Collin BlackwoodO silêncio entre Sophie e eu era uma presença insuportável, preenchendo cada canto da casa com um peso que eu não sabia como aliviar. Desde que ela encontrou a carta, a distância entre nós crescia. Não era apenas uma questão de palavras não ditas; era a dor de saber que eu havia falhado em protegê-la de um pedaço do meu passado que não significava nada agora, mas que ainda tinha o poder de causar estragos no presente.Eu não poderia permitir que esse abismo crescesse. Não agora, quando Sophie estava carregando meu filho. Precisava encontrar uma forma de reconquistá-la, de mostrar a ela que meu amor era verdadeiro e inabalável.Naquela manhã, tomei uma decisão.– Milady – chamei, batendo suavemente na porta do quarto.Sophie estava sentada perto da janela, olhando para o horizonte. Seu perfil estava tranquilo, mas seus olhos não tinham o mesmo brilho de antes.– O que foi, Collin? – perguntou, sua voz neutra.Entrei, tentando não invadir seu espaço.– Quero te levar a
Collin BlackwoodA carta de Sophie estava sobre minha mesa, as palavras dela gravadas em minha mente como ferro em brasa. Ela estava certa. Esconder o passado foi um erro, mas era o único jeito que eu conhecia de proteger o que tínhamos. Agora, parecia que minha tentativa de protegê-la estava destruindo o que havíamos construído.Sentei-me à escrivaninha, os dedos tamborilando sobre o papel. Pensava em como responder, mas Sophie não queria palavras escritas; ela queria ações. Precisava de mim, de uma demonstração clara de que eu estava disposto a lutar por nós.E eu lutaria.Na manhã seguinte, enquanto ela ainda estava no quarto, mandei preparar os cavalos e chamei as irmãs dela para uma conversa no salão principal. Elas estavam intrigadas com meu pedido, mas seus rostos se iluminaram quando expliquei o plano.– Queremos ajudar – disse Samira, a mais entusiasmada.– É o mínimo que podemos fazer – acrescentou Aisha.As outras concordaram, seus olhares cheios de cumplicidade.– O que pr
Collin BlackwoodA viagem para o litoral havia sido um bálsamo, mas o retorno à nossa rotina trouxe de volta o peso das responsabilidades e, com elas, as incertezas que vinham assombrando nosso casamento. Sophie parecia mais leve, mas ainda havia algo nos olhos dela que me dizia que as coisas não estavam completamente resolvidas.Eu sabia que precisava continuar conquistando sua confiança, especialmente agora, com o bebê a caminho. A notícia da gravidez me trouxe uma alegria inesperada, mas também um senso de urgência. Eu queria que nosso filho nascesse em um lar sólido, onde Sophie se sentisse segura e amada.Naquela manhã, eu estava sentado no escritório, revisando algumas correspondências que precisavam de atenção. Entre os papéis, encontrei uma carta que não esperava. Era de um antigo colega de regimento, William Eastwood. Ele havia retornado à Inglaterra recentemente e estava interessado em me visitar.“Seria um prazer revê-lo, meu caro amigo,” a carta dizia. “Tenho lembranças da
Collin BlackwoodA manhã estava fria, com uma brisa cortante vindo do leste, mas, ao mesmo tempo, havia algo no ar que parecia prometer mudança. Eu podia sentir o peso do tempo se arrastando, como se o universo estivesse nos observando, aguardando o momento certo para nos revelar o próximo passo.Sophie ainda estava na cama quando acordei. O quarto estava silencioso, exceto pelo som suave da respiração dela, e eu me peguei observando-a por um instante, absorto na tranquilidade daquele momento. Ela estava diferente desde nossa última conversa. Talvez fosse a gravidez, ou o peso da revelação sobre meu passado, mas algo em seus olhos parecia estar distantes, como se ela estivesse carregando um fardo invisível.Meus dedos roçaram a linha de seu cabelo, e eu senti uma sensação de amor misturada com culpa. Eu a queria mais do que qualquer coisa, mas o medo de que as sombras do meu passado acabassem com o que estávamos construindo me consumia.Quando ela acordou, me olhou com um sorriso tími
