— Não estou surpreso que ela tenha conseguido fugir de seus soldados. Os Greco são espertos, por isso são odiados. — E caso for de seu interesse, eu já informei ao Marco que Daniele está viva. — Revelei, esperando por sua reação.— Não devia ter feito isso. Se de uma coisa eu tenha certeza, é que Marco amava Daniele e só casou-se com a irmã para conseguir um herdeiro. Absorvi toda a informação que meu avô estava me dando. Sei que talvez ele esteja me respondendo para que não aprofunde em minhas dúvidas, mas sei que se eu tentar encontrar algo a mais entre suas respostas, irei achar. Juliano sempre foi um homem prendado e astuto, mesmo depois de aposentado não deixa de incluir-se e cuidar da organização, por mais que eu faça isso com maestria e sem precisar de sua ajuda. — Não importa em dizer, a qualquer momento ele poderia descobrir. — Precisamos dar um fim nele. — Ele falou com um olhar distante e pensativo. Me aproximei mais da sua mesa. — Devia ter feito isso há anos. — Pod
Minha conversa com Matilde se encerra quando a porta é aberta e Marco adentra no quarto, automaticamente ela me encara como um sinal de alerta para que eu não tente desafiá-lo ou o tire do sério, ainda mais na condição em que me encontro. Estamos nós dois sozinhos em nosso quarto, eu estou deitada na cama, com as pernas cobertas por um edredom e vestindo uma camisola, já Marco, está usando um sobretudo azul escuro, com seus óculos de grau ajudando-o não só a enxergar, mas a exalar elegância e inteligência. Marco é um homem bonito, forte e bem atraente, mas eu não casei com ele por motivos estéticos, mas porque fui obrigada por meus pais, para substituir Daniele, ela quem se casaria com Marco, não eu. Desde que me casei com ele a minha vida havia deixado de me pertencer e tornou-se em um completo inferno. No início, estar com o capo que cuidada de todo Milão me tornava a segunda mulher mais protegida da máfia, não porque ele me amava ou se preocupava comigo, mas porque eu seria a re
— Então quer dizer que Alice contou para vocês, isso é muito interessante.— Sim, ela nos disse que estava fugindo de um maluco que queria se casar com ela. Não acha indecente para um homem de sua idade querer casar-se com uma novinha? — Becca o questionou, em resposta, Sebastian acertou um tapa forte em seu rosto. Seu ato fez com que Luana gritasse de pavor e eu me aproximasse dele. Agarrei seu ombro e o puxei para minha frente, quando ia começar a defender Becca, ele me garrou e virou-me para frente delas, imobilizando meus braços. — Não tente dar uma de salvadora aqui, princesa. Lembre-se que o show ainda não começou. — Se as machucar...— Como pode ver eu não as machuquei, ainda, quem tem feito todo esse tempo foi você. Se lembra do que fez?— Do que ele está falando, Liana? — Becca perguntou. — Ela se chama Alice! — Sebastian corrigiu Becca com arrogância. Seus lábios voltaram a roçar próximo ao meu ouvido: — A Liana dócil, gentil e inocente não existe, é uma mentira que a a
— Não precisa mais machucá-los, eu vou obedecer, tem a minha palavra. — A palavra de uma traidora não me serve de nada, garota. — Então o que você quer? — Eu quero tudo de você! Eu quero tudo! — Falou entre dentes, segurando meu braço com força. — Me tira daqui. — Pedi, com a voz baixa. Segurei seu terno e fixei seus olhos em seus lábios, depois em seus olhos azuis. — Me leva para o quarto. Eu precisava tirá-lo daqui, só assim evitarei que um deles acabe morto, por agora é só o que posso fazer. Sebastian está me encarando com um olhar indecifrável, estava estudando minha reação e parecia encontrar alguma coisa. Seus olhos se desviaram dos meus e encararam Daniel, os azuis se suas órbitas que antes estavam celestes se tornaram escuros como um mar revolto. — Mas antes, tenho uma coisa a fazer. — O quê? Antes que processasse alguma coisa, Sebastian tirou a arma de sua cintura e virou para Daniel, sem demora ele disparou uma única vez em sua cabeça. Entrei em choque com a cena
