Naquela tarde liguei para Vincent que se empolgou com a minha resposta. Disse que passaria no dia seguinte para me buscar. Quando a noite caiu, comecei a arrumar minhas malas. Sebastian estava parado na porta do meu quarto, sentado no chão de pernas cruzadas e me encarando fixamente como uma criança.
– Acha que me olhar assim vai me fazer mudar de ideia? – continuei prestando atenção no que fazia.
– Não custa nada tentar.
– Uma hora você vai cansar. – Fechei a mala.
– Só vai levar isso? – mudou de assunto.
– Foi o que eu consegui comprar nesse tempo que saímos do acampamento. – Ajeitei minhas coisas num canto do quarto.
– Se ficar comigo posso te dar uma loja inteira. – Sorriu.
– Acha que vai me comprar fácil?
– Você acha que comprar uma loja é pouco, Luly?
– Pelo sacrifício de continuar morando sob o mesmo teto que você, sim. E já disse pra não me chamar assim.
– Mas pra morar com um co
– O que está fazendo aqui? – o velho saiu entrando sem minha permissão. – Vim ver meu filho, é claro. – Como chegou aqui em cima? – Hm... pelo elevador. – Nossa, que piada boa. – To falando sério. Eu pago condomínio pra não ser pego por essas surpresas, sabe? – Se tivesse olhado quem era antes de abrir a porta não estaria com essa cara de otário agora. – Se jogou no sofá. – Bom, as únicas pessoas que poderiam chegar aqui sem passar pela vistoria do porteiro são meus vizinhos. – Inclusive, muito simpático esse seu porteiro. Quando cheguei ele estava vendo aquelas revistas de mulheres nuas. – Esse punheteiro... – revirei os olhos. – Você não deveria estar na Europa? – O pai de Luiza está cuidando de tudo por lá. Resolvi tirar umas férias. – Colocou o pé sob a mesinha de centro. – Será que você poderia tirar esse pé imundo daí? – chutei sua perna. – Espero que não pretenda ficar aqui, porqu
Tem gente que diz que primeira impressão é a que fica. Vincent me deixou várias impressões ao longo do tempo, mas depois que fui morar com ele as coisas mudaram. Dois dias foram o necessário para que eu conhecesse um cara carinhoso, bobo, engraçado e que quando necessário sabia mandar. Sempre que eu estava com Vincent, misteriosamente Sebastian desaparecia dos meus pensamentos.Todas as noites eu cozinhava para ele. Vincent sempre chegava umas 19h do trabalho. Comíamos, ele me falava do seu dia (geralmente eu dava alguns pitacos que ele tinha paciência em ouvir), então nós fazíamos algo juntos como ver um filme, jogar algum jogo, caminhar, ver algum programa legal na TV. A cada dia eu me sentia mais confortável ao lado dele e mais ansiosa para passar as horas com ele.Ele tinha me dado vários momentos fofos e eu ficava igual uma boba lembrando deles.
Sebastian’s pov A caneta fazia um barulho ritmado enquanto se chocava freneticamente contra a superfície da mesa. O que fazer agora? Toda vez que eu tentava me aproximar de Luiza acontecia algo que nos afastava mais. Talvez estivéssemos destinados a nunca ficar juntos. (...) – Sebastian? O que faz aqui? – aquela pergunta de Luiza era ótima, principalmente a resposta para ela. “Estava te seguindo”. Realmente, não é uma coisa que se costuma admitir quando se é pego no flagra. – Eu é que pergunto! O que você faz aqui? – Isso não é problema seu. – Virou a cara pra mim. – E vocês dois? – apontou para Ian e Ítalo. – Estão aqui por quê? – Estamos aqui acompanhando Sebastian seja lá no que ele estiver fazendo. – Ian disse. – Estavam me espionando? – Mas é claro que não! – Ítalo tomou nossas dores. – Isso tudo não passa de uma coincidência. – Realmente, foi por uma coincidên
