Foi uma difícil decisão para ele, mais foi o que fez, não agüentava mais ver a esposa infeliz, sofrendo. Na manhã seguinte, ele a levou para a casa de seu pai, à tarde chegaram a fazenda. Joaquim e Matilda se impressionaram e ficaram confusos, com a presença deles: - Fico feliz em vê-los, meus filhos. Mais aconteceu algo? - Não meu tio. Celina apenas quis vir passar uns dias aqui, ao seu lado, e ao lado da tia Matilda. - É muito bem vinda, minha sobrinha. Não sabe o quanto nos alegramos ao saber que agora tu podes ver. - Minha tia, sinto uma alegria imensa em enxergar, é uma dádiva de Deus, um milagre que ele me concedeu. - Minha filha, que felicidade! - Meu pai, não sabe o quanto me alegro em vê-lo pela primeira vez. O senhor se lembra, quando me dizia que tia Matilda era linda? - Sim, claro! - Saiba que hoje lhe dou toda a razão do mundo, minha tia é belíssima. - Obrigada Celina. Vejo algo diferente em ti, além de claro, seus olhos. O que há? - Celina está grávida, tia Ma
Diogo, sentia amargamente a falta da esposa, não via a hora de revê-la. Ele decidiu busca-la, imaginava que iria traze-la de volta. Chegando a fazenda, foi muito mal recebido por seu tio: - Como tu tens a audácia de aparecer, depois de tudo o que fez? - Não o compreendo, meu tio. - Já sei o quanto mal causou a minha filha. Sei o quanto a maltratou, a humilhou... - Meu tio, o senhor a de convir comigo, que sua filha mereceu boa parte do que lhe fiz. - Como ousa seu...insolente. É melhor que se retire imediatamente, antes que eu lhe parta a cara. - É compreensível que o senhor defenda sua filha, mais o senhor sabe o que ela me fez... - Ti ainda acreditas nas mentiras de tua mãe? - Tio, não insulte a memória de minha mãe. - Diogo, saia de minha casa, estou lhe dando uma ordem, não o quero mais perto de minha filha. - Meu tio, Celina é minha esposa. Não irei embora sem leva-la comigo. - Esta enganado, não vou permitir que se aproxime de minha filha. Neste momento, Celina desc
Ele estava indo em direção a fazenda do tio, no coche ele chorou lagrimas de arrependimento durante todo o trajeto. Ao chegar, ele avistou Celina ao longe, e se aproximou dela devagar, ela se assustou muito ao ver o marido: - Diogo??? O que faz aqui? Deixe-me em paz! Não irei contigo! - Celina...Perdoe-me, por favor preciso do seu perdão. - Como? - Eu soube a verdade, Daniel me contou...(Diogo se ajoelhou aos pés da esposa) - Levante-se Diogo, ti não me tocas com suas lagrimas de crocodilo! - Celina, me escute... - Eu só queria lavar minha honra, só queria que soubesse a verdade, que soubesse que jamais roubei as jóias de sua mãe. - Celina, eu fui um imbecil, a maltratei tanto... - Diogo, vá embora! Deixe-me, não quero mais vê-lo. - Não! Não me faças isso! - E o que fez a mim? Não conta? Tenho todo o direito de me separar de ti! - Não, eu morreria se isso acontecesse! - Não quero mais ouvir tolices! Joaquim, assim que viu Diogo no jardim, perto da filha, se apressou a i
Não passaram muitos dias em que Celina estava na fazenda de seu pai, quando todos foram surpreendidos pela visita de Diogo: - Diogo, o que fazes aqui? - Meu tio, eu quero estar ao lado de Celina, por isso eu vim. - Céus! Diogo, já lhe disse por várias vezes que a esqueça, ela jamais será sua novamente. - Meu tio, eu imploro, deixe-me ficar, preciso do perdão de Celina. - Mais Diogo, eu já lhe perdoei. - Eu sei Celina, no entanto ainda sente muita repulsa por mim, o que mais quero é...poder estar ao seu lado. - Meu sobrinho, ainda não percebestes, que tu e Celina estão separados? - Sim minha tia, já tomei consciência disto, porém eu nunca me conformarei! - Diogo, vá embora! E não volte, deixe que minha filha viva sua vida em paz! Já era noite, então Matilda resolveu intervir por seu sobrinho juntamente a seu marido, pedindo-lhe que permitisse que o rapaz ali ficasse aquela noite, pois já era quase madrugada. Joaquim, como nunca se negava a atender os pedidos da esposa, o perm