Eu estava em meu escritório, os papéis espalhados sobre a mesa, mas minha mente não estava ali. O eco das palavras de Sophie ainda ressoava em minha cabeça, implacável e doloroso. A imagem dela, com os olhos cheios de raiva e tristeza, continuava a me assombrar, e eu não sabia como lidar com isso. Como ela poderia entender? Como poderia esperar que ela me perdoasse por algo tão profundo e doloroso?A verdade estava finalmente exposta, e com ela veio a certeza de que as coisas entre nós nunca mais seriam as mesmas. O peso do que eu havia escondido de Sophie, o segredo que eu carregava, agora estava à vista. Eu não podia mais me esconder. Não havia mais desculpas, nem justificativas que pudessem aliviar a dor que eu causara. Eu a magoei, e, ao fazer isso, coloquei em risco tudo o que havíamos construído.Sophie não merecia isso. Ela merecia um homem que a amasse sem reservas, que não tivesse fantasmas do passado pairando sobre ele. Mas eu não era esse homem. Eu nunca fui. Eu me vi perdi
Collin BlackwoodA manhã seguinte chegou com o peso de uma noite mal dormida. As palavras de Sophie ecoavam em minha mente como um tambor incessante. O espaço que ela criara entre nós parecia intransponível, e a dor em seus olhos era um lembrete constante de que eu havia falhado com ela.Levantei-me cedo, determinado a organizar meus pensamentos. Marianne e seu filho, Charles, ainda estavam na cidade. O menino, de cerca de dez anos, tinha olhos que não deixavam dúvidas sobre sua ligação comigo. A questão não era se ele era meu filho, mas o que essa revelação significava para mim, para Sophie e para nosso casamento.Vesti-me rapidamente, ignorando o café da manhã. Cada passo em direção ao escritório parecia pesar mais do que o anterior. Havia muito a decidir, e o tempo não parecia estar ao meu lado.Quando cheguei à sala, encontrei um envelope sobre a escrivaninha. O lacre estava intacto, e o nome de Marianne estava escrito com sua caligrafia fluida e elegante. Relutante, abri a carta,
Sophie BlackwoodAs sombras do passado de Collin haviam entrado de rompante em nossa casa, como intrusos sem permissão, e agora pareciam impossíveis de expulsar. Marianne continuava a manipular as situações, envenenando os dias com sua presença sorrateira. Cada encontro entre ela, Charles e Collin era uma punhalada em meu coração, deixando-me cada vez mais insegura.Naquela manhã, a tensão entre nós era palpável. O salão de jantar estava mais silencioso do que nunca, com Collin mal tocando na comida e eu forçando-me a manter a compostura. A cada momento que passava, sentia o chão se afastando debaixo de mim.– Estava pensando... – ele começou, a voz hesitante. – Gostaria que me acompanhasse até Londres amanhã. Tenho assuntos a tratar, mas seria bom sairmos daqui por um tempo.– Por quê? – perguntei, erguendo os olhos para ele. – Para fugir de Marianne?– Sophie... – Ele suspirou, cansado. – Não quero fugir. Quero passar um tempo com você, longe de tudo isso.– Longe dela, você quer di
Sophie BlackwoodA casa estava estranhamente silenciosa na manhã seguinte à partida de Marianne. As tensões que haviam se acumulado nos últimos meses pareciam finalmente começar a se dissipar, mas o vazio deixado por toda aquela agitação era quase sufocante.Eu me sentei na poltrona perto da janela de nosso quarto, observando os jardins lá fora. O inverno estava chegando, e as folhas secas cobriam o chão como um tapete dourado. Havia algo calmante naquela cena, mas meu coração ainda estava inquieto.Collin entrou no quarto sem fazer barulho. Ele parecia mais leve, mas ainda assim, algo em seu olhar indicava que a batalha com Marianne havia deixado cicatrizes invisíveis.– Você está bem? – ele perguntou, aproximando-se.Eu forcei um sorriso e assenti.– Sim, só estou... processando tudo.Ele se ajoelhou diante de mim, segurando minhas mãos nas dele.– Sophie, eu quero que saiba que tudo o que fiz foi pensando em nós.– Eu sei, Collin – respondi, apertando suas mãos. – Mas é difícil não