A viúva vestiu luto, nos dias posteriores, a escuridão de suas vestes refletiam-se no seu semblante e no fundo de seu coração, a tristeza profunda de Celina, fora percebida por todos os que estavam ao seu redor, no enterro do marido. Joaquim e Matilda estavam muito preocupados com a jovem, que não parava de chorar, Marina lamentava ao lado de seu marido e de seu filho, a terrível sorte da irmã, Julio César e sua esposa davam seus devidos respeitos ao pesar de Celina, eles estavam pasmos mediante a todos os acontecidos, João Manoel não saia de perto da irmã, sua preocupação com sua saúde era intensa, Celina estava nos dias de ganhar o bebê, por isso o rapaz se via apreensivo a tudo, queria evitar-lhe o sofrimento, mas isso seria impossível. Daniel não poderia deixar de estar ao lado da amada, apoiando-a nesse momento tão difícil. Em meio a tanto sofrimento, os dias foram se passando. Dias depois, Celina teve o bebê, uma linda menina que tinha os olhos verde esmeralda, como os da mãe
Uma epidemia se alastrou pela região, as senzalas da região foram atingidas em sua maioria, vários escravos estavam febris, debilitados de cama, João Manoel estava apreensivo, tinha muito trabalho por aqueles dias, lutava a todo custo para salvar a vida daqueles escravos, por sorte, na fazenda de Celina, a epidemia não se alastrou. O jovem médico, levantava-se logo ao raiar do dia, só voltava a luz da lua, durante todo o dia, ele visitava varias fazendas, medicando os escravos. Naquele dia, os primeiros raios de sol, acordou a todos, os escravos trabalhavam nas lavouras de café, Celina cuidava de vários assuntos, parecia um dia normal, como outro. Em tempos vagos, Celina aproveitava para ficar ao lado da filhinha brincando com ela. Celina, ao deparar-se com a filha, que tomava um banho de sol na varanda, percebeu que Ana, estava pálida, a moça parecia decaída, olheiras se mostravam em seus olhos, num abrir e fechar d’olhos de Celina, Ana desfaleceu, Celina bradou por ajuda, um escra
João Manoel, era sempre muito atencioso para com Ana, ela sempre muito tímida e retraída, o rapaz lhe fazia gestos de carinho, às vezes lhe trazia presentes da cidade, como chapéus, lenços e até mesmo vestidos, Ana sempre recusava todos eles, porém João Manoel insistia muito até faze-la aceitar. :- Senhor João Manoel, eu não devo aceitar seus presentes. - Por que motivo? - Sou uma escrava! Escravas não devem ser presenteadas por seus senhores. - Não me considere como seu senhor, considere-me como um amigo, ao menos um amigo. - Desculpe-me, mais não posso considera-lo assim, o senhor é um fidalgo, eu uma escrava, somos diferentes ao extremo. - Não vejo diferença alguma entre nós. - Isso se dá pelo senhor ser um abolicionista, por isso considera tanto os escravos. - Não é uma escrava qualquer, até sua educação é diferenciada, parece-me até uma moça de boa família. - Não caçoe de mim senhor! Se, sou educada, devo isso a Dona Rosana, fui criada nessa fazenda desde que nasci, e el
O rapaz, surpreendeu a todos, inclusive a própria Ana, marcando a data do casamento para dois meses depois, chamou os pais com urgência, a fim de confessar-lhes suas intenções. Os pais do rapaz, ao saber de suas intenções, muito se surpreenderam, e reconheceram nele uma grande mudança, quase que uma transformação, ele, que sempre fora tão preconceituoso com relação a escravos, agora se dizia apaixonado por uma escrava. Matilda não se opôs, Joaquim porém, a principio descordou muito, sua vontade, era a de ver o filho casado com uma moça da alta sociedade, na verdade tinha a intenção de apresentar o filho a uma senhorita, filha de um bom amigo seu de longa data, porém aos poucos fora convencido por Matilda, afinal Joaquim, sempre se rendia aos encantos da esposa, jamais descordava dela. O que mais o convenceu, foi ao observar as atitudes do filho, que tratava a escrava com tanto zelo, Joaquim percebeu o amor do filho por ela, e isso dobrou sua vontade, o pai amoroso cedeu as vontades
