[ Segunda-feira, oito de agosto ] Catherine estava de volta à empresa há menos de uma semana, porém já concluía todo o atraso de um mês nestes poucos dias. Os comerciais estavam em alta produção devido a estação propícia para filmagens. O inverno era lindo em agosto, com poucas nevascas e um céu mais limpo e radiante para se gravar. Comerciais de moda, aquecedores e cinema explodiam nesta época do ano. Tudo associado a ficar quentinho com alguém que se ama ou passar um tempo em família. As etapas iniciais eram sempre burocráticas e exigiam um cérebro expirado. O trabalho de produção não era apenas sobre planejar, juntar o pessoal e filmar, também se tratava solucionar problemas nas filmagens de forma criativa e de baixo custo. Quase sempre se começava pela criação do roteiro, planejamento do orçamento e em seguida a escolha do formato de vídeo. Então no menor prazo possível começava-se a preparação dos equipamentos para dar inicio a parte mais caótica e divertida: a produção.
Contando somente o necessário, Jonathan esclareceu a Celine sobre os comportamentos atuais de Catherine. Esta ouviu atentamente, chegando ao ponto de quase não acreditar por tudo que a colega de trabalho – antes muito sorridente e agora depressiva – passou. — Sempre achei que havia algo de errado com aquele professor. — Celine comentou, se lembrando de seus tempos de faculdade. — O conheceu? — Estudei na mesma faculdade da sua esposa, há cerca de três anos atrás. Me formei em marketing lá. Ouvi muitas alunas suspirando por ele nos corredores. — Felizmente ele não anda mais enganando ninguém por aí. Pagou com a vida pelas juventudes e ingenuidades que destruiu. — O CEO mencionava com a furia visível nas palavras e nos olhos. Esperando-o diminuir a chamas, Celine fez um último comentário antes de encerrar o assunto. — Compreendo, e daqui pra frente conte comigo para cuidar de Cat. — Obrigada Celine. — Ele agradeceu genuinamente e se levantou de sua mesa. Acompanhou a gerente d
| LegendaTPST: transtorno de estresse pós-traumático |[ Seis da tarde, mesmo dia ] — Sr. Cohen, ela vai ficar bem. — Então me explique o quão "bem" você acha que ela poderá estar! Por que tudo que eu enxergo é que você, Celine, falhou! — A voz exaltada de Jonathan repercutia no corredor do hospital. — Não, eu …— Jonathan! — Catherine estava de pé à porta de seu quarto, olhando-o furiosa. Se ele tivesse de gritar com alguém, que fosse com ela, pois ao final, foi sua própria teimosia que a levou a estar onde estava. Não iria permitir que seu marido saísse gritando com sua colega, como se ela tivesse culpa de algo. — Eu espero realmente que você esteja pronto para pedir desculpas a ela. — Mas Cat…— Sem "mas" Jonathan. Esse seu comportamento com os funcionários ainda vai trazer problemas, então peça desculpas a ela, porque você não tinha o direito de gritar com Celine. O maior ajeitou a gravata no pescoço e parecendo resistente em se curvar, pediu desculpas entre dentes. Celi
Indecisa sobre se havia intimidade o suficiente, Celine preferiu arriscar e ofereceu um abraço ao CEO. — Sei que agora tudo deve estar parecendo um filme de terror pra Cat e também pra você, mas eu acredito que se o bebê puxar a mãe, ele ou ela irá resistir. — Obrigada pelo apoio. — Jonathan agradeceu, sentindo-se melhor e querendo acreditar na força da esposa e do filho. Recomposto, ele lembrou-se novamente das crianças na escola e da família que os esperava para o jantar sem saber do estado de Catherine. — Celine, poderia me emprestar seu telefone? — Claro. — A gerente de marketing o entregou. Como o smartphone em mãos, sua cabeça ficou confusa por alguns segundos se perguntando a quem ligar. Ao seu pai nem pensar, o pobre velho poderia ter um ataque cardíaco caso ficasse alterado com a notícia. Aos seus irmãos mais novos também não, a última coisa de que precisava era dos comentários de Gabriela ou da lentidão de Gabriel. A mais apropriada era Lúcia, mas a velha senhora ti
| Legenda: ENCLOFOBIA, é o medo de multidões. |— Não querida, eu só tenho que ficar deitada, pra não fazer mal ao… — Ela fraquejou, repensava se deveria contar. Existia o risco de perderem o bebê, e se ela contasse não suportaria olhar para as meninas caso algo desse errado.— Para não doer meu estômago, acho que peguei uma gripe e me sinto meio tonta para ficar de pé. — Continuou, com a fraca mentira.— Então é por isso que vomitou no fim de semana passado, quando o vovô nos levou no restaurante? Catherine sabia não ser apenas a recente grávidez o motivo. Na verdade uma das psicólogas que a tratou depois do que houve entre ela e James Francco, já a tinha diagnosticado com uma possível enoclofobia. Bastava ter um pouco mais que dez pessoas ao seu redor para estar nervosa. A última semana de trabalho, tentando parecer bem na frente de sua equipe tinha sido um esforço gigantesco, talvez tanto estresse houvesse causado a quase perda do bebê e isso a fazia sentir-se angustiada.