A viúva vestiu luto, nos dias posteriores, a escuridão de suas vestes refletiam-se no seu semblante e no fundo de seu coração, a tristeza profunda de Celina, fora percebida por todos os que estavam ao seu redor, no enterro do marido. Joaquim e Matilda estavam muito preocupados com a jovem, que não parava de chorar, Marina lamentava ao lado de seu marido e de seu filho, a terrível sorte da irmã, Julio César e sua esposa davam seus devidos respeitos ao pesar de Celina, eles estavam pasmos mediante a todos os acontecidos, João Manoel não saia de perto da irmã, sua preocupação com sua saúde era intensa, Celina estava nos dias de ganhar o bebê, por isso o rapaz se via apreensivo a tudo, queria evitar-lhe o sofrimento, mas isso seria impossível. Daniel não poderia deixar de estar ao lado da amada, apoiando-a nesse momento tão difícil. Em meio a tanto sofrimento, os dias foram se passando. Dias depois, Celina teve o bebê, uma linda menina que tinha os olhos verde esmeralda, como os da mãe
Uma epidemia se alastrou pela região, as senzalas da região foram atingidas em sua maioria, vários escravos estavam febris, debilitados de cama, João Manoel estava apreensivo, tinha muito trabalho por aqueles dias, lutava a todo custo para salvar a vida daqueles escravos, por sorte, na fazenda de Celina, a epidemia não se alastrou. O jovem médico, levantava-se logo ao raiar do dia, só voltava a luz da lua, durante todo o dia, ele visitava varias fazendas, medicando os escravos. Naquele dia, os primeiros raios de sol, acordou a todos, os escravos trabalhavam nas lavouras de café, Celina cuidava de vários assuntos, parecia um dia normal, como outro. Em tempos vagos, Celina aproveitava para ficar ao lado da filhinha brincando com ela. Celina, ao deparar-se com a filha, que tomava um banho de sol na varanda, percebeu que Ana, estava pálida, a moça parecia decaída, olheiras se mostravam em seus olhos, num abrir e fechar d’olhos de Celina, Ana desfaleceu, Celina bradou por ajuda, um escra
João Manoel, era sempre muito atencioso para com Ana, ela sempre muito tímida e retraída, o rapaz lhe fazia gestos de carinho, às vezes lhe trazia presentes da cidade, como chapéus, lenços e até mesmo vestidos, Ana sempre recusava todos eles, porém João Manoel insistia muito até faze-la aceitar. :- Senhor João Manoel, eu não devo aceitar seus presentes. - Por que motivo? - Sou uma escrava! Escravas não devem ser presenteadas por seus senhores. - Não me considere como seu senhor, considere-me como um amigo, ao menos um amigo. - Desculpe-me, mais não posso considera-lo assim, o senhor é um fidalgo, eu uma escrava, somos diferentes ao extremo. - Não vejo diferença alguma entre nós. - Isso se dá pelo senhor ser um abolicionista, por isso considera tanto os escravos. - Não é uma escrava qualquer, até sua educação é diferenciada, parece-me até uma moça de boa família. - Não caçoe de mim senhor! Se, sou educada, devo isso a Dona Rosana, fui criada nessa fazenda desde que nasci, e el
O rapaz, surpreendeu a todos, inclusive a própria Ana, marcando a data do casamento para dois meses depois, chamou os pais com urgência, a fim de confessar-lhes suas intenções. Os pais do rapaz, ao saber de suas intenções, muito se surpreenderam, e reconheceram nele uma grande mudança, quase que uma transformação, ele, que sempre fora tão preconceituoso com relação a escravos, agora se dizia apaixonado por uma escrava. Matilda não se opôs, Joaquim porém, a principio descordou muito, sua vontade, era a de ver o filho casado com uma moça da alta sociedade, na verdade tinha a intenção de apresentar o filho a uma senhorita, filha de um bom amigo seu de longa data, porém aos poucos fora convencido por Matilda, afinal Joaquim, sempre se rendia aos encantos da esposa, jamais descordava dela. O que mais o convenceu, foi ao observar as atitudes do filho, que tratava a escrava com tanto zelo, Joaquim percebeu o amor do filho por ela, e isso dobrou sua vontade, o pai amoroso cedeu as vontades