Luiza's pov Como explicar a Vincent o que eu tinha feito? Sentia um embrulho no estômago só de pensar na reação dele. Vincent era uma pessoa boa, maravilhosa, na verdade, não merecia que eu o abandonasse. Mas a última coisa que eu queria era depender dele, a última coisa que eu queria era depender de alguém. Ao menos financeiramente, porque se fosse pensar no quesito sentimentos as coisas não estavam indo muito bem para o meu lado. Não queria envolver Vincent em mais essa confusão. Não queria pôr em risco qualquer coisa que não fosse minha. Vincent não era meu, seu dinheiro também não e seu tempo muito menos. Quando eu recebi aquele papel naquela manhã chuvosa, eu sabia que teria que apelar. Geralmente gosto do frio e da chuva, mas assim que levantei minha intuição já me dizia que algo mais escuro que o céu viria pra cima de mim. Não deu outra. Lá estava aquele maldito empregado, com aquele maldito papel, representando aquela maldita velha. S
Sebastian’s pov – Meu Deus... eu sou muito gato mesmo, como pode? – dei uma longa olhada no meu reflexo no espelho. Se eu fosse mulher eu me pegava, na boa. Naquela manhã eu tinha acordado mais feliz que o normal. Luiza estava de volta, tínhamos dormido na mesma cama e ela faria tudo o que eu quisesse durante um mês. E aquele beijo? O que foi aquele beijo? Rapaaaz! Ri sozinho igual um idiota. A noite havia sido perfeita! Mais perfeita ainda quando acordei e vi que Luiza estava deitada em meu peito. Tirei até uma foto pra registrar o momento. Não houve chutes ou xingamentos noturnos ou surpresas inesperadas como acordar no chão. Luly não demorou sequer duas horas para assinar o contrato após acordar. O que era bom por um lado, mas péssimo se levar em conta que eu teria que me encontrar logo com aquela velha tarada. Mesmo não sendo um fiel fervoroso, desde a noite passada já tinha pe
Luiza's pov– Escrava! - aquela voz já estava me irritando.– Que é? - falei igual uma barraqueira. Ele me olhou com ar de reprovação. Suspirei. - Sim, mestre.– Minha pipoca acabou, faça mais!– Sim, mestre. - Coloquei o saco no microondas e mal terminei de programar ouvi de novo a voz de Sebastian me chamar.– Escrava!– Sim, mestre. - Parei diante dele.– Me traga mais um refrigerante!– Mas você ainda nem abriu o seu!– Não discuta comigo, escrava! Traga meu refrigerante! - respirei fundo.– Sim, mestre. - Levei a pipoca, que já estava pronta, e o refrigerante. - Aqui está, mestre.– Não é esse saber que eu quero.– Quê?– Eu quero pipoca de bacon, você me trouxe pipoca
– Isso mesmo, Loreta, você está indo muito bem! - estávamos a 30 km numa pista de 60 km. Agora eu entendia porque Sebastian estava de óculos escuros. Todos os carros que passavam buzinavam pra nós.Como eu tinha entrado naquela ervilha? Simples: à força. E quando eu tentei sair descobri que a porta do carona só abria por fora e a janela não descia. Grande Loreta. Parecia que tinha vida e trabalhava a favor de Sebastian.Ele fazia isso de propósito, só podia ser! Loreta por dentro era pior do que por fora. Bancos rasgados, fedendo a coisa velha, barulhos estranhos saindo do motor, rádio que só pegava uma estação, marcha que demorava a pegar... Sim, Loreta era o sonho de todo homem.Eu estava muito puta com Sebastian, tanto que não trocamos uma palavra durante todo o caminho. Fiquei lendo o relatório pra conseguir mais detalh
– Luiza! – gritei ao fechar a porta com toda a força. – Luiza! – segui em direção ao quarto dela. Eu tinha 99% de certeza de que ela não estaria mais no meu quarto. Principalmente depois do que aconteceu. Já cheguei abrindo a porta e sem bater. Por sorte estava destrancada. – Luiza! – Vai embora! – jogou o abajur do criado mudo em minha direção, mas não chegou nem perto de me acertar. Agora eu entendi porque a porta não estava trancada. – Acho que você precisa melhorar sua pontaria. – Cruzei os braços. – Continue parado aí que uma hora te garanto que eu acerto! – jogou um livro que passou um pouco mais perto que o abajur. – Você vai voltar pra faculdade. – Fui direto ao ponto. – O quê? Virou meu pai agora pra dizer o que eu devo ou não devo fazer? – Não, virei seu marido. – Ela fez um muxoxo. – Pior ainda! Você não pode me obrigar a fazer nada! – Não estou te obrigando a nada. Seu sonho não é se tornar