Collin BlackwoodA manhã seguinte chegou com o peso de uma noite mal dormida. As palavras de Sophie ecoavam em minha mente como um tambor incessante. O espaço que ela criara entre nós parecia intransponível, e a dor em seus olhos era um lembrete constante de que eu havia falhado com ela.Levantei-me cedo, determinado a organizar meus pensamentos. Marianne e seu filho, Charles, ainda estavam na cidade. O menino, de cerca de dez anos, tinha olhos que não deixavam dúvidas sobre sua ligação comigo. A questão não era se ele era meu filho, mas o que essa revelação significava para mim, para Sophie e para nosso casamento.Vesti-me rapidamente, ignorando o café da manhã. Cada passo em direção ao escritório parecia pesar mais do que o anterior. Havia muito a decidir, e o tempo não parecia estar ao meu lado.Quando cheguei à sala, encontrei um envelope sobre a escrivaninha. O lacre estava intacto, e o nome de Marianne estava escrito com sua caligrafia fluida e elegante. Relutante, abri a carta,
Sophie BlackwoodAs sombras do passado de Collin haviam entrado de rompante em nossa casa, como intrusos sem permissão, e agora pareciam impossíveis de expulsar. Marianne continuava a manipular as situações, envenenando os dias com sua presença sorrateira. Cada encontro entre ela, Charles e Collin era uma punhalada em meu coração, deixando-me cada vez mais insegura.Naquela manhã, a tensão entre nós era palpável. O salão de jantar estava mais silencioso do que nunca, com Collin mal tocando na comida e eu forçando-me a manter a compostura. A cada momento que passava, sentia o chão se afastando debaixo de mim.– Estava pensando... – ele começou, a voz hesitante. – Gostaria que me acompanhasse até Londres amanhã. Tenho assuntos a tratar, mas seria bom sairmos daqui por um tempo.– Por quê? – perguntei, erguendo os olhos para ele. – Para fugir de Marianne?– Sophie... – Ele suspirou, cansado. – Não quero fugir. Quero passar um tempo com você, longe de tudo isso.– Longe dela, você quer di
Sophie BlackwoodA casa estava estranhamente silenciosa na manhã seguinte à partida de Marianne. As tensões que haviam se acumulado nos últimos meses pareciam finalmente começar a se dissipar, mas o vazio deixado por toda aquela agitação era quase sufocante.Eu me sentei na poltrona perto da janela de nosso quarto, observando os jardins lá fora. O inverno estava chegando, e as folhas secas cobriam o chão como um tapete dourado. Havia algo calmante naquela cena, mas meu coração ainda estava inquieto.Collin entrou no quarto sem fazer barulho. Ele parecia mais leve, mas ainda assim, algo em seu olhar indicava que a batalha com Marianne havia deixado cicatrizes invisíveis.– Você está bem? – ele perguntou, aproximando-se.Eu forcei um sorriso e assenti.– Sim, só estou... processando tudo.Ele se ajoelhou diante de mim, segurando minhas mãos nas dele.– Sophie, eu quero que saiba que tudo o que fiz foi pensando em nós.– Eu sei, Collin – respondi, apertando suas mãos. – Mas é difícil não
SinopseOliver Blackwell sempre foi conhecido como o libertino mais charmoso e escandaloso de Londres. Filho de um conde renomado, ele cresceu com privilégios e expectativas, mas escolheu viver sem amarras, entregando-se a prazeres mundanos nos salões mais exclusivos da cidade. Contudo, sua vida toma um rumo inesperado quando ele conhece Layla, uma jovem enigmática que cresceu dentro dos muros de um dos bordéis mais luxuosos de Londres.Layla, filha de uma cortesã, é inteligente, forte e dona de uma beleza incomum. Apesar de seu passado difícil, ela construiu para si mesma uma fortaleza de orgulho e determinação. Diferente das mulheres que Oliver está acostumado a conquistar, Layla não se impressiona com títulos ou riquezas, e muito menos com promessas vazias.Determinados a resistir à atração que cresce entre eles, ambos se veem desafiados a enfrentar os fantasmas de seus passados e as expectativas da sociedade. Mas quando segredos obscuros sobre a origem de Layla e os erros do passa