— Pai, por que a mamãe escondeu da gente? — Ela não quis esconder de vocês, princesa. É que talvez o seu irmãozinho não consiga crescer e se isso acontecer, ela não quer que vocês fiquem tristes. — Jonathan explicou da melhor forma que pôde. — Então eu não vou contar que eu sei de tudo. — Agnês disse, pensando que assim Catherine não teria motivos para estar triste. — Essa é minha menina. — O pai a jogou no ar e a pegou nos braços. — Vamos descer agora? A filha assentiu sorridente com a brincadeira e ambos baixaram as escadas.[ Quinze dias depois ] — O saco gestacional parece bem. — A obstetra disse confirmando os resultados. — Então o bebê está fora de perigo? — Jonathan questionava. Ouvir que a criança nasceria saudável era a única frase que realmente poderia acalmá-lo. Seu medo não estava apenas em perder um filho, havia ainda Catherine naquela situação novamente. Não podia prever que ela suportaria. A falta de resposta para um problema sempre o fez se interessar muit
| Legenda: Mal de Parkinson/ doença de Parkinson é um distúrbio do sistema nervoso central que afeta o movimento, muitas vezes incluindo tremores. |[ Dia seguinte, churrasco na mansão Cohen ]— Ela é demais mãe. — Agnês disse chegando ao jardim da casa segurando na mão de Catherine. — É mesmo. — Cat teve de admitir. A organizadora só havia chego a uma hora e grande parte das coisas já estavam em andamento. O jardim estava em clima de festa mesmo sem que ninguém ainda houvesse chegado. — Olá, deve ser a Sra. Cohen? — A morena de aparentes quase dois e meio se apresenta surgindo repentinamente à frente de Catherine. — Apenas Cat, por favor. A organizadora assentiu, e continuou. — E então Cat? O que achou? — Você fez um milagre neste jardim… — Catherine ainda estava boquiaberta. — Tudo parece incrível. — Fico feliz em ouvir. — Kaya disse sorrindo gentilmente. — E esta deve ser a herdeira.— Sou Agnês. — A garota estendeu a mão. — Nossa, ela parece muito séria pra idade. —
— Com uma condição. Quero ser madrinha do pequeno. — Não sou religiosa, mas posso te considerar assim. — Catherine aceitou o acordo rindo. — Sabe, com tal de ter um bebê pra eu mimar faço qualquer coisa. — Kaya admitia. — Minha esposa e eu estamos tentando inseminação artificial e até agora não tivemos muita sorte. — Sinto muito por vocês. — Não, tudo bem, ainda não perdemos as esperanças.— Que bom ouvir isso. — Cat pegou na mão de Kaya, dessa vez ela lhe dando forças. — Espero que esse presente chegue logo pra vocês. — Eu também espero. — Kaya realmente desejava. [ três horas mais tarde ] O breu no quarto sugeria que Jonathan havia driblado a noite acordado e estava sem forças para participar do churrasco que ele mesmo tinha se entusiasmado para fazer. As cortinas da janela estavam tapando qualquer chance do sol entrar e para chegar a cama sem cair, Catherine teve de acender a lanterna do telefone. — Jona? — Cat chamou, próximo ao ouvido do esposo. Incomodado ele se reme