi breve. Logo, um homem que alegava ser noivo de Nádia a levou à força.Após isso, longe de Emerson, Nádia caiu em depressão e optou pelo suicídio.Emerson, ao receber a notícia, não demorou a seguir o mesmo caminho.Na visão de Rodrigo, Nádia, que já era comprometida, não deveria ter mantido o relacionamento com Emerson.Para ele, a tragédia era inevitável.- Minha mãe estava errada por buscar o verdadeiro amor? Ela deveria permanecer em um casamento sem amor por toda a vida?Essas palavras enfureceram Henrique. - Eles se amavam e estavam