Algo dentro de mim estava morrendo aos poucos e uma tristeza sem fim crescia a cada dia. Desde que Sebastian me encontrou e me trouxe de volta, eu vinha dizendo para mim mesma que não havia mais esperança de ir embora, que tudo estava perdido, e de fato era verdade, mas algo dentro de mim ainda me pedia para ter esperança, para confiar no universo e que possivelmente, só possivelmente, Sebastian pudesse desistir desse casamento e me libertar. Eu me senti uma completa idiota por manter uma esperança até hoje, mesmo tendo consciência de que isso não aconteceria, ainda mais conhecendo as pessoas que nasci e cresci em volta. Viver em um conto de fadas onde à esperança e pessoas boas não é o meu forte, nunca foi, mas só por essa semana eu me deixei levar por essa imaginação, esperando que aqueles pensamentos pudessem se realizar. Depois do que houve com minhas amigas e o Daniel eu não voltei a enfrentar o Sebastian, era obedecê-lo ou ver as pessoas que amo pagando por minha rebeldia, p
— Também não fazemos ideia. Um homem nos tirou daquela sala de horror e nos levou para um quarto, pediu que tomássemos banho e nos vestisse com as roupas que estavam em sacolas. — Explicou Luana. — Sebastian está por trás disso, ele está planejando alguma coisa. — Será que ele irá nos matar?— Eu duvido disso. Ele é esperto, usará vocês duas para me manter lembrada do que pode acontecer caso eu tente fugir. — Expliquei a elas, tentando tranquilizá-las.— E você pensa em fugir? — Luana perguntou.— Eu não posso, além de vocês a minha mãe também corre o risco de ser machucada, caso eu tente escapar. — Fico triste que tenha sido encontrada por nossa causa. — Vocês não foram responsáveis, lembrem-se que o meu noivo se passou por nosso professor substituto. — Eu ainda não entendi como não o reconheceu. — Muito simples. A tradição do casamento na Cosa Nostra permite que o casal se veja pela primeira vez antes do casamento, a primeira e única vez que o vi foi quando tinha dez anos.—
— Obrigada.— Como está se sentindo com tudo isso? — Becca perguntou, com uma expressão de tristeza para mim. — Eu estou me sentindo sufocada, como se tivessem me tirado um par de asas das minhas costas. Me sinto enjaulada, manipulada, e eu não posso fazer nada a respeito. — E quanto aos seus pais? — Eu sou conhecida por causa da minha família de traidores, Becca, eles não podem fazer nada, pois se fizerem e quebrarem o acordo, todos nós morremos, inclusive vocês duas. — Você estava sendo caçada pelo seu marido, por isso ia deixar Califórnia? — Sim, de tempos em tempos eu preciso me mudar. Mas quando eu conheci vocês eu quis me estabelecer ali, mas isso foi meu pior erro. — Não diga isso, Liana. — Falou Luana. — Eu sei que nos contar acabou nos colocando em perigo, mas independente de tudo amamos você. — Luana, meu egoísmo de não ter ido embora da Califórnia matou duas pessoas, aquela criança e o Daniel. Encarei a janela a fim de encerrar aquele assunto, mas Becca me questio
— Mas te tirou do seu cargo, e agora outra pessoa está liderando em seu lugar, e isso já fez valer a pena. — Respondi, me agarrando naquelas palavras. — Assim que o Mortalla oficializar o casamento, eu voltarei a ser o Capo de Milão.— Estamos no meu casamento, não em uma cessão de comédia. O cargo não te pertence mais, e quando a ficha cair, eu vou estar presente. A pequenos passos ao curto degrau do altar eu o vejo parado ali, com um olhar sério e sombrio, parece que nunca muda. Meu pai entrega a minha mão a Sebastian e com seu toque pesado e áspero faz-me recuar por um instante, foi algo automático e não houve intenção, mas isso chamou atenção de quem notou. Sebastian não mudou de expressão, apenas agarrou o meu braço e me fez subir até pararmos em frente ao padre. A melodia parou e a cerimônia começou, e enquanto o padre começava a falar eu me desliguei da realidade e voltei com a cabeça a Califórnia, foi um ano de experiência, eu consegui viver como nunca antes, eu viaj