Uma Intriga InesperadaLondres, 1867Oliver Blackwell era um homem acostumado aos olhares. Desde a sua juventude, ele percebia o fascínio que sua presença causava, seja por suas feições marcantes, seja pelo charme natural que parecia exalar de cada palavra ou gesto. Aos trinta anos, já havia conquistado mais corações do que poderia se lembrar — e perdido o interesse por todos com a mesma rapidez.Naquela tarde, enquanto passeava pelas ruas agitadas de Londres em sua carruagem, Oliver observava o movimento com um misto de tédio e leve curiosidade. A alta sociedade inglesa, com todos os seus bailes, intrigas e teatros, começava a parecer um ciclo sem fim de repetições. Ele ansiava por algo diferente, algo que despertasse nele a velha emoção de descobrir o inesperado.Foi então que sua atenção foi capturada por um pequeno tumulto à frente. Diante do imponente prédio que abrigava o La Rose Noire, o mais famoso bordel da cidade, uma carruagem de aparência simples se afastava apressadamente
LaylaO buquê de flores repousava sobre a cômoda em meu quarto, lançando um perfume delicado que preenchia o ar. Olhei para ele como se fosse um enigma a ser resolvido, tentando decifrar as intenções do homem que o havia entregue. Lorde Oliver Blackwell. Um nome que já era sussurrado em quase todas as salas deste lugar.— O que ele pensa que está fazendo? — murmurei para mim mesma, enquanto ajustava a fita no meu vestido simples.Madame Amélie, minha mãe, sempre dizia que homens como ele eram como tempestades: fascinantes à distância, mas devastadores quando deixados chegar perto demais. "Layla," ela dizia, "não confunda curiosidade com destino. Um homem como ele só sabe brincar com o que não pode ter."E ainda assim, lá estava eu, prestes a encontrar aquele libertino descarado para um passeio. Por quê? Porque parte de mim queria confrontá-lo, talvez jogá-lo no chão metafórico e mostrar que nem todas as mulheres caíam de joelhos diante de seu charme irritantemente cativante.Quando de
OliverEu estava sentado em meu escritório, olhando fixamente para o copo de uísque em minhas mãos, algo incomum para aquela hora da manhã. O calor da bebida deveria me trazer conforto, mas, ao invés disso, havia uma inquietação que não conseguia dissipar.Layla.A filha de uma cortesã, uma jovem que carregava a sofisticação de uma dama, mas também a força de alguém que havia crescido enfrentando o mundo com as próprias mãos. Ela era tudo que eu não esperava encontrar. Eu sabia que devia deixá-la em paz, seguir com a vida que sempre conheci: festas, jogos, mulheres fáceis e uma rotina de diversão despreocupada. Mas ela era diferente, e isso era ao mesmo tempo intrigante e insuportável.— Senhor, a senhorita Evelyn está aqui para vê-lo — informou meu mordomo, interrompendo meus pensamentos.Suspirei e coloquei o copo na mesa. Evelyn era uma das debutantes mais cobiçadas da temporada e, segundo minha mãe, a esposa perfeita para alguém como eu. Claro que eu discordava completamente, mas
LaylaO som abafado dos saltos contra o piso de madeira ecoava pelo salão principal da mansão Blackwood. Layla segurava a respiração, seus olhos fixos no chão enquanto tentava evitar os olhares altivos que recaíam sobre ela. Não era novidade ser o centro de comentários maliciosos, mas hoje, havia algo particularmente cruel nos sussurros.— Vejam só, é ela... A filha da cortesã, andando como se tivesse nascido para isso. — A voz sibilante de Lady Winstone soou próxima o suficiente para que Layla ouvisse.Layla ergueu o queixo, recusando-se a demonstrar fraqueza. Desde pequena, sua mãe lhe ensinara que palavras cortantes só tinham o poder de ferir se ela permitisse. Contudo, naquela noite, a presença imponente de Oliver Blackwood, filho do duque, tornava tudo mais difícil. Ele estava encostado na lareira, o semblante calmo, mas os olhos atentos, como se pudesse sentir o desconforto dela mesmo de longe."Por que ele tem que estar em todos os lugares?" Layla pensou, forçando-se a manter