Sophie BlackwoodOs primeiros raios do sol invadiram meu quarto enquanto eu ajustava meu vestido frente ao espelho. Desde que começara a ajudar Collin com os assuntos da propriedade, havia uma nova energia em mim. Não era apenas o trabalho no jardim ou os encontros no escritório dele; era algo mais profundo, algo que eu não conseguia definir completamente.Collin, apesar de sua aparência imponente e personalidade reservada, demonstrava uma sensibilidade que poucos conheciam. A maneira como ele falava sobre sua família, sobre a responsabilidade que carregava, mostrava um homem que protegia o que amava com todas as forças.Desci para o salão principal, onde encontrei James arrumando os papéis na mesa do corredor.– Bom dia, James. O Conde já está acordado? – perguntei.– Ele saiu para os campos logo cedo, milady – respondeu ele, com seu tom característico de eficiência.Decidi ir até lá. As botas não eram as mais adequadas para caminhar na terra molhada, mas minha curiosidade era maior
Os dias de primavera vinham sendo generosos com a propriedade de Blackwood Hall. As árvores estavam em plena floração, os campos exalavam um perfume doce, e as noites eram límpidas, repletas de estrelas que pareciam mais brilhantes do que nunca. A relação entre Collin e eu continuava a evoluir, como uma flor que desabrocha lentamente, mas com a promessa de uma beleza deslumbrante.Aquela noite, um convite inesperado chegou até mim. Collin apareceu à porta do meu quarto, usando uma camisa simples e botas gastas, o que era inusitado para o conde geralmente tão impecável.– Sophie, quer me acompanhar? – perguntou ele, um sorriso hesitante brincando em seus lábios.– Para onde? – respondi, curiosa, embora sentindo meu coração acelerar.– Há algo que quero lhe mostrar. Pensei que esta noite seria perfeita.Hesitei por um momento, mas a promessa oculta em seus olhos era irresistível. Vesti um xale leve sobre meus ombros e segui Collin para fora da mansão.O caminho estava iluminado apenas p
Sophie BlackwoodA noite caía serena sobre Blackwood Hall, com o céu pintado de um azul profundo salpicado de estrelas. Ainda estava no jardim, ao lado de Collin, quando ele se levantou, oferecendo sua mão.– Venha, Sophie. Há algo mais que gostaria de lhe mostrar – disse ele, seu tom grave e suave ao mesmo tempo, como se quisesse guardar aquele momento apenas para nós dois.Peguei sua mão sem hesitar. A sensação era reconfortante, como se aquele gesto trivial fosse a promessa de algo maior. Enquanto caminhávamos, percebi que o silêncio ao nosso redor não era desconfortável; era cheio de expectativas.Collin me conduziu para dentro da casa, mas não seguimos para a sala de estar ou para os quartos principais. Em vez disso, ele abriu uma porta que eu não tinha notado antes, revelando uma escadaria estreita que parecia levar a uma torre.– Onde estamos indo? – perguntei, curiosa.– É uma surpresa – respondeu ele, lançando-me um sorriso que fez meu coração acelerar.Quando alcançamos o to
Sophie BlackwoodA manhã seguinte parecia ainda mais brilhante do que a anterior. A visita inesperada de minhas irmãs trouxe um calor ao meu coração que há muito tempo eu não sentia. Passar a noite em suas companhias, rindo e recordando nossos momentos juntas, foi como redescobrir uma parte de mim que havia ficado para trás.Collin, no entanto, era o verdadeiro responsável por essa alegria. Ele tinha uma habilidade incomum de transformar o inesperado em algo mágico, e a presença dele naquela sala, enquanto minhas irmãs e eu compartilhávamos histórias, era como a cola que mantinha tudo unido.Quando finalmente nos despedimos das meninas na porta, percebi como a vida no campo havia mudado para melhor. Collin esperou pacientemente até que a última carruagem desaparecesse na estrada antes de se voltar para mim.– Satisfeita, minha duquesa? – perguntou ele, um sorriso brincando em seus lábios.– Mais do que posso expressar – respondi, colocando a mão em seu braço. – Obrigada por isso.Ele