Daniel, mesmo com muita resistência por parte da amada, continuava a visitá-la, seu amor era tão grande, que ele jamais desistiria de Celina. Ele nunca falava de amor com ela, falava da vida, oferecia sua amizade, visava conquista-la pouco a pouco. A pequena Maria Euvira, adorava brincar com Daniel, ele sentia pela criança um carinho de pai, o que mais queria, era que Celina aceitasse se casar com ele. Nos muitos passeios que faziam pela fazenda, Daniel a admirava tanto a ponto da própria Celina perceber, e por isso se afastava de seus olhos. Celina era muito galanteada, e cobiçada por muitos homens, que lhe mandavam jóias, cartas de amor, o que enfurecia muito a Daniel. Ela não se importava com tais presentes, não se interessava pelo amor, nem sequer dava qualquer esperança ao pobre Daniel. Ao ver os dias passando-se, Daniel se angustiava, ele queria ter Celina ao seu lado, não suportava sua ausência, queria estar ao lado da amada a todo o momento, até que ele se encorajou suficie
A grande alegria deu-se ao receberem uma carta, onde Julio César comunicava a todos o nascimento de seu filho, Aurora ganhou um lindo menino, que chamou de Bruno Germano, Bruno, homenageando o sogro, e Germano, em homenagem a seu avô, pai de sua mãe Matilda. Os avós, assim que souberam da noticia, viajaram para onde residia o filho, a fim de conhecerem o neto. Marina e Rafael, também visitaram o sobrinho recém nascido. João Manoel, decidiu partir também com a esposa e a irmã, para conhecer o novo membro da família. A família novamente se reunia, por momento de intensa alegria. João aproveitando a presença de Marina, conversou com ela, contando-lhe sobre Daniel, Marina que há muito tempo percebera que Celina se interessava pelo rapaz, decidiu conversar com a irmã: - Celina, preciso lhe falar. - O que queres dizer-me, minha irmã querida? - O que estais fazendo contigo? - O que queres dizer? - Eis tão bonita, tão nova, por que não se deixa envolver pelo amor? - Não! Tudo isso pa
João, procurou não se demorar na casa do irmão, estava preocupado com a esposa, que logo daria a luz, por isso queria viajar logo, para que não causasse danos a esposa. Assim despediu-se de todos, e partiu com a esposa, e a irmã, a sogra havia ficado na fazenda, cuidando da pequena Maria Euvira. Celina se alegrou com a partida, ela estava ansiosa por ver a filha. No caminho, para a fazenda, Ana começou a se sentir mal, suava frio, sentia contrações, tudo indicava que teria o bebê a qualquer instante.A estrada era esburacada, o caminho era longo, e o pior, chovia muito, a cada instante Ana piorava, ela não mais suportava as dores, era chegada á sua hora. João Manoel, se afligiu muito, as condições não eram nada favoráveis para que ele realiza-se o parto, corria-se muito risco, porém não havia escolha, Celina procurava acalmar a todo o custo a cunhada, que sentia tantas dores que chegava a gritar. João Manoel decidiu parar o coche, deixou a esposa por um momento aos cuidados da irmã
Dias depois, tudo parecia se acalmar. Menos no coração de Celina, que batia aflito, sentindo uma falta imensa de Daniel, ele que seguia os conselhos do amigo João Manoel, e não mais vinha a fazenda, causara em Celina uma saudade insuportável, justamente o que pretendia com tal atitude. A moça, decidiu que iria em busca de seu amor, vencendo seu medo, suas frustrações, e acreditando que poderia encontrar a felicidade. Daniel estava hospedado em um hotel não muito longe da fazenda da jovem viúva, Celina tomou uma atitude, levantou-se bem cedo naquele dia, que para ela seria o inicio de uma nova história, a sua história, cuidou da filha, a banhou com carinho, saiu com o cocheiro em direção a hotel onde Daniel estava hospedado, não sem antes passar uma serie de recomendações às escravas, em relação aos cuidados com a pequena Maria Euvira. A caminho do hotel, Celina era admirada por muitos, que com o passar de seu coche pela cidade, a observavam e pareciam hipnotizados pela beleza da j