Collin BlackwoodSophie havia mudado tudo. Desde o momento em que a vi pela primeira vez, havia algo nela que me deixava desconcertado. Ela não era como as outras mulheres que cruzaram meu caminho ao longo dos anos. Sophie era diferente. Ela não tentava disfarçar sua vulnerabilidade ou a força que vinha dela. Cada gesto, cada sorriso, me fazia questionar todas as escolhas que fiz até aquele momento.Quando sugeri visitarmos as estufas, não sabia ao certo por que o fiz. Talvez fosse o desejo de compartilhar com ela um lugar que me trouxe conforto em momentos de angústia. Talvez fosse simplesmente o desejo de prolongar nosso tempo juntos. O que eu não esperava era que aquele momento mudasse tudo.A estufa estava banhada por uma luz dourada do fim da tarde, e o cheiro de terra e flores frescas preenchia o ar. Sophie caminhava à minha frente, parando ocasionalmente para admirar as plantas. Havia algo encantador na maneira como ela tocava as folhas com cuidado, como se cada uma fosse preci
Collin BlackwoodO silêncio entre Sophie e eu era uma presença insuportável, preenchendo cada canto da casa com um peso que eu não sabia como aliviar. Desde que ela encontrou a carta, a distância entre nós crescia. Não era apenas uma questão de palavras não ditas; era a dor de saber que eu havia falhado em protegê-la de um pedaço do meu passado que não significava nada agora, mas que ainda tinha o poder de causar estragos no presente.Eu não poderia permitir que esse abismo crescesse. Não agora, quando Sophie estava carregando meu filho. Precisava encontrar uma forma de reconquistá-la, de mostrar a ela que meu amor era verdadeiro e inabalável.Naquela manhã, tomei uma decisão.– Milady – chamei, batendo suavemente na porta do quarto.Sophie estava sentada perto da janela, olhando para o horizonte. Seu perfil estava tranquilo, mas seus olhos não tinham o mesmo brilho de antes.– O que foi, Collin? – perguntou, sua voz neutra.Entrei, tentando não invadir seu espaço.– Quero te levar a
Collin BlackwoodA carta de Sophie estava sobre minha mesa, as palavras dela gravadas em minha mente como ferro em brasa. Ela estava certa. Esconder o passado foi um erro, mas era o único jeito que eu conhecia de proteger o que tínhamos. Agora, parecia que minha tentativa de protegê-la estava destruindo o que havíamos construído.Sentei-me à escrivaninha, os dedos tamborilando sobre o papel. Pensava em como responder, mas Sophie não queria palavras escritas; ela queria ações. Precisava de mim, de uma demonstração clara de que eu estava disposto a lutar por nós.E eu lutaria.Na manhã seguinte, enquanto ela ainda estava no quarto, mandei preparar os cavalos e chamei as irmãs dela para uma conversa no salão principal. Elas estavam intrigadas com meu pedido, mas seus rostos se iluminaram quando expliquei o plano.– Queremos ajudar – disse Samira, a mais entusiasmada.– É o mínimo que podemos fazer – acrescentou Aisha.As outras concordaram, seus olhares cheios de cumplicidade.– O que pr
Collin BlackwoodA viagem para o litoral havia sido um bálsamo, mas o retorno à nossa rotina trouxe de volta o peso das responsabilidades e, com elas, as incertezas que vinham assombrando nosso casamento. Sophie parecia mais leve, mas ainda havia algo nos olhos dela que me dizia que as coisas não estavam completamente resolvidas.Eu sabia que precisava continuar conquistando sua confiança, especialmente agora, com o bebê a caminho. A notícia da gravidez me trouxe uma alegria inesperada, mas também um senso de urgência. Eu queria que nosso filho nascesse em um lar sólido, onde Sophie se sentisse segura e amada.Naquela manhã, eu estava sentado no escritório, revisando algumas correspondências que precisavam de atenção. Entre os papéis, encontrei uma carta que não esperava. Era de um antigo colega de regimento, William Eastwood. Ele havia retornado à Inglaterra recentemente e estava interessado em me visitar.“Seria um prazer revê-lo, meu caro amigo,” a carta dizia. “Tenho lembranças da